Liderando em tempos de mudança

de Edmarson Bacelar Mota em 15 de fevereiro de 2018

Por Edmarson Bacelar Mota*

Estamos vivendo em um ambiente cada vez mais complexo e volátil, com muita incerteza e imprevisibilidade, devido às fortes mudanças dos últimos anos, o que nos obriga a antecipar novas oportunidades ou, no mínimo, reagir em busca de maior produtividade naquilo que já fazemos. Para isso, é necessário termos líderes que permanentemente orientem reflexões sobre nosso futuro, nosso propósito, nossa atuação e promovam transformações em si próprios, em sua maneira de atuar e nos membros de sua equipe, incluindo o comportamento, mas também seus valores e motivações, estimulando uma maior participação na busca de soluções e na condução das ações decorrentes.

Os modelos de recompensa e punição tradicionalmente usados continuam funcionando, mas apenas em um leque cada vez mais estreito de situações. No caso dos trabalhadores da era do conhecimento, é necessário buscar o engajamento pleno de cada pessoa da equipe tomando medidas como: aumentar o nível de compreensão e de consciência sobre a importância e o valor dos resultados desejados e as formas de alcançá-los; influenciar as pessoas a pensarem nos interesses da equipe, antes de seus próprios interesses, e ser exemplo disso, elevando os níveis de necessidades das pessoas na escala de Maslow ou expandindo seu portfólio de desejos e necessidades.

Para inspirar as pessoas da equipe, aumentar a confiança que cada um tem em si próprio e no líder, bem como o valor que atribuem aos resultados e as motivar a realizar esforços extras para alcançá-los, especialmente em tempos de mudança, o líder pode utilizar o poder e influência gerados por seu carisma, por uma atenção individualizada a cada um de seus liderados e por estímulos intelectuais, bases da Liderança Transformacional.

Seus pilares são:

  1. Carisma –ser capaz de gerar respeito e confiança, mostrando autoconfiança e competência, aproveitando oportunidades, colocando o interesse de todos antes dos individuais (inclusive, dos seus) e respeitando as pessoas com seus diferentes valores e ideias; inspirar, moldando uma visão que dê sentido/propósito ao trabalho, dando forma a um futuro engrandecedor e comunicando altas expectativas, objetivos, claros e desafiadores, e por ser exemplo, um modelo a seguir; e encorajar, conseguindo a colaboração e o compromisso de todos com a missão e os objetivos;
  2. Estimulação intelectual –estimular as pessoas da equipe a usarem sua inteligência e racionalidade para resolver problemas de forma criativa e inovadora, de suas próprias maneiras, questionando “verdades estabelecidas” e considerando diferentes visões/ percepções sobre cada questão; e capacidade de designar tarefas interessantes e desafiadoras, o que exige conhecer cada um (ver mais no item abaixo);
  3. Consideração individualizada –tratar cada liderado com atenção e consideração, ajudá-los a desenvolver seu pleno potencial, por meio defeedback, treinamento/ desenvolvimento e conselhos; alinhar as necessidades individuais com a missão da organização e com tarefas compatíveis com a capacidade de cada um.

Enfim, o líder transformacional costuma ver à frente de seu tempo e, talvez justamente por isso, se preocupa com a sustentabilidade tanto da equipe, quanto das tarefas. Ela(e) muda valores, faz revoluções e também se preocupa com os resultados, embora não só com os de curto prazo. Como benefícios extras, essa forma de atuação tem mostrado, onde aplicada, aumentos na satisfação das pessoas das equipes e na percepção que elas têm da eficácia de seus líderes e maior compromisso com a missão e os objetivos estabelecidos. No entanto, o ambiente atual é complexo demais para que se espere por lideranças salvadoras. É preciso lhes oferecer tempo e espaço, prepará-las e desenvolvê-las, para que, por meio da colaboração, com a equipe e demais stakeholders, cheguem a decisões e resultados cada vez melhores.

*Edmarson Bacelar Mota é professor do ISAE – Escola de Negócios nas áreas de Desenvolvimento Humano e Gerencial

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