Gestão

Deus salve a rainha

de em 8 de fevereiro de 2012
Travel Pix/Getty Images
Pelo sorriso deste senhor, em Londres, ele já deve estar pensando no que fazer nos dias de descanso

Responda rápido: você está contente com a quantidade de dias de férias que tem por ano? Se sim, saiba que em países como os da Europa Ocidental os trabalhadores têm acesso a um período maior de férias remuneradas, em todo o mundo. Bem, isso se você, em meio a tanto trabalho, ainda sabe o que isso significa. Lembra-se? Uma pesquisa realizada pela Mercer sobre esse importante direito do trabalhador (chamada Mercer´s worldwide benefit and employment guidelines) mostra, além do fato de países da Europa Ocidental liderarem o ranking de dias de férias, que os trabalhadores na região Ásia-Pacífico são os menos beneficiados. Em outra comparação, os empregados no Reino Unido se beneficiam com 28 dias (por direito) a férias, já os empregados nos EUA são os menos beneficiados.

O estudo da consultoria oferece uma visão geral das regulamentações e práticas trabalhistas aplicadas em 62 países. O relatório é utilizado por empresas multinacionais para definir suas políticas de benefícios trabalhistas nos países onde elas mantêm suas atividades. Apenas para lembrar aqueles que não tiram esse período de descanso há algum tempo: o direito a férias trabalhistas equivale ao número de dias de descanso que uma empresa deve, por lei, conceder aos seus empregados.

No Brasil, os empregados têm direito a 22 dias úteis de férias (ou 30 corridos, segundo a CLT). Com isso, ele acaba ocupando o 6º lugar do ranking em número de dias legais para o gozo das férias, juntamente com Portugal, Espanha e Emirados Árabes. Em nosso país, são 11 os feriados públicos, somando um total de 33 dias de descanso, portanto. No ranking de feriados dessa natureza, o Brasil passa para o 8º lugar.

No Reino Unido, por exemplo, os empregados têm o direito a 28 dias de férias. Levando-se em consideração que lá existem 8 feriados públicos, o fato sugere que os empregados podem gozar suas férias durante 36 dias, ou 10% de cada ano de trabalho. Isso representa um dos direitos mais significativos dentre os 62 países participantes da pesquisa. A realidade é que lá as empresas podem incluir os feriados públicos como parte integrante dos 28 dias de férias e, portanto, os empregados no Reino Unido têm menos dias de férias efetivamente se comparados aos seus pares nos demais países europeus onde, em geral, a prática é que os trabalhadores descansem nesses feriados além do seu direito estatutário. Já os que trabalham em companhias na região Ásia-Pacífico têm comparativamente os níveis baixos de direito estatutário, porém os feriados públicos são usufruídos além das férias. Os níveis de direito a férias nessa área ainda estão abaixo dos níveis encontrados na Europa Ocidental.  

Wolfgang Seidl, diretor da área de consultoria em saúde da Mercer, conta que apesar da turbulência econômica ainda persistente, o interesse na questão relacionada ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional continua mostrando sinais de crescimento. “A partir da perspectiva do empregado e da empresa, saúde cria riquezas. As empresas reconhecem que uma força de trabalho saudável e satisfeita traz produtividade e esse fato se traduz diretamente em resultados. Como as empresas interpretam a disposição contida nas regulamentações de férias é um fator de suma importância. Com os aumentos salariais menos notórios, e muitas vezes abaixo das taxas de inflação, as corporações estão em busca de outros meios para motivar seus empregados”, diz. Nesse aspecto, o horário de trabalho flexível e um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ajudam a elevar o grau de engajamento dos empregados quando as ferramentas financeiras normais não estão disponíveis, avalia o consultor.

Os empregados com o potencial de maior número de férias estão na Áustria, com direito a 25 dias agregados a 13 feriados públicos. Depois dela vem Malta com 24 dias de férias e 14 feriados públicos. Em ambos os países, os trabalhadores têm o potencial de gozar 38 dias de férias. As Filipinas e o Canadá possuem os menores direitos possíveis com 20 e 19 dias, respectivamente. Já na Colômbia, os empregados são beneficiados com o maior número de feriados (18), enquanto no México o número cai para 7. No Brasil, o potencial de dias úteis de férias, somado aos feriados, é de 33 dias.


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 Europa Ocidental
Os empregados no Reino Unido são os que mais se beneficiam do direito a férias (28 dias), seguido muito de perto pela Grécia, Áustria, França, Suécia, Luxemburgo, Finlândia e Dinamarca (todos eles com 25 dias de férias). Os trabalhadores são um pouco menos beneficiados em Malta (24), Espanha e Portugal (ambos com 22 dias de férias) e Noruega (21), Nos demais países, como, por exemplo, Itália, Bélgica, Alemanha, Chipre, Irlanda, Suíça e Holanda, o número de dias de férias estipulado por lei é 20. Chipre, aliás, oferece o maior número de feriados públicos (15) seguido por Malta e Espanha (ambos com 14 dias) e Áustria e Portugal (ambos com 13 dias). O Reino Unido e a Holanda têm um calendário de feriados públicos bastante reduzido na Europa (8).

