Gestão

Cautela e arrojo

de Magui Castro em 22 de junho de 2012

O Brasil do futuro chegou e as empresas perceberam que estavam pouco preparadas para o arranque da economia. Em alguns setores, o gap de pessoas capacitadas para fazer frente aos desafios tem como histórico anos de negligência em investimentos mais robustos para a formação dos profissionais e, em especial, de sucessores para posições estratégicas. Mesmo as organizações que cuidaram dessa tarefa se depararam com uma realidade para a qual o ritmo empregado ficou aquém do necessário, o que faz com que muitas delas não consigam concretizar seus planos de expansão. A conclusão não poderia ser outra: falta gente preparada, e os que existem no mercado são disputadíssimos.

Se antes a composição de forças entre empregadores e profissionais era muito desigual, pendendo favorável e prioritariamente para o lado das empresas, agora essa relação está mais equilibrada ou bem confortável para os profissionais diferenciados. As condições de escolha de trabalho são maiores, o que traz para as organizações o desafio de se tornarem mais atrativas e mais bem equipadas para atrair os melhores talentos. Os executivos de ponta ganharam poder de escolha, porém navegam por um contexto mais complexo. A pressão por resultados continua forte, enquanto o tempo para comprovar a capacidade de entrega encurtou bem. O ambiente de negócios ficou intenso e mais nervoso. Juntem-se a isso as fronteiras tênues, a globalização e a tecnologia que aproxima distâncias, e temos uma conjunção de fatores a exigir o aprimoramento das relações profissionais, pessoais e sociais. 

A guerra por talentos está instaurada, tão feroz quanto nunca. A remuneração no Brasil bate as práticas de mercados tradicionais e, na hora de buscar determinado profissional imprescindível, a oferta é generosa, e a contrapartida esperada, ainda mais elevada. Para efetivar uma transição com sucesso, o executivo tem de avaliar se as metas que esperam dele são factíveis, se o prazo para alcançá-las é viável e se há condições de fazer a entrega dentro da urgência demandada.  Cuidar da qualidade das relações ganhou importância em todo esse contexto. As rupturas devem ser feitas com o máximo de cuidado, até porque a dinâmica do mercado pode reservar muitas surpresas. Nos movimentos de F&A, por exemplo, há chances de retornos e reencontros, até com antigos chefes passando a responder para subordinados do passado. A realidade é mais fluida, menos ortodoxa, e as oportunidades surgem em situações das mais diversas. Contratar, demitir, trocar de emprego, tudo isso faz parte do jogo em um panorama que se tornou mais volátil, virtual e dinâmico. Critérios e assertividade nas escolhas servem de guia para se movimentar nessa realidade.

Tanto para as empresas quanto para os talentos, o momento pede arrojo, mas também discernimento e cautela, de forma a tirar o melhor proveito diante do crescimento econômico do país e das possibilidades do ambiente global, tendo como pano de fundo a leitura correta dos cenários e o cuidado nas relações com as pessoas.


Magui Castro
é sócia da CTPartners

 

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