Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nova pesquisa que reforça o apagão de mão de obra. O levantamento mostra que 62% das indústrias de transformação ouvidas afirmam ter dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados para cargos gerenciais. O dado pode indicar, então, que o mercado de R&S anda aquecido, com uma demanda nunca vista neste país – para usar uma expressão bem conhecida dos brasileiros. Alguns dados confirmam isso.
No primeiro trimestre de 2011, por exemplo, o Grupo Selpe Recursos Humanos, empresa de consultoria em recrutamento e seleção, teve aumento de 30% na demanda por vagas de processos seletivos gerenciais em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Dentre as vagas existentes, as maiores demandas foram para a indústria automotiva, mineração, construção civil e serviços. Ao longo deste ano, o grupo espera ampliar ainda mais os números atuais, conforme adianta Hegel Botinha, diretor da consultoria.
No setor de agronegócio, a demanda por executivos cresceu 20% de janeiro a março deste ano ante o mesmo período em 2010. A constatação é da Abrahams Executive Search, consultoria especializada em recrutamento para esse setor. “Para nós, esse aquecimento na busca por executivos para o agro fez com que o ano de 2011 começasse já em dezembro passado, com a busca de profissionais para cargos de destaque em plena véspera de Natal”, afirma Jeffrey Abrahams, fundador da consultoria e diretor para América Latina da Agilium Worldwilde – rede de consultores de executive search presente em mais de 30 países. “A área de marketing e vendas nos setores de defensivos agrícolas foi uma das mais demandadas”, observa.
A boa fase por que passa a economia brasileira tem atraído a atenção das empresas globais de recrutamento, que estão apostando no mercado aquecido e na grande demanda por profissionais qualificados. Prova disso é que o Brasil ganhou destaque no Hays Journal , publicação internacional lançada pela Hays Recruiting Experts Worldwide, consultoria de origem britânica com foco no recrutamento para média e alta gerência. O artigo Big in Brazil traz o cenário das oportunidades no país, destacando o aquecimento na oferta de vagas, e lança dúvidas se será possível supri-las internamente.
Para mapear os principais aspectos do mercado de trabalho brasileiro, a Robert Half, consultoria em recrutamento especializado, desenvolveu uma pesquisa exclusiva sobre as previsões de contratações, expectativas sobre os negócios e características dos processos seletivos para 2011. O levantamento foi realizado com 500 executivos brasileiros entre presidentes, diretores, gerentes, coordenadores, analistas e especialistas. Do total, 75% dos profissionais consultados têm participação nos processos de contratação de suas empresas e 61% atuam em companhias multinacionais. O estudo revela que 80% dos executivos entrevistados acreditam que 2011 será melhor para os negócios do que o anterior. Para 89%, as empresas em que atuam crescerão fortemente neste ano.
A boa perspectiva de negócios faz com que muitos profissionais vislumbrem novas oportunidades de trabalho. Mais de 45% dos participantes da pesquisa pretendem mudar de emprego em 2011. “O número é bastante expressivo e revela que o mercado aquecido tem gerado inúmeras oportunidades para os profissionais qualificados. Também sinaliza a importância do desenvolvimento de projetos de retenção de talentos pelas empresas”, afirma Ricardo Bevilaqua, diretor da Robert Half para a América Latina. A seguir, confira mais dados da pesquisa da Robert Half:
Contratações
O otimismo dos executivos também vem à tona sobre expectativa de contratação de suas empresas. De acordo com o levantamento, 71% dos profissionais esperam que as companhias em que trabalham contratem ainda no primeiro semestre. Para 40% dos entrevistados, as contratações serão motivadas pelo crescimento ou expansão dos negócios. “O Brasil é alvo para investimentos internacionais seja para expansão, seja para iniciar a operação no país. Além disso, as empresas nacionais estão em crescimento e planos engavetados durante a crise voltam a ser executados”, ressalta Bevilacqua. O bom momento, no entanto, deverá provocar uma relação desproporcional entre a quantidade de ofertas de emprego versus a quantidade de profissionais qualificados disponíveis. Para 60% dos executivos a contratação de profissionais qualificados será um problema em 2011.
Processos seletivos
A concorrência na busca por funcionários qualificados exige cada vez mais que os processos seletivos sejam mais eficientes e rápidos. De acordo com a pesquisa, para 77% dos entrevistados os processos seletivos de suas empresas são realizados em até dois meses, sendo que 25% deles são concluídos em três ou quatro semanas. A pesquisa revela ainda que 77% dos entrevistados participaram pelo menos de um processo seletivo nos últimos seis meses. No extremo oposto, participaram de cinco ou mais processos seletivos no período 14% dos participantes. Não passaram por nenhuma entrevista de emprego apenas 24%. Outra constatação do estudo é de que o mercado brasileiro de recrutamento já incorporou as novas mídias no dia a dia do processo seletivo. Antes de contratar, 40% dos executivos revelam consultar perfis dos candidatos nas redes sociais.
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