Atendimento especial

de Dum De Lucca em 21 de novembro de 2011

Três mulheres. Três caminhos parecidos. Aos 38 anos de idade, Ednir Santos Silva interrompeu os estudos para cuidar do filho. Separada, sozinha, teve de cuidar da criança e passou a trabalhar como diarista e manicure para gerar receita. Hoje, aos 52 anos, desempregada, cursa o ensino médio para concluir os estudos. Fora do mercado de trabalho desde 1994, Marly Oliveira de Souza deixou a área hospitalar onde trabalhava como técnica em enfermagem para se dedicar aos seus 4 filhos. Com eles crescidos, quis retornar ao trabalho, mas hoje, aos 50 anos, ainda encontra dificuldades por estar há tanto tempo afastada das atividades.

Separada, com 2 filhos, e desempregada há 3 meses, Magna de Fátima Moreira Santos também tem uma história sofrida. “Nós ficamos anestesiadas por muito tempo. Deixamos nossos trabalhos para nos dedicar aos filhos, marido, enfim à família, e depois quando procuramos emprego temos muitas dificuldades para conseguir uma oportunidade”, afirma. “Sei o quanto é difícil mexer na natureza das mulheres. Somos determinadas e guerreiras, mas, às vezes, precisamos que alguém dê um empurrão para acreditarmos mais em nós mesmas.”

O empurrão para Magna, Ednir e Marly veio por meio do projeto Aprendiz Melhor Idade, criado pela Carglass Brasil.  A iniciativa tem como objetivo a capacitação de mulheres acima de 35 anos e fora do mercado de trabalho há mais de 10 anos, que moram na região de Santana de Parnaíba, em São Paulo, para trabalharem como operadoras de atendimento e telemarketing. Trata-se de mostrar a elas que é possível ter uma profissão. “Ao constatar as dificuldades de mulheres das classes sociais mais baixas que nunca trabalharam, ou que não estão conseguindo uma ocupação profissional por conta do nível de qualificação, percebemos que era possível realizar um trabalho de capacitação com elas. Com isso não só formamos, mas garantimos uma profissão a elas”, afirma Gisele Lázaro, gerente de atendimento e relacionamento da Carglass Brasil.

Realidade difícil
Grande parte dessas mulheres nunca tiveram carteira assinada, nem nenhum benefício trabalhista. Viveram suas vidas cuidando de suas famílias com a receita gerada pelo trabalho de parentes, da venda de objetos artesanais, de trabalhos sem frequência feitos em suas casas – como lavar, costurar e cozinhar para fora. Contando com a ajuda da fundação Orsa, a Carglass realizou a pré-seleção que definiu as dez mulheres a compor o primeiro grupo do projeto. A instituição também ficou responsável pelo primeiro treinamento, iniciado em junho, cujas aulas tiveram foco na formação social, orientando todas as alunas a como devem se portar dentro de ambientes de trabalho.

Depois de completarem  48 horas do curso, as alunas que se encaixarem dentro do perfil de exigência da empresa serão contratadas para trabalhar no call center da Carglass. O número de vagas disponível como oportunidade para as mulheres do projeto representa 10% do quadro de funcionários. “Após o treinamento faremos uma entrevista que avaliará o perfil de cada uma delas, e as que preencherem o perfil da empresa serão absorvidas. Nossa expectativa é de contratar no mínimo 50% das candidatas”, afirma o diretor de RH da Carglass, Luiz Lula.

As mulheres que conquistarem a oportunidade serão contratadas com carteira assinada, terão plano de saúde extensivo a toda a família, plano odontológico, além de alimentação e vale transporte. As demais, que eventualmente não se encaixarem nos requisitos exigidos pela Carglass, contarão com o apoio da fundação Orsa, que durante três meses as auxiliará na busca de uma colocação. “Continuo fazendo bicos para me sustentar. Enquanto não aparece o que desejo, tenho de me virar, mas estou mais confiante”, diz Ednir.

 

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail