Gestão

Avançar na carreira

de Karin Hetschko em 24 de fevereiro de 2016
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ENTREVISTA com Caio Arnaes | Edição 339

Especialista em recrutamento e seleção explica como o mercado observa os cursos de pós-graduação

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Arnaes, da Robert Half: antes da pós, pensar em inglês

 

Aplicar os conceitos aprendidos em sala de aula para otimizar resultados é a porta de entrada para o sucesso profissional. Essa é a opinião de Caio Arnaes, gerente sênior da consultoria Robert Half, especializada em recrutamento e seleção. Para o executivo, o poder de compreensão do que foi aprendido num curso de pós-graduação e de sua aplicação na geração de resultados é o que torna o profissional elegível para cargos de liderança, não a mera conclusão do curso. Na entrevista a seguir, Arnaes fala ainda sobre como investir na carreira de forma inteligente e áreas de atuação para profissionais que se formaram em stricto sensu e lato sensu.

Qual é o curso ideal para quem acabou de sair da faculdade e tem pouca experiência?
Na verdade, antes de pensar em fazer uma pós-graduação, esse profissional deve aprimorar seus conhecimentos em outro idioma, principalmente o inglês. Não possuir esse conhecimento pode tirar o candidado da análise de currículo de muitas vagas existentes no mercado. Dito isso, o curso ideal para um recém-formado dependerá muito do rumo que ele quer imprimir a sua carreira. Se quiser seguir a carreira acadêmica, ele deve investir numa pós stricto sensu. Agora, se ele, profissional, quiser ir para o mundo corporativo, ter uma carreira mais abrangente, com foco na gestão do negócio, o ideal é que ele faça uma graduação lato sensu, que aborda questões mais administrativas, práticas do mercado.

Que tipo de critérios o profissional pode elencar para escolher entre os cursos de lato sensu MBA e especialização?
Depende da etapa da carreira do profissional. Se ele está prestes a almejar uma posição de gestão, assumindo o comando de uma área, recomendo o curso de MBA. Por outro lado, se ele está iniciando a carreira e acabou de fazer um curso de administração, por exemplo, e vai trabalhar numa empresa de comércio exterior, é bom que ele entenda melhor como funciona a logística no Brasil; esse tipo de conhecimento mais específico é adquirido no curso de especialização.

Muitos cursos de MBA exigem alunos em posições seniores no mercado de trabalho. Por que essa experiência é importante? 

Boa parte do aprendizado que possuímos se deve à troca de expe­riências com outros profissionais. Não é só do docente que podemos absorver o conhecimento, mas da pessoa que está sentada ao seu lado. Portanto, para que as pessoas possam aprender em conjunto, é bom que elas tenham experiência para poder dividir esse conhecimento. Outra dica: se alguém estiver pensando em fazer um MBA e quiser saber se vale a pena ou não pagar pelo curso, basta analisar como é conduzido o processo seletivo dele. Se for um processo seletivo com uma barreira baixa de entrada, ele provavelmente não terá alunos tão bons que contribuam para essa troca de aprendizado.

Como o mercado observa o profissional que tem a titulação de mestre ou doutor? Esse profissional deve trabalhar exclusivamente na área de educação ou há outras áreas de atuação?
A área de educação é a que mais demanda esse profissional, mas ainda observamos espaços para ele trabalhar no mercado corporativo, atuando em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Na indústria farmacêutica, por exemplo, existe uma necessidade grande desses profissionais. As farmacêuticas precisam de experts em pesquisa e desenvolvimento para conduzir testes de novos produtos. Outra área que demanda sempre pessoas com mestrado, doutorado e pós-doutorado é a area de desenvolvimento genético. Enfim, de uma maneira geral, dentro da indústria, o profissional com formação stricto sensu vai para uma área de pesquisa e desenvolvimento.

Como a titulação de mestre, doutor, especialista ou ainda um MBA impactam as perspectivas de aumento salarial?
Não é um movimento imediato. Geralmente, conseguimos observar esse aumento, em média, dois anos após a conclusão do curso. Cursos de MBA, mestrado ou especialização não necessariamente fazem com que o profissional ganhe mais dinheiro logo após o término deles. O que faz ganhar mais dinheiro é aplicar as ferramentas aprendidas na pós-graduação nas ações do dia a dia de trabalho. Isso gera mais resultados, e o profissional consegue influenciar de forma positiva outras pessoas e assim por diante.

Como o mercado observa o profissional que fez uma especialização pensando numa transição de carreira?
Essa transição não é fácil. Por uma questão de aproximação ou afinidade, muitas vezes, essa transição, de uma área para a outra, pode ocorrer na empresa na qual o profissional atua. Mas, no mercado, não vejo clientes dispostos a assumir esse tipo de risco. Se há uma vaga de gerente de marketing, o cliente não vai contratar alguém que tenha passado a vida inteira em finanças e fez uma especialização em marketing, por exemplo. O candidato precisa mostrar conhecimento (e experiência) da área na qual deseja atuar.

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