Do trabalho para a vida

de em 12 de fevereiro de 2014







Gilberto Abreu: a arte no trabalho ajuda a suavizar o ambiente e estimula a busca por cultura

O Grupo Santander é o terceiro maior banco em ativos no país. Apenas no primeiro trimestre de 2012, a instituição de origem espanhola atingiu um patrimônio líquido de quase 70 bilhões de reais. Um quarto de seu lucro mundial vem do Brasil, onde sua história até alcançar essa posição é marcada por uma estratégia agressiva de aquisições de outras instituições, como o Banco Geral do Comércio (1997), o Banco Noroeste (1998), o Banco Meridional (2000), o Banespa (2000) e o Banco Real (2008). De um ponto de vista estritamente financeiro, é fácil entender a escalada que leva a índices como esses e o coloca entre as 250 maiores empresas da América Latina. Mas o seu patrimônio cultural e simbólico também vem sendo amplamente acrescido de valor a cada fusão, o que se constata pelo seu acervo de arte com mais de 1,1 mil obras modernas e contemporâneas de artistas expoentes em suas gerações, a exemplo de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Cícero Dias e Tomie Ohtake, entre outros.

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Tornar esse patrimônio de valor histórico conhecido e mantê-lo atual frente Í  produção artística de hoje tem sido o foco de vários projetos da instituição nos últimos dois anos, envolvendo os departamentos de recursos humanos, responsáveis por mais de 55 mil funcionários, e o de marketing, que sempre busca formas de agregar valor Í  imagem do banco. “Nosso prestígio e solidez como empresa passa por muitos diferenciais. Sem dúvida, a arte dialoga com isso e exerce um importante papel no reflexo de nossos valores em uma evolução progressiva”, reconhece Viviane de Paula, superintendente executiva de employer branding, inovação e planejamento e RH do Grupo Santander no Brasil.

Duas dessas ações recentes – os programas Convivendo com Arte e Conhecendo Artistas – este em sua segunda edição – têm ganhado enorme engajamento interno e, Í  sua maneira, estão promovendo não apenas um olhar diferente entre os funcionários sobre o mundo, mas também sobre novos artistas.  O primeiro projeto, que ficou em exposição na Torre Santander, na capital paulista, trouxe a produção da Nova Pintura Brasileira, representada por nove jovens artistas nascidos nos anos 70 e 80. Entre eles estão Ana Elisa Egreja, Camila Macedo, Eduardo Berliner, Jerome Florent, Rodrigo Bivar e outros talentos da atual vanguarda. E se uns usam das nobres tintas para abordar as questões do contemporâneo e a poesia visual abstrata, Conhecendo Artistas, em sua nova edição, torna acessível o trabalho de 25 fotógrafos brasileiros renomados no cenário internacional, como Bob Wolfenson, Araquém Alcântara, Walter Firmo, Miriam Homem de Mello e Cássio Vasconcellos. A mostra, composta por 74 fotografias, estará em cartaz até o dia 23 de março de 2013, distribuída em 21 lounges da Torre, do 5º ao 26º andares.


Estímulo Í  inovação
“Esses dois projetos trabalham sobre dois pilares: a valorização das pessoas e o incentivo Í  inovação. A partir do momento em que coloco arte em um ambiente onde mostro beleza e cuidado, afeto indiretamente a produtividade. Ter beleza ao redor inspira a fazer um trabalho de mais qualidade e criatividade”, conta Viviane. Embora não se possa fazer uma relação métrica direta entre a produção cotidiana e o convívio com a arte no espaço de trabalho, os seus benefícios já foram comprovados no passado.







Viviane de Paula, RH do Grupo Santander no Brasil: “a arte exerce um importante papel no reflexo de nossos valores”
Esses aspectos positivos são relevantes para o sucesso da empresa, segundo Elys de Vries, coordenadora do Acervo Cultural e curadora da Coleção Santander Brasil. “Nem todo mundo tem familiaridade com esse olhar artístico e, mesmo não gostando, há um estímulo ao novo e Í  aprendizagem da contemplação. É sempre interessante quando uma instituição segue o que essas gerações estão dizendo sobre o Brasil na arte”, conta a executiva a respeito da coleção do banco, que aumenta mais um pouco com a inclusão dos novos artistas. “Entra ano e sai ano, há uma harmonia, um padrão que vai surgindo da diferença em quatro grandes temas na coleção: as festas populares brasileiras, o folclore, a infância e a riqueza natural do Brasil”, explica Elys sobre o acervo que, em breve, estará em um livro que trará artistas menos conhecidos, mas relevantes na evolução de suas gerações, como Arcangelo Ianelli, escultor e pintor pós-moderno do grupo Guanabara, o pintor e desenhista japonês Manabu Mabe, pioneiro do Abstracionismo no Brasil, e Milton Dacosta, cujos abstratos geométricos são essenciais para o entendimento dos movimentos concreto e neoconcreto.

