O algoritmo do futuro

de Redação em 9 de janeiro de 2017

Se pensar no futuro do trabalho é pensar no personagem de George Jetson pilotando seu “carro voador” para cumprir seu expediente (de uma hora por dia em dois dias por semana) na Spacely Space Sprockets, do irritadiço Cosmo Spacely, esqueça. Pelo menos com certeza a parte do “carro voador”… Com o avanço da tecnologia, muita coisa ainda pode surgir para ajudar a área de recursos humanos, de acordo com especialistas de empresas que fornecem soluções tecnológicas para gestão de pessoas. Confira:

Crowdsourcing
murilo-cavellucciNo meu ponto de vista, o uso de tecnologia aplicada a RH ainda é muito baixo. Vejo alguns avanços no que diz respeito a sistemas que apoiam os processos internos da área e também em plataformas que melhoram a interação do RH com os colaboradores (como se comunica com as pessoas, como disponibiliza alguns serviços, entre outros).
Entretanto, o maior potencial para mudar o paradigma da atuação do RH, por meio da utilização intensiva de tecnologia, está no campo da definição das estratégias da área. Utilizar tecnologias como inteligência artificial, Big Data, crowdsourcing, entre outras, a serviço da atração, retenção e desenvolvimento do capital humano das organizações alavancaria fortemente a importância estratégica da área de recursos humanos. Acredito que essa é a próxima fronteira tecnológica para o RH, e que a evolução dos próximos anos está nessa direção.
Murilo Cavellucci, diretor de gente e gestão da Catho

Robotização
Diversas pesquisas apontam o futuro da tecnologia para utilização de robotização, inovadoras formas de transporte e comunicação, cientistas trabalhando para prolongar a vida humana com órgãos sendo criados em laboratório, realidade virtual entre outras, todas com o objetivo de facilitar e simplificar ao máximo a vida do ser humano.
Pensamos que, em RH, a questão da evolução tecnológica vai para o mesmo caminho. Robotização de atividades e utilização de Big Data para tomada de decisão estratégica na gestão de pessoas. Alto desempenho e decisões assertivas devem ser motivadas por informações que ficam disponíveis intuitivamente. Acreditamos em aplicação de conceitos de inteligência artificial, concentrando investimentos em soluções de tecnologia que possam atender a geração que já nasceu “clicando”, que valoriza automação e que quer informações chegando sem ter de pedir, compartilhando conhecimentos globalmente.
Manoel JosÉ da Rocha, vice-presidente da Apdata

Realidade virtual
marcelo-cosentinoA tecnologia será cada vez mais transparente, flexível e onipresente – mesmo que não queiramos. O ditado “as paredes têm ouvidos” já está sendo atualizado hoje em dia para “as coisas têm ouvidos (e olhos e sensores etc.)” via internet das coisas (do inglês internet of things, IoT). Mas também será inteligente! O volume de informações que teremos disponível será cada vez maior e para dar conta de separar o joio do trigo teremos a inteligência artificial nos ajudando a filtrar e a dar sentido à massa de dados (união do analytics com a inteligência artificial). Isso impactará cada vez mais todas as áreas e o RH não será exceção, seja filtrando currículos e resultados de testes psicológicos e avaliando sua adequação ao contexto da empresa e de suas equipes, seja avaliando o desempenho de um colaborador e sugerindo ações de desenvolvimento. Dentro da capacitação há muito campo para a utilização de realidade virtual e realidade aumentada que permitem ao usuário interagir, em tempo real, com um ambiente tridimensional gerado por computador por meio de dispositivos multissensoriais conferindo uma melhor experiência ao usuário e assim melhorando a produtividade do aprendizado.
Marcelo Cosentino, vice-presidente do segmento de Services da Totvs

