Adespeito da recessão global, o número de expatriados está aumentando. Nos últimos dois anos, as transferências internacionais tiveram um aumento de 4% em todo o mundo. Entretanto, para sustentar esse crescimento, as empresas têm adotado medidas de redução de despesas visando manter pacotes competitivos para transferências internacionais. É o que aponta novo estudo feito pela Mercer.
A pesquisa sobre Transferências Internacionais 2010, que analisou dados de mais de 220 multinacionais de todos os segmentos, indica que, globalmente, as organizações estão apresentando programas de transferências internacionais mais estruturados. Isso significa que, no período, foram priorizadas transferências de curto prazo, com contratações locais e eliminação de benefícios não essenciais, em um esforço para administrar custos de maneira mais efetiva. De acordo com a análise, 50% das companhias reportaram um aumento nas transferências de curto prazo, que estão se tornando mais alinhadas aos objetivos das empresas devido à rapidez no processo de aprovação. Como resultado, dois terços das organizações ouvidas desenvolveram políticas específicas para esse tipo de transferência.
Annie Rossier-Renaud, consultora sênior da Mercer, conta que as organizações estão se esforçando para reduzir custos, mas somente na medida exata para que empregados expatriados possam ser atraídos e retidos. “Ainda que seja desafiador encontrar profissionais capacitados para as expatriações, o ambiente econômico e a alta taxa de desemprego parecem ter ampliado o número de candidatos. Muitos deles estão extremamente interessados em se mudar para um país menos afetado pela crise”, acrescenta.
Outra saída encontrada pelas companhias é cortar custos com expatriados fazendo com que eles sejam contratados como funcionários locais da empresa na região para onde foram transferidos. É um caminho para fugir dos altos custos provocados pela mudança do país de origem. De acordo com a pesquisa, aproximadamente 50% das empresas aumentaram ou planejam aumentar o número de expatriados contratados localmente, neste tipo de regime.
Madeleine Berger, pesquisadora sênior da Mercer, observa que não há muitas evidências de que as empresas estejam diminuindo as expatriações. Em vez disso, as organizações, cujo futuro depende de mercados internacionais, estão avaliando como podem melhor aproveitá-las para apoiar seus objetivos globais de negócio. “Com menos dinheiro em caixa, há mais interesse em fazer investimentos inteligentes baseados no valor de cada transferência”, diz.
Desafios em transferências internacionais
Mais do que nunca, as empresas estão divididas entre a redução de custos e a administração das necessidades urgentes do negócio. De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria, as empresas apontaram custos (60%) e a dificuldade de encontrar candidatos capacitados (58%) como os maiores obstáculos para transferências internacionais. Apesar do número bem próximo, a preocupação é ligeiramente diferente de acordo com a região. Nas Américas, o maior impedimento é o custo, enquanto na Europa e Ásia é a falta de candidatos apropriados.
Além disso, ainda que a expansão de negócio seja apontada como o motivo principal para transferir empregados ao exterior, outros fatores como conhecimento e desempenho do negócio vêm se tornando mais importantes. Mais do que dois terços (68%) das empresas reportaram que o principal orientador para enviar empregados em transferências internacionais é a falta de mão de obra especializada no país de destino, enquanto 59% afirmaram ser o aperfeiçoamento do desempenho de uma operação, e 56% dizem ser devido ao lançamento de novo negócio.
Annie explica que, como resultado do atual cenário econômico, muitas empresas tiveram de adiar os investimentos estrangeiros planejados e focar nas suas atuais operações internacionais. “O que temos visto é um aumento no volume de expatriados para países em que há falta de conhecimento local.”
Políticas de mobilidade
Considerando-se os custos financeiros e administrativos associados às transferências internacionais, a maioria das organizações está reavaliando suas políticas globais de expatriação. Nove entre dez empresas ao redor do mundo estão revisando ou planejam revisar suas políticas com o objetivo de reduzir despesas. Esse processo envolve a revisão de benefícios como moradia, educação e viagem de retorno ao país de origem; ajuda de custo relacionada ao custo de vida da região; e prêmios de mobilidade ou qualidade de vida.
E não é só. Adicionalmente, as empresas estão adotando modelos de contratos que atendam a severos procedimentos de governança, com o objetivo de estabelecer um vínculo mais estrito entre transferência e gestão de talentos, simplificando os processos e assegurando uma comunicação efetiva entre expatriados e empresa. O fato é que controlar custos não é a única preocupação das empresas que estão revendo suas políticas de expatriação. Segundo Madeleine, outra preocupação é promover consistência nos mercados em crescimento acelerado e naqueles onde as disparidades nas políticas corporativas podem ter sido reveladas.
Há também, segundo a pesquisadora, uma tendência crescente de atender às necessidades de diferentes grupos de empregados, tais como a Geração X. Isso teria levado a um aumento das transferências internacionais sem família, especialmente para projetos de curto prazo. Entretanto, de acordo com a pesquisa da Mercer, mais da metade (56%) das empresas enviaram empregados casados sem a família também para transferências de longo prazo.
As empresas europeias lideram a tendência desse tipo de transferência com dois terços dos casos (66%).
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