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Economia criativa
À primeira vista, humanizar o ambiente de trabalho e dinamizá-lo com uso de novas linguagens são benefícios desde o início explicitados nesses projetos, mas em um segundo plano, eles integram uma percepção mais ampla da economia, a chamada “criativa”, que abrange criação, produção e distribuição de produtos e serviços com base no conhecimento e no capital intelectual. Esses produtos de valor não tangível se encontram no cinema, na dança, nas artes plásticas, na arquitetura e no design. De acordo com Franz Manata, um dos curadores responsáveis pelas exposições e consultor do acervo do banco, um dos objetivos de Conhecendo Artistas e Convivendo com Artes é também estimular a economia criativa por meio do colecionismo. “Em um primeiro momento, esses programas e exposições habilitam as pessoas a entender o pensamento abstrato contemporâneo e ampliam o espectro de seus costumes culturais”, conta. “Em um segundo, estimulam novos públicos da arte e tornam o nosso circuito mais visível, investindo em uma cadeia de forma profissional. É importante que as pessoas saibam que a arte pode ser acessível e comprar ou colecionar não é tão caro como se pensa”, explica Manata.

Essas iniciativas vão ao encontro de outras do Santander que apoiam o artesanato nordestino e projetos como o Paraty Eco Fashion, um evento de moda sustentável. Além disso, os centros culturais do banco em Recife (PE) e Porto Alegre (RS) já receberam cerca quatro milhões de frequentadores desde o ano 2000, incentivando várias manifestações culturais e produções locais. Embora a política do banco seja inicialmente incentivar essa produção comprando obras, os programas buscam mostrar que isso pode ser feito também pelos funcionários e clientes – as obras de jovens pintores em exposição na Torre Santander estão Í  venda a valores entre 500 e 3,5 mil reais. “É mais um jeito de incentivar arte no país, pois isso não tem sido feito com tanta frequência por instituições públicas. Essa política de compra é comum no mundo todo e, no Brasil, é uma forma de o mercado de arte se profissionalizar cada vez mais”, diz a pintora Ana Elisa Egreja que teve uma obra comprada pelo banco. A quem compra é importante dizer que o investimento tem retorno de longo e médio prazo. “Existe um potencial de colecionismo no Brasil, mas ainda é pequeno. É uma área que tende a crescer. Tem uma coisa de paixão, depois que se começa a colecionar arte. A pessoa compra 3, 4, 5 obras e começa a construir seu próprio olhar, a visão dela vai evoluindo com o tempo. Quem coleciona não tem a preocupação com o retorno”, explica o fotógrafo Cássio Vasconcellos, cujo trabalho de fotos aéreas é um exercício de montagem da perspectiva.

O fácil acesso Í s obras tem conquistado o apoio de funcionários que não perdem a oportunidade de levar para a casa algo que os cativa, sem pensar nisso como um investimento financeiro – caso do diretor do departamento de pessoa física Gilberto Abreu. Nos últimos cinco anos, o seu hobby tem sido colecionar peças antigas e de beleza única, como uma foto de autoria do naturalista e explorador Araquém Alcântara, comprada no projeto Conhecendo Artistas. “Eu não conhecia o trabalho dele e me encantei pela imagem, sua beleza é chamativa. Arte no ambiente de trabalho, especialmente para quem está em uma área mais técnica como eu, ajuda a sempre suavizar o lugar e estimula a busca por cultura nas horas vagas”, conta ele, que pagou três mil reais pela imagem. “O mais legal é que tem gerado muito interesse dos outros funcionários e um projeto de extremo bom gosto como esse sempre é bem-vindo”, finaliza Abreu.