Gamificação
Acredito que em 20 anos muitas das empresas talvez tenham aderido a modelos democráticos e descentralizados de gestão, com empoderamento das equipes, além de uma redução significativa nos níveis hierárquicos. A holocracia poderá ser uma realidade e estaremos em um mundo baseado em metas e autonomia. Nesse sentido, a tecnologia terá um papel fundamental. As questões operacionais do RH deverão estar 100% automatizadas, utilizando inteligência artificial. Se o governo conseguir automatizar a sua parte e simplificar as regras trabalhistas, provavelmente o cargo de analista de RH como o conhecemos hoje deve desaparecer. O RH estratégico, voltado principalmente à formação de lideranças e apoio à gestão de pessoas, também poderá estar com os seus dias contados no momento em que a tecnologia também der suporte às práticas de gestão colaborativa, às métricas e ao engajamento, por meio da gamificação. Assim, os colaboradores de qualquer empresa terão um aparato tecnológico com inteligência embarcada que substituirá a figura do RH na empresa como um todo.
Gustavo Casarotto, diretor de produto e inovação da Metadados

Fim do trabalho operacional
Felipe-Waltrick-(web)Em 2036, máquinas inteligentes, capazes de processar grande volume de dados, que hoje chamamos de Big Data, serão responsáveis por todas as atividades operacionais e de processos. Atualmente, já existem sistemas que identificam, em poucos dias, problemas como absenteísmo; no futuro, as máquinas serão capazes, inclusive, de propor estratégias para situações complexas. Com o fim do trabalho operacional, o profissional de RH estará 100% focado no desenvolvimento das pessoas. Atividades lúdicas, como música e artes, farão parte do trabalho. Em meados de 1940, Isaac Asimov já previu a existência de uma máquina com essas características. Felipe Waltrick, diretor de tecnologia da iFractal

Computação cognitiva
ricardo-kremerAcreditamos que o futuro converge para o RH digital, no qual o uso das novas tecnologias visa entregar uma experiência diferenciada aos colaboradores, como é o caso da computação cognitiva e design thinking. A computação cognitiva baseia-se no conceito de inteligência artificial, ou seja, na capacidade de as máquinas processarem informações e aprenderem com elas – assim como acontece com o cérebro humano. O que, na prática, tende a trazer importantes inovações para empresas e usuários. Os chatbots podem ser importantes aliados para atender o público externo. Dessa forma, as soluções serão cada vez mais inteligentes e visam ajudar as empresas a serem cada vez mais competitivas.  Já no caso do design thinking, essa metodologia implantada na empresa como um todo pode trazer significativas melhoras na produtividade, retenção de talentos, comunicação interna e clima organizacional. Com a ajuda da tecnologia, será possível prever determinados comportamentos e melhorar, significativamente, indicadores traçados. Enfim, vale ressaltar que as novas tecnologias visam ajudar a área de RH a melhorar processos e oferecer experiências positivas.
Ricardo Kremer, gerente de produtos da Senior

Workforce sciences
noel-portugalDada a evolução das relações indivíduo/empresa no contexto de uma transformação que migra do “fazer parte” para o “ser parte”, algumas tecnologias deverão ser primordiais para apoiar as novas demandas do novo RH. Por exemplo, nos processos de seleção, integrados às redes sociais, as atividades de escolha de um candidato deverão contar com análises preditivas realizadas por softwares de avaliação de personalidade cada vez mais calibrados para atender perfis específicos em conjunto com softwares baseados em algoritmos de inteligência e armazenamento de informações internas e externas à empresa, algo parecido com Big Data, mas com forte suporte de uma nova ciência que ainda engatinha (workforce science) e que provê disciplinas e métodos para identificar e medir o capital humano com um viés para a performance do negócio. Outra tecnologia será capaz de coletar diversas informações sobre cada indivíduo e seus times para que sejam analisadas e posteriormente possam ser compartilhadas com os próprios profissionais e times. Caberá ao RH dar suporte para que os indivíduos e times se tornem cada vez mais performáticos, sustentáveis e felizes, habilitando novas ferramentas e configurando as atuais para este objetivo.
Noel Portugal, diretor do Compleo ATS

