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de em 22 de outubro de 2010

Adespeito da recessão global, o número de expatriados está aumentando. Nos últimos dois anos, as transferências internacionais tiveram um aumento de 4% em todo o mundo. Entretanto, para sustentar esse crescimento, as empresas têm adotado medidas de redução de despesas visando manter pacotes competitivos para transferências internacionais. É o que aponta novo estudo feito pela Mercer.

A pesquisa sobre Transferências Internacionais 2010, que analisou dados de mais de 220 multinacionais de todos os segmentos, indica que, globalmente, as organizações estão apresentando programas de transferências internacionais mais estruturados. Isso significa que, no período, foram priorizadas transferências de curto prazo, com contratações locais e eliminação de benefícios não essenciais, em um esforço para administrar custos de maneira mais efetiva. De acordo com a análise, 50% das companhias reportaram um aumento nas transferências de curto prazo, que estão se tornando mais alinhadas aos objetivos das empresas devido à rapidez no processo de aprovação. Como resultado, dois terços das organizações ouvidas desenvolveram políticas específicas para esse tipo de transferência.

Annie Rossier-Renaud, consultora sênior da Mercer, conta que as organizações estão se esforçando para reduzir custos, mas somente na medida exata para que empregados expatriados possam ser atraídos e retidos. “Ainda que seja desafiador encontrar profissionais capacitados para as expatriações, o ambiente econômico e a alta taxa de desemprego parecem ter ampliado o número de candidatos. Muitos deles estão extremamente interessados em se mudar para um país menos afetado pela crise”, acrescenta.

Outra saída encontrada pelas companhias é cortar custos com expatriados fazendo com que eles sejam contratados como funcionários locais da empresa na região para onde foram transferidos. É um caminho para fugir dos altos custos provocados pela mudança do país de origem. De acordo com a pesquisa, aproximadamente 50% das empresas aumentaram ou planejam aumentar o número de expatriados contratados localmente, neste tipo de regime.

Madeleine Berger, pesquisadora sênior da Mercer, observa que não há muitas evidências de que as empresas estejam diminuindo as expatriações. Em vez disso, as organizações, cujo futuro depende de mercados internacionais, estão avaliando como podem melhor aproveitá-las para apoiar seus objetivos globais de negócio. “Com menos dinheiro em caixa, há mais interesse em fazer investimentos inteligentes baseados no valor de cada transferência”, diz.

Desafios em transferências internacionais
Mais do que nunca, as empresas estão divididas entre a redução de custos e a administração das necessidades urgentes do negócio. De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria, as empresas apontaram custos (60%) e a dificuldade de encontrar candidatos capacitados (58%) como os maiores obstáculos para transferências internacionais. Apesar do número bem próximo, a preocupação é ligeiramente diferente de acordo com a região. Nas Américas, o maior impedimento é o custo, enquanto na Europa e Ásia é a falta de candidatos apropriados.

Além disso, ainda que a expansão de negócio seja apontada como o motivo principal para transferir empregados ao exterior, outros fatores como conhecimento e desempenho do negócio vêm se tornando mais importantes. Mais do que dois terços (68%) das empresas reportaram que o principal orientador para enviar empregados em transferências internacionais é a falta de mão de obra especializada no país de destino, enquanto 59% afirmaram ser o aperfeiçoamento do desempenho de uma operação, e 56% dizem ser devido ao lançamento de novo negócio.

Annie explica que, como resultado do atual cenário econômico, muitas empresas tiveram de adiar os investimentos estrangeiros planejados e focar nas suas atuais operações internacionais. “O que temos visto é um aumento no volume de expatriados para países em que há falta de conhecimento local.”
 
Políticas de mobilidade
Considerando-se os custos financeiros e administrativos associados às transferências internacionais, a maioria das organizações está reavaliando suas políticas globais de expatriação. Nove entre dez empresas ao redor do mundo estão revisando ou planejam revisar suas políticas com o objetivo de reduzir despesas. Esse processo envolve a revisão de benefícios como moradia, educação e viagem de retorno ao país de origem; ajuda de custo relacionada ao custo de vida da região; e prêmios de mobilidade ou qualidade de vida.

E não é só. Adicionalmente, as empresas estão adotando modelos de contratos que atendam a severos procedimentos de governança, com o objetivo de estabelecer um vínculo mais estrito entre transferência e gestão de talentos, simplificando os processos e assegurando uma comunicação efetiva entre expatriados e empresa. O fato é que controlar custos não é a única preocupação das empresas que estão revendo suas políticas de expatriação. Segundo Madeleine, outra preocupação é promover consistência nos mercados em crescimento acelerado e naqueles onde as disparidades nas políticas corporativas podem ter sido reveladas.

Há também, segundo a pesquisadora, uma tendência crescente de atender às necessidades de diferentes grupos de empregados, tais como a Geração X. Isso teria levado a um aumento das transferências internacionais sem família, especialmente para projetos de curto prazo. Entretanto, de acordo com a pesquisa da Mercer, mais da metade (56%) das empresas enviaram empregados casados sem a família também para transferências de longo prazo.

As empresas europeias lideram a tendência desse tipo de transferência com dois terços dos casos (66%).

Empresas multilatinas
Considerando um corte de empresas com capital de origem na América Latina, encontramos as seguintes conclusões:
Menos de 30% das empresas são novas em processos de expatriação, ou seja, a maioria envia empregados em transferências internacionais há mais de oito anos.

A maioria das transferências ocorre para outros países da América Latina, indicando um forte investimento na região.

A maioria das empresas está em processo de revisão ou definição de suas políticas.
O recrutamento do candidato ideal é uma preocupação para as empresas, principalmente pela dificuldade em transferir o conhecimento adquirido na repatriação.

Cada vez mais, o suporte ao cônjuge e à família é importante.

 

Outras conclusões
Remuneração: em geral, as empresas reportaram poucas alterações em sua abordagem de remuneração. Algumas estão adotando a abordagem do país de destino para reduzir custos, mas, com tal política, encontrar candidatos pode se tornar uma dificuldade. Além disso, com o aumento de transferências para países com níveis de remuneração baixos, a abordagem do país de destino pode não ser consistente. Esses impedimentos podem contribuir para a necessidade de mais diferenciação nas políticas, não só por período, mas também por tipo de transferência.
Moradia: tipicamente, as empresas da América do Norte oferecem auxílio-moradia com contrapartida do empregado e assistência nas despesas relativas à moradia no país de origem. Em outras regiões, as empresas oferecem moradia sem custo, mas o empregado é responsável pelo pagamento das despesas de moradia no país de origem.
Alinhadas a outras medidas de redução de custo, as companhias estão prestando mais atenção ao budget máximo destinado a esse benefício de moradia e ao possível pagamento em duplicidade de custos de utilidades junto à ajuda de custo e auxílio-moradia.
Medidas de segurança: mais de um terço das empresas tem expatriados em locais de alto risco e existe um aumento na preocupação com este risco entre as empresas que enviam seus empregados para essas áreas. Aproximadamente dois terços das empresas – mais do que há dois anos – têm um plano de abandono formal caso a situação se torne crítica nesses locais.
Viagens de retorno ao país de origem (home leave): quase todas as empresas continuam a oferecer viagens de retorno ao país de origem para seus expatriados, seja por meio da concessão de passagens aéreas ou de um orçamento previsto. Exceto na América do Norte, onde 46% das empresas pagam por algumas despesas decorrentes da viagem, normalmente, as empresas não cobrem qualquer despesa adicional durante o período da viagem aos seus expatriados.

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