Gestão

Feedback de baixo para cima

de em 25 de março de 2015

Muitos não se sentem à vontade quando o assunto é feedback e quando ele acontece debaixo para cima, há ainda o receio que tal prática possa gerar desconfortos corporativos. Mas isso está mudando e a prática já pode ser vista em algumas empresas, com a geração de bons resultados.

Diversos pontos devem ser levados em consideração ao abordar esse processo nas empresas como o atual modelo de cultura organizacional, a comunicação líder e colaborador e os métodos de avaliação aplicados para mensurar competências e resultados. Segundo Ramiro Zinder, sócio e consultor da Zinder Gestão & Capacitação, para que o colaborador se sinta a vontade para dar seu feedback a um gestor é necessário iniciar o processo pela cultura organizacional. “Algumas empresas são mais transparentes e informais. Outras mais rígidas e formais. Nesse caso, é preciso uma mudança cultural voltada para desenvolvimento de relações humanas saudáveis. Ninguém se sentirá confortável em fornecer feedback para seu gestor se a empresa é alicerçada na cultura do medo e do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, alerta.

Para que isso seja possível a empresa pode incentivar esta prática criando momentos adequados e estruturados para que haja um diálogo formal sobre competências e sobre desempenho, segundo Fausto Alvarez, sócio diretor da Kienbaum Brasil. “O feedback ao gestor pode ser incentivado através dos processos estruturados de avaliação de competências, sejam eles de 180 ou 360 graus, com isso a prática e a valorização do feedback serão cada vez maiores com o exercício constante e estruturado destas ferramentas”.

Um exemplo de empresa que aplica o feedback reverso é a Cigam. Ela já a realiza tal prática há muitos anos e alega que esse modelo faz parte da cultura organizacional da companhia e que acontece com frequência e naturalidade. “Partimos do pressuposto de que todos possuem aspectos a serem aprimorados e por isso, incentivamos a pratica do feedback em todas as instâncias hierárquicas, ou seja, do gestor para o profissional e dos profissionais para os seus gestores. Ouvir o que o colaborador tem a dizer sobre o desempenho do seu líder é uma ótima oportunidade para saber se ele está atendendo as expectativas e necessidades de sua equipe”, explica Linique Karling, psicóloga organizacional da empresa.

Por meio de avaliações
O feedback reverso é uma das ferramentas que fazem parte das avaliações 180º e 360º e por competências. “Ele é implantado como uma técnica dentro de um sistema de avaliação de desempenho 360º. Quando não existe esse sistema, o feedback reverso pode ser implantado por meio de treinamentos comportamentais voltados para o aperfeiçoamento das relações humanas no trabalho” relata Zinder.

E é nesse sentido que a Cigam complementou o processo de feedback com a implantação de uma Pesquisa de Avaliação das Lideranças. Ela foi criada em 2009 e seu principal objetivo é obter uma avaliação formal e sigilosa de todos os líderes da organização. “Através de uma ferramenta web, cada profissional é convidado a avaliar seu coordenador, gerente e diretor em diversos aspectos. Com isso, conseguimos obter um ‘raio x’ da equipe de líderes, permitindo que o gestor avalie suas ações e corrija sua própria rota”, explica Linique.

Ela complementa afirmando que “o feedback, se realizado de maneira consciente e com ferramentas adequadas, sempre será um processo que auxilia no desenvolvimento e crescimento dos profissionais e da empresa”. Já Zinder afirma que “os benefícios do processo vão ainda mais além ao desenvolver a melhoria dos processos de comunicação interna, aumentar o nível de confiança entre gestores e geridos, além de potencializar as relações humanas no trabalho, aumentar a transparência nos processos administrativos, entre outros”.

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