Gustavo Morita
Gilberto Abreu: a arte no trabalho ajuda a suavizar o ambiente e estimula a busca por cultura

O Grupo Santander é o terceiro maior banco em ativos no país. Apenas no primeiro trimestre de 2012, a instituição de origem espanhola atingiu um patrimônio líquido de quase 70 bilhões de reais. Um quarto de seu lucro mundial vem do Brasil, onde sua história até alcançar essa posição é marcada por uma estratégia agressiva de aquisições de outras instituições, como o Banco Geral do Comércio (1997), o Banco Noroeste (1998), o Banco Meridional (2000), o Banespa (2000) e o Banco Real (2008). De um ponto de vista estritamente financeiro, é fácil entender a escalada que leva a índices como esses e o coloca entre as 250 maiores empresas da América Latina. Mas o seu patrimônio cultural e simbólico também vem sendo amplamente acrescido de valor a cada fusão, o que se constata pelo seu acervo de arte com mais de 1,1 mil obras modernas e contemporâneas de artistas expoentes em suas gerações, a exemplo de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Cícero Dias e Tomie Ohtake, entre outros.

Tornar esse patrimônio de valor histórico conhecido e mantê-lo atual frente à produção artística de hoje tem sido o foco de vários projetos da instituição nos últimos dois anos, envolvendo os departamentos de recursos humanos, responsáveis por mais de 55 mil funcionários, e o de marketing, que sempre busca formas de agregar valor à imagem do banco. “Nosso prestígio e solidez como empresa passa por muitos diferenciais. Sem dúvida, a arte dialoga com isso e exerce um importante papel no reflexo de nossos valores em uma evolução progressiva”, reconhece Viviane de Paula, superintendente executiva de employer branding, inovação e planejamento e RH do Grupo Santander no Brasil. 

Duas dessas ações recentes – os programas Convivendo com Arte e Conhecendo Artistas – este em sua segunda edição – têm ganhado enorme engajamento interno e, à sua maneira, estão promovendo não apenas um olhar diferente entre os funcionários sobre o mundo, mas também sobre novos artistas.  O primeiro projeto, que ficou em exposição na Torre Santander, na capital paulista, trouxe a produção da Nova Pintura Brasileira, representada por nove jovens artistas nascidos nos anos 70 e 80. Entre eles estão Ana Elisa Egreja, Camila Macedo, Eduardo Berliner, Jerome Florent, Rodrigo Bivar e outros talentos da atual vanguarda. E se uns usam das nobres tintas para abordar as questões do contemporâneo e a poesia visual abstrata, Conhecendo Artistas, em sua nova edição, torna acessível o trabalho de 25 fotógrafos brasileiros renomados no cenário internacional, como Bob Wolfenson, Araquém Alcântara, Walter Firmo, Miriam Homem de Mello e Cássio Vasconcellos. A mostra, composta por 74 fotografias, estará em cartaz até o dia 23 de março de 2013, distribuída em 21 lounges da Torre, do 5º ao 26º andares.

Estímulo à inovação
“Esses dois projetos trabalham sobre dois pilares: a valorização das pessoas e o incentivo à inovação. A partir do momento em que coloco arte em um ambiente onde mostro beleza e cuidado, afeto indiretamente a produtividade. Ter beleza ao redor inspira a fazer um trabalho de mais qualidade e criatividade”, conta Viviane. Embora não se possa fazer uma relação métrica direta entre a produção cotidiana e o convívio com a arte no espaço de trabalho, os seus benefícios já foram comprovados no passado.

Gustavo Morita
Viviane de Paula, RH do Grupo Santander no Brasil: “a arte exerce um importante papel no reflexo de nossos valores”

