Gestão

A mesma língua

de Gustavo Gomes de Matos em 12 de setembro de 2014
Comunicação organizacional / Crédito: Getty Images
Crédito: Getty Images

A abertura para a comunicação e o diálogo é um dos principais segredos para a concretização de relacionamentos produtivos e duradouros. Dessa conectividade resulta a formação de equipes, a superação de problemas, a conquista de metas e o vislumbrar de novas oportunidades e inovações.
O bom relacionamento é determinado pela capacidade de interagir e conviver com diferentes padrões de cultura, pensamento e comportamento. Logo, se nos comunicamos melhor, nossos relacionamentos e capacidade de entendimento interpessoal serão bem melhores. E, certamente, serão bem melhores os negócios e o desenvolvimento profissional.

O ambiente de trabalho favorável ao convívio, criado a partir das relações humanas, favorece atitudes de colaboração e cooperação, o oposto do efeito de ambientes opressores e fechados, que estimulam a competição predatória, os conflitos destrutivos e a improdutividade.

Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui facilmente em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem que têm possibilidades de dar e receber feedback positivo. Dessa forma, com certeza, o grupo sairá ganhando, todos se sentirão respeitados, considerados e motivados para buscar os melhores resultados em suas atividades.

Comunicação é cultura
Muitas empresas investem pesadamente em canais para melhorar a comunicação interna. No entanto, os resultados não aparecem e surge a pergunta: onde estamos errando? A resposta está na ausência do ouvir, na fraqueza dos relacionamentos entre as lideranças e suas equipes ou mesmo na carência do exercício básico da troca de ideias.

Destrave o diálogo
Dicas para simplificar e não complicar a comunicação

* Aja com naturalidade, espontaneidade, sinceridade e respeito aos valores humanos;
* Busque sempre clareza, objetividade e simplicidade na comunicação;
* Expresse suas opiniões sem querer impô-las como verdade máxima e irrefutável;
* Procure sempre dar uma resposta a quem lhe transmitiu alguma mensagem (a falta de feedback é um dos mais graves e habituais problemas da comunicação);
* Busque o equilíbrio entre razão e emoção ao falar;
* Foque suas críticas nos problemas e não nas pessoas;
* Escute verdadeiramente o que os outros têm a dizer;
* Não perca tempo com julgamentos pré-formulados e opiniões precipitadas;
* Compreenda a perspectiva dos outros, colocando-se no lugar do seu interlocutor;
* Substitua a competição e a rivalidade pela cooperação e compreensão;
* Fale amavelmente com as pessoas, procurando chamá-las pelo nome;
* Tenha consciência de que a maior parte da comunicação acontece pelas vias não verbais: nossas atitudes, comportamentos, gestos, expressões do rosto e sinais corporais;
* Fique atento para o efeito das suas palavras nas emoções e sentimentos dos seus interlocutores.

A falta do diálogo, de abertura à conversação e à troca de ideias, opiniões, impressões e sentimentos, são, sem dúvida alguma, o grande problema que prejudica o funcionamento de organizações. A comunicação corporativa é um processo diretamente ligado à cultura da empresa, ou seja, aos valores e ao comportamento e atitudes das suas lideranças e às crenças dos seus colaboradores.

Não adianta a empresa importar modelos de controle de qualidade e sistemas de tecnologia da informação se internamente não existe um ambiente de abertura para a conversação e a troca de opiniões. Uma coisa é certa, a má comunicação só traz complicação e prejuízo para as empresas. As estatísticas podem ser conferidas pelo número de falências de empresas que não souberam superar um contexto de crise econômica, devido à inabilidade em negociar, conversar, ou melhor, ouvir os seus clientes, fornecedores e funcionários.

De nada adianta, também, possuir jornal dos funcionários, rádio ou TV corporativa, programas de debates e reflexão, se as lideranças da empresa não se entendem e não se respeitam. Consolidando a cultura da comunicação e de abertura para a troca de ideias e opiniões, conseguimos simplificar e solucionar praticamente todos os problemas organizacionais, que na maioria das vezes estão ligados à desvalorização do relacionamento humano.

Conflitos, brigas e disputas internas, entre diretores, gerentes e funcionários, são consequências muito comuns e constantes nas empresas que desconsideram a importância do diálogo. São aquelas que costumam valorizar mais os instrumentos e veículos de comunicação do que a sua própria essência: o saber ouvir e dialogar.

A consolidação da cultura do diálogo e da abertura para a comunicação, tanto no âmbito empresarial quanto no pessoal, depende da disposição, ao mesmo tempo íntima e coletiva, para a interação de ideias e sentimentos, que transitam no ambiente externo e interno da empresa, e, ainda, no interior de cada indivíduo.

Fechado para reforma
Um caso para refletir sobre a necessidade (e a arte) da boa comunicação

O dono de uma tradicional churrascaria, voltada para o público de classe média, que emprega 25 pessoas, entre cozinheiros, copeiros e garçons, resolve transformá-la em um restaurante fast-food de comida por quilo. Os funcionários ficaram sabendo no dia em que chegaram para trabalhar e encontraram o estabelecimento fechado “por motivo de reformas para a maior satisfação de nossos clientes”. Após tensa conversa com o patrão – pessoa de temperamento arrogante e atitude impaciente –, eles tomaram conhecimento da dispensa imediata de 10 colegas, e, ainda, das grandes mudanças que teriam de fazer para exercerem suas novas atribuições. A reinauguração do restaurante foi marcada pela acentuada queda de sua antiga clientela, pela desmotivação e apatia dos funcionários e pelas vultosas ações trabalhistas movidas pelos sindicatos dos seus ex-funcionários.

Proposta para discussão em equipe
* Podemos interpretar a situação crítica narrada acima como decorrente da falta de comunicação e diálogo?
* Quais atitudes e procedimentos do dono da churrascaria poderiam favorecer o engajamento dos funcionários e a receptividade da clientela ao processo de mudanças?
* Quais medidas e estratégias de gestão de pessoas poderiam ser adotadas para atenuar o impacto de mudanças tão drásticas?

 

 

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