Jogo do bem

de em 4 de fevereiro de 2014

Estima-se que hoje existam, apenas na América do Norte, cerca de seis mil cidades que foram abandonadas ao longo da história. Entre os motivos do abandono estão guerras, crises econômicas, problemas ambientais, ou mesmo catástrofes naturais. Ou seja, a exploração insustentável dos recursos naturais do planeta é uma das consequências para o ambiente de ruína. Uma nova iniciativa que pretende funcionar como uma ferramenta de educação corporativa traz histórias verídicas de três cidades ao redor do mundo, uma delas no Brasil, que estão abandonadas e podem servir de exemplo para um novo modelo de planejamento.

Idealizada pela Fundação Espaço Eco (FEE), instituída pela Basf, Cidades sustentáveis – o jogo da socioecoeficiência tem como objetivo fazer com que cada participante entenda e aplique, de forma prática, conceitos como sustentabilidade e socioecoeficiência, refletindo sobre a relação entre esses conceitos e suas atitudes cotidianas.

Composto por um tabuleiro para até seis pessoas, o jogo propõe que o grupo cumpra a missão de recuperar cidades abandonadas para que se tornem novamente habitáveis, seguindo um modelo socioecoeficiente.

O jogo foi criado a partir da necessidade de se traduzir o conceito de socioecoeficiência para diversos públicos, principalmente o corporativo. Além disso, é uma ferramenta que permitirá às empresas uma  melhor visão de seus modelos de gestão, identificando os impactos da sustentabilidade em seu negócio.

Três destinos
Conheça as histórias das cidades que compõem o jogo

Hashima – Japão
A ilha Hashima é um pequeno afloramento de rochas ao lado da costa de Nagasaki, no Japão. Apesar de pequena em tamanho, a ilha foi importante em magnitude: era um centro de mineração de carvão.
Em 1890, época em que a riqueza da ilha foi descoberta, uma empresa japonesa comprou Hashima das famílias locais. A empresa construiu casas na ilha para acomodar seus funcionários. Blocos de apartamentos foram construídos de uma única vez. O espaço era reduzido e caro, então as famílias eram obrigadas a morar juntas em alojamentos, dividindo banheiros e cozinhas.

Depois da 2ª Guerra Mundial, a vida dos funcionários que moravam na ilha ficou melhor. Cinemas, consultórios, restaurantes e bares foram construídos e a cidade transformou-se em uma comunidade próspera. O complexo estava ligado por túneis subterrâneos. No seu auge, em 1959, Hashima era a cidade de maior densidade populacional do planeta, com 1 habitante por 12m2.

No entanto, seu grande desenvolvimento teve curta duração. Na década de 1970, o petróleo passou a ser a matriz energética dominante, substituindo o carvão mineral, e sua exploração em Hashima se tornou economicamente inviável. A empresa japonesa anunciou o fechamento da mina em abril de 1974. No mesmo ano, os últimos moradores da ilha foram transportados para o continente e ela permaneceu abandonada até hoje. Apesar de mais de três décadas de renúncia, as estruturas da ilha ainda estão em boa forma.

São João Marcos, Rio de Janeiro – Brasil
São João Marcos foi uma importante cidade no início do ciclo do café. Localizada no estado do Rio de Janeiro, a 100 km da capital, chegou a ter 20 mil habitantes. Foi um dos mais importantes polos produtores de café, riqueza esta que lhe permitiu possuir escolas, teatros e fábricas e um dos melhores padrões de vida do país.

No início do século, o Rio de Janeiro, se desenvolvia e sua população aumentava rapidamente. Esse acelerado desenvolvimento trouxe a necessidade de obter mais energia elétrica e água potável. A solução foi a construção de uma represa e uma hidrelétrica no Ribeirão Lages, localizado em São João Marcos. Alguns erros de planejamento fizeram com que centenas de grandes fazendas fossem inundadas, o que ocasionou sérios problemas, como uma epidemia de malária.

Na década de 1930, o Rio de Janeiro continuou seu processo de crescimento e iniciou-se o planejamento da expansão da represa. A população foi indenizada e retirada da cidade e construções, demolidas. No entanto, mesmo com o aumento da represa, as águas nunca chegaram ao centro de São João Marcos.
 
Balestrino – Itália
Balestrino é uma comuna localizada na Província de Savona, região da Ligúria, no norte da Itália, polo de maior importância demográfica e econômica. Fica localizada em uma colina a 70 quilômetros de Gênova, cortada pelo Rio Pó.

Possui relevo bastante acidentado, uma vez que está inserida no domínio geomorfológico dos Apeninos. Sua origem remonta ao século 11, sendo, a princípio, propriedade da abadia beneditina de San Pietro dei Monti. A arquitetura existente hoje é a mesma desde a época do marquês Carretto de Balestrino, que levantou seu castelo no século 14. Sendo assim, é um importante sítio arqueológico medieval, com quase mil anos de história, o que lhe confere um elevado valor  paisagístico.

A cidade começou a perder sua população no final do século 19 quando os terremotos abriram fendas na região e estragaram muitas propriedades. Em 1953, a cidade foi abandonada devido a sua “instabilidade geológica”. A parte da cidade que permaneceu intocada desde essa época está sendo atualmente objeto de um plano de revitalização.

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