A globalização da indiferença

de Redação em 17 de fevereiro de 2017

O espantoso (e contagioso) crescimento de um
sentimento universal: a indiferença

donadao-textoTalvez demande muitos e aprofundados estudos de especialistas em comportamento humano. E é bem provável que boa parte das pessoas encontre justificativas racionais para negar a sua evidência. Mas a verdade é que a indiferença vem ganhando de goleada o campeonato mundial de atitudes do ser humano com relação às atrocidades e desmandos desse início do século 21.

Essa constatação vale para múltiplas dimensões de análise, nos planos geoeconômicos, políticos, sociais, humanitários. Um exemplo banal: qual a nossa costumeira reação (no aspecto dos sentimentos) quando assistimos a um programa cotidiano de notícias da TV sobre o caos provocado pela guerra na Síria? Ou sobre o desespero e angústia dos emigrantes de várias regiões africanas na busca da sobrevivência (a mera sobrevivência)?

São, é claro, informações de realidades distantes, com baixas implicações para a grande maioria de nós, brasileiros. Mas representam um fenômeno preocupante, um traço dominante de comportamento, alertado recentemente pelo Papa Francisco (sempre ele). A anestesia que parece ter tomado conta do espírito generalizado da humanidade, quando confrontado com a barbárie e os descalabros que teimam em perdurar, ano após ano, nos atos de governo de alguns líderes mundiais.

Um dia desses, na coluna da jornalista Ana Reis, do jornal O Globo, constou uma citação sobre a mitologia celta: a deusa da guerra defendia que o fim do mundo estaria próximo quando ocorressem, ao mesmo tempo, confusão das estações climáticas, profunda corrupção dos homens, decadência das classes sociais, violência e perversão dos costumes. Se esse prognóstico celta parece atual, não é mera coincidência. E com preocupante similaridade, aí sim, com o nosso Brasil. E com o agravante da lembrança do Papa Francisco: o risco de nossa letargia diante da realidade.

É hora de promovermos, individualmente, a reflexão sobre esse risco e o que fazer a respeito. Onde está o nosso ponto de mutação, saindo da indiferença para algum tipo de ação proativa?

Não se trata de defender panfletagens ou arroubos rebeldes, mas sim de resgatar a saudável indignação diante de contextos de negação dos princípios elementares da ética e do respeito nas relações.

O que a área e os dirigentes de recursos humanos têm a ver com isso? Tudo. Na medida em que as crenças e valores que podem impulsionar o tal “ponto de mutação” dos nossos comportamentos são parte de uma cultura organizacional a ser revitalizada ou construída, com a influência determinante de recursos humanos.

*Dorival Donadão é consultor em gestão e desenvolvimento humano

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