Carreira e Educação

Em dia com as demandas

de Carolina Sanchez Miranda, em 12 de novembro de 2014
Joel Dutra / Crédito: Divulgação
Joel Dutra, da FIA: formar consultores internos / Crédito: Divulgação

A demanda por especialização na área de gestão de pessoas é crescente, segundo os coordenadores de cursos de especialização, pós-graduação e MBA de algumas das principais instituições de ensino de administração e negócios ouvidas por MELHOR. E a busca por aprimorar os conhecimentos nessa área não é só de profissionais que atuam em RH. “A grande maioria ainda é da área. Mas percebemos que, hoje, a gestão de pessoas não se limita a esse departamento. Envolve um conjunto de agentes que formam o que chamamos de modelo de gestão de pessoas. Nesse sentido, profissionais que trabalham na comunicação interna, por exemplo, fazem parte do modelo. Da mesma forma, advogados trabalhistas, médicos do trabalho profissionais de segurança do trabalho, não estão dentro do RH, mas estão integrados ao modelo”, analisa André Fischer, coordenador da pós-graduação em modelos de gestão estratégica de Pessoas, da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Edson Schrot da Silva, coordenador do curso de pós-graduação em gestão estratégica de pessoas, do Centro Universitário Senac, de São Paulo, também vê o crescente interesse por esses cursos por parte de profissionais com a responsabilidade ou vontade de liderar e gerenciar pessoas. Segundo ele, o programa ajuda a ampliar o conhecimento dos participantes sobre conceitos e métodos de gestão de pessoas, desenvolver sua visão estratégica das questões relacionadas ao tema, prepará-los para identificar possibilidades de melhorias em processos de gestão de pessoas, elaborar projetos, mobilizar recursos, implementar e gerir esses projetos. “A ideia é estabelecer um link entre estratégia e operação. Ensinar ao participante como atuar nos sistemas de RH de forma estratégica”, diz.

Curso mais enxuto 
Silva conta ainda que o curso passou por uma reformulação no plano pedagógico do ano passado para cá. “A carga horária passou de 420 para 366 horas e trouxemos uma visão mais prática para a formação, dando a possibilidade para os participantes colocarem em prática o aprendizado”, conta. Além disso, a disciplina “metodologia de pesquisa” foi substituída por outras duas, chamadas “projeto 1” e “projeto 2”, ministradas em semestres diferentes. A primeira é realizada em sala de aula, a segunda, fora. “Os alunos escolhem uma empresa para trabalhar a gestão de pessoas com foco no tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Essa é uma iniciativa que buscamos aperfeiçoar cada vez mais, por meio de convênios com empresas”, diz Silva.

A distância
Mudanças também foram promovidas no curso de pós-graduação em modelos de gestão estratégica de pessoas, da FIA, há um ano e meio, como conta Fisher. “Focalizamos o curso para uma perspectiva de atender e formar consultores internos de alto nível. O aluno tem de sair do curso sendo capaz de atender como consultor interno uma empresa de tamanho médio, coordenando toda a equipe e atendendo o gestor dessa empresa como consultor ou ainda ser capaz de atender uma grande unidade de negócios de uma empresa”, afirma.

Na recente reformulação do curso também se procurou ajustar o foco sobre (além das disciplinas de consultoria interna) gestão da cultura do clima organizacional, gestão de mudanças e alinhamento estratégico de RH. “Também incluímos uma carga horária de educação a distancia, que é muito pequena ainda e deve aumentar”, complementa Fischer.

Assim como os demais, o curso é voltado para todos os profissionais interessados em atuar ou entender os modelos de gestão de pessoas ou para profissionais em uma fase intermediária de carreira, que queiram atuar de forma diferenciada para galgar cargos de diretoria, como explica Fischer.
O coordenador conta que o curso utiliza estudos de caso como base da metodologia de ensino. “Procuramos mostrar que existem vários modelos de gestão de pessoas que são aplicáveis às organizações e que o papel do profissional de RH ou responsável pela gestão de pessoas é decodificar aquilo que a organização demanda e indicar a alternativa mais adequada.”