Esses aspectos positivos são relevantes para o sucesso da empresa, segundo Elys de Vries, coordenadora do Acervo Cultural e curadora da Coleção Santander Brasil. “Nem todo mundo tem familiaridade com esse olhar artístico e, mesmo não gostando, há um estímulo ao novo e à aprendizagem da contemplação. É sempre interessante quando uma instituição segue o que essas gerações estão dizendo sobre o Brasil na arte”, conta a executiva a respeito da coleção do banco, que aumenta mais um pouco com a inclusão dos novos artistas. “Entra ano e sai ano, há uma harmonia, um padrão que vai surgindo da diferença em quatro grandes temas na coleção: as festas populares brasileiras, o folclore, a infância e a riqueza natural do Brasil”, explica Elys sobre o acervo que, em breve, estará em um livro que trará artistas menos conhecidos, mas relevantes na evolução de suas gerações, como Arcangelo Ianelli, escultor e pintor pós-moderno do grupo Guanabara, o pintor e desenhista japonês Manabu Mabe, pioneiro do Abstracionismo no Brasil, e Milton Dacosta, cujos abstratos geométricos são essenciais para o entendimento dos movimentos concreto e neoconcreto.

Economia criativa
À primeira vista, humanizar o ambiente de trabalho e dinamizá-lo com uso de novas linguagens são benefícios desde o início explicitados nesses projetos, mas em um segundo plano, eles integram uma percepção mais ampla da economia, a chamada “criativa”, que abrange criação, produção e distribuição de produtos e serviços com base no conhecimento e no capital intelectual. Esses produtos de valor não tangível se encontram no cinema, na dança, nas artes plásticas, na arquitetura e no design. De acordo com Franz Manata, um dos curadores responsáveis pelas exposições e consultor do acervo do banco, um dos objetivos de Conhecendo Artistas e Convivendo com Artes é também estimular a economia criativa por meio do colecionismo. “Em um primeiro momento, esses programas e exposições habilitam as pessoas a entender o pensamento abstrato contemporâneo e ampliam o espectro de seus costumes culturais”, conta. “Em um segundo, estimulam novos públicos da arte e tornam o nosso circuito mais visível, investindo em uma cadeia de forma profissional. É importante que as pessoas saibam que a arte pode ser acessível e comprar ou colecionar não é tão caro como se pensa”, explica Manata.

Essas iniciativas vão ao encontro de outras do Santander que apoiam o artesanato nordestino e projetos como o Paraty Eco Fashion, um evento de moda sustentável. Além disso, os centros culturais do banco em Recife (PE) e Porto Alegre (RS) já receberam cerca quatro milhões de frequentadores desde o ano 2000, incentivando várias manifestações culturais e produções locais. Embora a política do banco seja inicialmente incentivar essa produção comprando obras, os programas buscam mostrar que isso pode ser feito também pelos funcionários e clientes – as obras de jovens pintores em exposição na Torre Santander estão à venda a valores entre 500 e 3,5 mil reais. “É mais um jeito de incentivar arte no país, pois isso não tem sido feito com tanta frequência por instituições públicas. Essa política de compra é comum no mundo todo e, no Brasil, é uma forma de o mercado de arte se profissionalizar cada vez mais”, diz a pintora Ana Elisa Egreja que teve uma obra comprada pelo banco. A quem compra é importante dizer que o investimento tem retorno de longo e médio prazo. “Existe um potencial de colecionismo no Brasil, mas ainda é pequeno. É uma área que tende a crescer. Tem uma coisa de paixão, depois que se começa a colecionar arte. A pessoa compra 3, 4, 5 obras e começa a construir seu próprio olhar, a visão dela vai evoluindo com o tempo. Quem coleciona não tem a preocupação com o retorno”, explica o fotógrafo Cássio Vasconcellos, cujo trabalho de fotos aéreas é um exercício de montagem da perspectiva.

O fácil acesso às obras tem conquistado o apoio de funcionários que não perdem a oportunidade de levar para a casa algo que os cativa, sem pensar nisso como um investimento financeiro – caso do diretor do departamento de pessoa física Gilberto Abreu. Nos últimos cinco anos, o seu hobby tem sido colecionar peças antigas e de beleza única, como uma foto de autoria do naturalista e explorador Araquém Alcântara, comprada no projeto Conhecendo Artistas. “Eu não conhecia o trabalho dele e me encantei pela imagem, sua beleza é chamativa. Arte no ambiente de trabalho, especialmente para quem está em uma área mais técnica como eu, ajuda a sempre suavizar o lugar e estimula a busca por cultura nas horas vagas”, conta ele, que pagou três mil reais pela imagem. “O mais legal é que tem gerado muito interesse dos outros funcionários e um projeto de extremo bom gosto como esse sempre é bem-vindo”, finaliza Abreu. 

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