Nada será como antes, amanhã…
Se recuarmos para 1999, a atividade de recrutamento e seleção dependia de anúncios em jornal, currículos impressos enviados pelo correio, triagens manuais, testes presenciais, arquivos em papel etc. A tecnologia fez a sua parte, e já não se contrata mais como no século passado. Mas ela evolui exponencialmente, e não é preciso ser um futurólogo para prever que dentro de 20 anos nada será como antes. Profissionais de RH e candidatos contarão com a ajuda de sistemas inteligentes, que aprendem continuamente, baseados em massas de dados internos e externos, para contratar e serem contratados cada vez mais rápido e melhor – levando em conta muito mais do que competências técnicas.
Mario Kaphan, sócio-fundador da Vagas.com

Bitcoin e blockchain
paulo-iudicibusTentarei focar algumas grandes tendências que começam a se demonstrar hoje, como: a computação em nuvem; a internet das coisas; a machine learning e a inteligência artificial (que rodam na nuvem); o Big Data e analytics; a realidade virtual, a realidade aumentada e os jogos; a robótica; o bitcoin/blockchain (tecnologias que garantem pagamentos, empréstimos e transferências internacionais de ativos digitais como arquivos, músicas ou dinheiro digital de forma segura sem intermediários); etc. Como daqui a 20, 50 ou 100 anos continuaremos a ser humanos e devemos continuar a trabalhar em equipes, nossos grandes desafios continuam sendo encontrar as melhores pessoas; capacitar as pessoas; engajar as pessoas. O que deve mudar ao longo dos anos é a forma como isso é feito. As tecnologias permitirão um número incalculável de cenários que com certeza vão melhorar nossa habilidade para entender e tratar melhor nossos ativos mais preciosos: as pessoas.
Paulo Iudicibus, presidente da LG Lugar de Gente

Integração maior
O que podemos avaliar e prever são alguns pontos que já identificamos como tendências e mudanças de comportamento, como as relações de trabalho, a integração de informações, as mudanças tecnológicas e os parâmetros com países que já estão anos à frente do Brasil. Por exemplo, no que se refere à integração de informações, com a chegada da internet, descobriram-se novas formas de integração, especialmente as sociais. Para o futuro, podemos esperar a integração de todas essas informações, tendo, em um único ambiente, todos os dados de qualquer pessoa no mundo, com informações trabalhistas, sociais, indicações e avaliações, facilitando processos de gestão de pessoas e seleção.
Ricardo Knychala, gerente de soluções para gestão de pessoas da Sankhya

Convergência digital
Vislumbrar os próximos 20 anos é muito complicado. Contudo, existem tendências que devem evoluir e modificar a forma como as pessoas trabalham e como a tecnologia apoiará a operação e gestão de pessoas: convergência digital (TV/web/rádio); e-gov; jogos empresariais; Big Data. É é difícil prever o uso de tecnologias que não foram criadas e muito menos testadas, mas certamente os itens apontados estarão presentes no futuro das empresas e pessoas, com grande impacto na área de gestão de recursos humanos.
Carlos Maffei, diretor comercial de relacionamento da área de sistemas do Grupo Benner

Geração millenium
Daqui a 20 anos, o mundo vai se tornar cada vez mais conectado, flexível e móvel. As aplicações, mesmo que de diversos fornecedores, devem conversar de forma mais transparente com login e senha únicos. O fenômeno Big Data, que já é realidade para muitas empresas, deve invadir o RH e permitir análises preditivas, principalmente na área de recrutamento, compensação e gestão de carreira. As fronteiras da vida pessoal e profissional tendem a desaparecer e as futuras gerações de profissionais assistirão a uma grande alteração em suas rotinas de trabalho e nas relações profissionais entre empresas e empregados. O papel do RH hoje é pensar em como fazer essa migração. A tecnologia não para. E o seu RH?
Valquíria Cruz, gerente de produtos da ADP

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