Já no MBA em RH oferecido pela mesma instituição, o perfil de alunos é diferente. São profissionais que já compreendem o jogo político da organização, como explica o coordenador do curso, Joel Dutra. “São pessoas com diversos tipos de formação, que nem sempre têm título de gerente, mas que atendem o negócio em nível estratégico”, diz, ressaltando que existe uma grande preocupação em ter um grupo mais homogêneo para que a aprendizagem flua melhor. “Nosso aluno aprende com nosso aluno. Toda a lógica de avaliação é basicamente feita em grupo”, diz.

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André Fisher / Crédito: Divulgação
André Fisher, da FIA: Gestão de pessoas não se limita ao RH / Crédito: Divulgação

Equilíbrio de temas 
O MBA já é oferecido pela FIA há 17 anos e há um ano e meio passou por mudanças no programa. “Antes, o foco maior era em gestão de negócios, agora é dividido de maneira mais equilibrada com gestão estratégica de pessoas”, esclarece Dutra. Mas o que não mudou foi a utilização de estudos de caso como fio condutor da aprendizagem e a realização de workshops de melhores práticas.

Os estudos de caso têm como base o trabalho realizado desde 1998 pelo Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (Progep), um centro de pesquisa e educação executiva especializado em gestão de recursos humanos, criado por professores originários da Faculdade de Economia Contabilidade e Administração da Universidade de São Paulo (FEA USP).

“O conteúdo do MBA é vivo, sempre se renovando e baseado em pesquisas sobre a realidade brasileira e mundial”, afirma Dutra. “O Progep faz uma série de pesquisas, incluindo um ranking das melhores empresas para trabalhar. Estamos participando de uma pesquisa internacional envolvendo 57 países para fazer análise relativa de como o Brasil está em termos de gestão de pessoas”, ilustra.

Humanista
Lançado pela FGV em São Paulo, em abril deste ano, o MBA em gestão estratégica e econômica de recursos humanos tem como foco empresários, consultores, gestores e profissionais com posição de responsabilidade e, ou de impacto na organização e que já atuem ou tenham interesse em atuar como especialista em recursos humanos. A graduação em qualquer área e a experiência profissional de pelo menos três anos também são requisitos para a matrícula, lembra a coordenadora acadêmica do curso, Denize Dutra.

De acordo com ela, o foco do programa não é tornar qualquer gestor um gestor de pessoas, é a especialização do profissional que atua ou deseja migrar para a área de RH, ou seja: a formação do especialista estratégico de RH e com visão sistêmica do negócio. “Queremos atender à necessidade das organizações de capacitar os seus profissionais de RH para a nova realidade de um mundo globalizado, competitivo, em que até mesmo a administração pública precisa repensar suas políticas e prática de gestão de recursos”, complementa.

Também voltado para pessoas que não são necessariamente da área de RH, o programa gestão estratégica de pessoas, oferecido pela Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com o Insead, da França, propõe uma reflexão e compreensão das demandas da sociedade e do ambiente organizacional, a partir de um viés humanista. “É um programa para um nível mais estratégico de gestores, de todas as áreas da gestão. Procura discutir algumas temáticas da organização que qualquer um que tem o desafio de gerir pessoas precisa entender”, explica a gerente de projetos da FDC, Claudia Andrade Botelho.

Questões estratégicas
O conteúdo do curso também já sofreu alguns ajustes. “O que se destaca no modelo atual é que na etapa realizada no Brasil não se discute sobre ferramentas de gestão de pessoas. Discute-se com o grupo as questões estratégicas e se promove a reflexão sobre o desafio de gerir pessoas”, conta Claudia. 

A primeira aula acontece no Museu de Artes e Ofícios e faz parte das vivências e reflexões estruturadas, a partir das quais os participantes entram em contato com questões fundamentais da gestão de pessoas em três perspectivas. A primeira perspectiva retoma o processo sócio-histórico do trabalho e como a gestão de pessoas passou a ser uma resposta a esse movimento. A segunda trata da realidade atual e trabalha a cultura nas dimensões antropológica e organizacional. E a terceira perspectiva traz o olhar para o futuro e para o exercício da liderança no contexto contemporâneo, trabalhando o tema do desenvolvimento durável e seus desafios para a gestão de pessoas. “A ideia, com isso, é aumentar o repertório desses líderes, do que precisam considerar e compreender para fazer uma gestão de pessoas eficaz num ambiente tão complexo”, explica Claudia.

 

 

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