Incluída, Finalmente

de em 18 de fevereiro de 2010

“Os telhados de vidro do sexo e da cor estão rachando.” A frase de Andres Tapia, líder da prática de diversidade e forças de trabalho emergentes da Hewitt Associates, introduz uma nova realidade nas companhias e organizações de todo o mundo: o avanço da diversidade e da inclusão. Segundo ele, a eleição do presidente Barack Obama, nos EUA, em 2009, foi a peça que faltava nessa engrenagem.

Autor do livro The inclusion paradox: The Obama Era and the transformation of global diversity (em português algo como O paradoxo da inclusão: a Era Obama e a transformação da diversidade global), Tapia conta que, embora esse movimento tenha começado bem antes da eleição do primeiro presidente negro norte-americano, ele [o movimento de diversidade e inclusão] vai entrar definitivamente na pauta empresarial este ano. “Mesmo nos países que descartaram a diversidade como um fenômeno americano, a demografia transformou drasticamente a sociedade, a economia e a política”, salienta o consultor e escritor.

E exemplifica: “Algumas dessas mudanças transformadoras incluem a eleição de Cristina Fernández de Kirchner, na Argentina, e de Michelle Bachelet [cujo mandato foi recentemente concluído] no Chile, conferindo à América Latina duas presidentes do sexo feminino. No mundo corporativo, Yahoo, Xerox e Pepsi têm poderosas CEOs, e a Time Warner e Kodak, CEOs afro-americanos e latinos.”

Tapia faz questão de salientar que não estamos vendo apenas diversidade no topo. De acordo com o consultor, conforme migramos da representação simbólica para massa crítica, percebemos novos estilos de liderança, novas estratégias de negócio e políticas corporativas, e novas abordagens para criar ambientes mais inclusivos. “Vamos vivenciar um renascimento da tomada de decisões orientada para valores, o que significa que os líderes prestarão atenção em como tomamos as decisões, e como tratamos os outros. Como o presidente Obama declarou, as palavras importam. Tanto os fins quanto os meios importam, e devemos tratar uns aos outros com integridade.”

Sem dúvida, esse novo tratamento vem ganhando mais e mais espaço em discussões no mundo corporativo, que assistiu, recentemente, a uma crise financeira cuja causa, segundo alguns especialistas, é de ordem moral e de confiança. Desse cenário de instabilidade na economia mundial, da qual o Brasil parece dar sinais de recuperação, são muitos os aprendizados e desafios que se descortinam diante de empresas, governo e sociedade. E não apenas no campo financeiro surgem essas questões: há desafios cada vez maiores também em relação ao meio ambiente, entre outros. Nesse último grupo, Tapia inclui questões ligadas à saúde e aposentadoria da população que tende a apresentar um grupo de idosos maior a cada ano.

Como um equilibrista, que se desdobra para manter uma série de pratos girando sobre hastes, num trabalho que demanda esforço e concentração, da mesma forma as empresas se veem na busca pelo equilíbrio ou solução desses desafios. Nesse ponto, o trabalho de uma área de D&I (diversidade e inclusão) contribui para superar alguns, sem dúvida, mas, como Tapia salienta, essas ações não devem ser julgadas pela intenção, mas por seus impactos. “Os praticantes da diversidade devem moldar e entregar soluções que contribuam diretamente, e de maneira tangível, para os objetivos globais das empresas.”

Ele exemplifica: uma companhia norte-americana de serviços de assistência médica está posicionando sua estratégia de diversidade em termos de crescimento e contribuições para as margens conforme mune sua força de trabalho para entender melhor as diferenças culturais e trazer serviços de distribuição para farmacêuticos independentes em comunidades etnicamente heterogêneas.

Destacar as diferenças
Diversidade e inclusão, contudo, não significam a mesma coisa. Tapia explica que a primeira é a mistura. Já inclusão é fazer essa mistura funcionar. “Para desenvolver ambas, devemos questionar a abordagem de que, para obter inclusão, teremos de minimizar as diferenças.”

O consultor defende que se debatam as diferenças, para que não provoquem uma degradação invisível do desempenho do grupo, enviando as emoções, crenças e talentos para baixo do tapete. “Em vez de minimizar as diferenças, precisamos destacá-las”, acrescenta. “Destacar e utilizar as diferenças de outras pessoas de uma maneira intercultural e competente sempre vai desencadear contribuições criativas de perspectivas diversas, e isso levará a relacionamentos profissionais melhores e maior inovação e lucratividade, o que beneficiará indivíduos, equipes e organizações”, diz.

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