> Europa Central e Europa Oriental
A Polônia (com 26 dias) oferece aos seus empregados os melhores direitos a férias na Europa Oriental, seguida pela Hungria (23), Letônia, Rússia, Eslovênia, Sérvia, Eslováquia, Lituânia, República Tcheca e Romênia, que oferecem 20 dias de férias por lei. Já a Ucrânia oferece somente 18 dias de férias e Turquia é a região com menos direitos, 8 dias. Em toda a região, há mais feriados públicos em comparação com os países da Europa Ocidental. A Eslováquia é o país com o maior número de feriados dessa natureza (15) e a Sérvia com o menor (8).

Oriente Médio e África
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são os que mais dias de férias oferecem (22) na região, seguidos pelo Marrocos (18), Líbano (15) e África do Sul (15). O Líbano oferece o maior número de feriados públicos (16), seguido por Marrocos (14), África do Sul (12) e os EAU (9).
 
> América do Norte e América Latina
O Canadá e os EUA são as nações menos generosas quando o assunto são férias estatutárias. A lei federal norte-americana não obriga o pagamento de salário por horas não trabalhadas e as políticas de férias são amplamente variáveis. Muitas organizações naquele país concedem três semanas de férias depois de cinco a dez anos de casa e os empregados sindicalizados geralmente têm o direito a férias conforme acordado em acordos coletivos. No Canadá, o direito obrigatório a férias varia entre províncias e empresas, que normalmente suplementam as exigências estatutárias, e algumas organizações concedem até seis semanas de férias após 20 ou 25 anos de casa. A história é acentuadamente diferente na América Latina. Os empregados na Venezuela recebem 24 dias de férias, seguidos pelos no Brasil e no Peru (ambos os países com 22 dias de férias), na Argentina (20) e no México (16), sendo a Colômbia e o Chile os dois países que oferecem o menor número de dias de férias, 15. Por outro lado, os empregados na Colômbia são os que mais se beneficiam de feriados públicos, 18 ao ano, seguidos pelo Chile (14), Argentina (12), Peru (12) e Venezuela (12). O Canadá e o Equador são os países do continente com o menor número de feriados públicos (9), acima apenas do México, com sete dias de feriados públicos.
 
> Ásia-Pacífico
Os empregados na Ásia são os que menos se beneficiam dos direitos estatutários a férias quando comparados com o resto do mundo. Os países da região como, por exemplo, Japão, Austrália e Nova Zelândia, oferecem os mais altos níveis de direito estatutário a férias da região (20 dias) igualmente a inúmeros países na Europa Ocidental. Os países aqui indicados são seguidos pela Coréia do Sul (19), Malásia (16) e Taiwan (15). Hong Kong, Cingapura, Vietnã e Paquistão concedem 14 dias de férias, seguidos apenas pela Índia e pela Indonésia (ambos oferecem 12 dias) e China (10). A Tailândia (6) e as Filipinas (5) são os países que concedem o menor número de dias de férias na região. Índia, Tailândia e Malásia são países que possuem a maioria dos feriados públicos na região com 16 dias seguidos pelo Japão, pela Coreia do Sul e pelas Filipinas com 15 dias. Já em demais países da região observa-se: por exemplo, a Indonésia, oferece 14, Taiwan 13 e Hong Kong 12. Cingapura, Paquistão, China e Nova Zelândia concedem 11 dias, sendo que os empregados na Austrália e no Vietnã contam com 9 dias. 
 
Além da licença anual e dos feriados públicos, as empresas em algumas nações são obrigadas por lei a conceder a licença-casamento ou licenças especiais para outras circunstâncias como falecimento de um cônjuge ou de um parente próximo, por exemplo. Mesmo quando não exista uma exigência legal, inúmeras empresas de grande porte proporcionam uma licença extra para esses tipos de circunstâncias. “Um descanso da rotina diária é essencial para manter o bem-estar dos empregados”, comenta Seidl. “As empresas que mantêm a concessão de férias ao menor nível possível para reduzir a perda de renda dos empregados ausentes poderão descobrir que seus trabalhadores são menos dispostos, estão com a saúde debilitada e crucialmente com menor taxa de produtividade. É essencial criar uma cultura de saúde no local de trabalho e, com isso, os empregados levarão consigo a mensagem para suas casas e darão valor à sua saúde também fora do trabalho”, finaliza.

 

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