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A nova inteligência

de Eugenio Mussak em 11 de maio de 2016
Eugenio Mussak é professor da FIA, consultor e autor / Crédito: Divulgação ambiçao

PONTO DE PARTIDA | Edição 342

Estamos em plena era dos que criam o abstrato e lhe dão a concretude desejável

Eugenio Mussak / Crédito: Divulgação
Eugenio Mussak é professor da FIA, consultor e autor / Crédito: Divulgação

Desde que o psicólogo Howard Gardner criou o conceito das Inteligências Múltiplas não paramos mais de criar novas definições para inteligência. Antigamente, o inteligente era o que fazia contas de cabeça, ou o que tinha boa memória, e até o que tinha ideias criativas. Atualmente esse conceito foi relativizado e ampliado.

Uma das definições de que mais gosto diz: “Inteligência é a capacidade de converter fenômenos abstratos”. Beleza, mas… o que mesmo isso quer dizer?

Então, vejamos. Primeiro é necessário entender o que é um fenômeno abstrato, e depois saber no que é que ele tem de se transformar. No fundo, é simples: abstrato é o que não é concreto, e concreto é tudo o tem matéria, ocupa lugar no espaço, que pode ser medido e pesado, e que pode ser percebido pelos órgãos dos sentidos. O concreto eu posso ver, tocar, agarrar. O abstrato não, mas, cuidado… isso não significa que não exista.

É nisso que reside a maravilha desse conceito. Uma ideia é abstrata, e a inteligência vai se manifestar exatamente na capacidade de converter a ideia em algo real. O abstrato no concreto. O pensamento em ação. A visão na prática. O sonho em realidade.

Observe um pouco ao seu redor e pense. Você está em sua empresa ou na empresa em que trabalha? Está em uma casa, um prédio, quem sabe dentro de um avião? Você está lendo este artigo na revista ou talvez na internet? Pois bem, todas essas coisas, a empresa, a casa, o avião, a revista, o computador, são reais, físicas, podem ser percebidas facilmente pelos órgãos dos sentidos, têm massa e volume, ocupam lugar no espaço. São concretas, portanto.

Mas, lembre-se, todas essas coisas, antes de serem concretas, foram abstratas. Houve época em que o computador não passava de uma ideia, a casa não era mais que um projeto e a empresa ainda estava no mundo dos sonhos. Demoraram um pouco para virem para o mundo físico. Entretanto, não podemos dizer que não existiam. Existiam, só que eram abstratas.

Então é assim: o abstrato precede o concreto, desde que este depende da mão do homem para existir. Não há concretude que tenha tido geração espontânea, a não ser o que pertence à Natureza. Uma pedra não dependeu do homem para existir, mas o celular que está em seu bolso sim. A concretude da pedra é natural, a do telefone é artificial, foi produto da engenhosidade e do labor humanos.

Em um mundo recheado de produtos, serviços, marcas, novidades diárias, parece que está cada vez mais difícil ser original, ter ideias novas, usar a criatividade para ser diferente, desenvolver uma vantagem competitiva. Entretanto, é imperativo que todos nós, profissionais e empresas, de alguma forma estejamos nos reinventando, evoluindo, criando o novo a partir do velho ou a partir do nada. Estamos em plena era dos talentos, dos que sonham sonhos possíveis, apostam no inédito viável, dos que criam o abstrato e lhe dão a concretude desejável. O mundo é dos inteligentes, sim, dos novos inteligentes.

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