Gestão

Mais cheio

de em 9 de agosto de 2011
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O real valorizado e o aquecimento do mercado brasileiro têm acentuado a curva de evolução salarial no país. A avaliação é de Frédéric Ronflard, diretor de operações da Robert Walters no Brasil, empresa de consultoria de recrutamento. Para ele, o maior crescimento dos salários está em áreas como a de finanças, na quais o Brasil chega a superar, em alguns casos, a média de mercados da Europa,  EUA e China – depois de se observar os dados de uma pesquisa mundial sobre salários feita pela consultoria.

Segundo Ronflard, a maior “inflação salarial” é observada para os executivos com mais de dez anos de experiência, na chamada alta gerência. Já nos níveis de entrada, os salários continuam mais baixos em comparação com outros mercados. No caso de profissionais com experiência de até oito anos, porém, a remuneração é equivalente. “Os salários sobem muito rápido. E em alguns cargos de liderança, o brasileiro se tornou muito caro”, destaca.

Os chefes de tesouraria brasileiros, por exemplo, ganham mais que os executivos de Londres, Nova York, Xangai, Paris e Madri. Na posição de CFO e chefe de controladoria, o Brasil já supera os mercados espanhol, chinês e francês, mas a tendência é de que ultrapasse também outros países. “A controladoria ainda é uma área pouco desenvolvida no Brasil e deve crescer mais a partir deste ano”, conta Ronflard.

A pesquisa registrou também que a tendência de crescimento na remuneração se repete em áreas como recursos humanos. O salário de um diretor de RH no país, por exemplo, varia de 240 mil reais a 455 mil reais por ano, de acordo com o grau de experiência do profissional. Essa mesma posição em Londres tem salários médios de 363 mil reais e, em Xangai, de 280 mil reais. “O RH está se tornando mais complexo e segmentado no Brasil, o que valoriza o profissional especializado. Ao mesmo tempo, faltam competências básicas, como conhecimento
de idiomas.”

Jurídico
Na área jurídica, Ronflard destaca o movimento de escritórios internacionais chegando ao país, o que provoca uma disputa por talentos com até cinco anos de experiência. Por outro lado, empresas de todos os setores também estão demandando profissionais para seus departamentos jurídicos. Nos dois casos, contudo, os salários não chegam a superar a média de outros mercados. “Existem muitos advogados no Brasil, mas poucos com o perfil desejado, conhecimento de idiomas e boa formação. Somente aqueles que se destacam são mais bem remunerados”, diz.

No setor tributário, a demanda por cargos como o de diretor, cujo salário no país varia de 200 mil reais a 345 mil reais por ano, tem aumentado. “Além de muito valorizado no mercado, esse profissional não pode ser substituído por um expatriado. É difícil fazer alguém que não é brasileiro entender o complexo sistema de impostos do país”, afirma. Segundo Ronflard, em determinados segmentos, o executivo só aceita mudar de emprego com 50% ou 60% de aumento, o que tem surpreendido os departamentos de recursos humanos das multinacionais.

Muitas organizações querem expandir seus negócios no Brasil para aproveitar esse bom momento, mas são prejudicadas pela visão imediatista dos executivos do país em relação aos salários. “Eles têm dificuldade em entender o conceito de salário anual. Para valorizar um pacote global, que inclui bônus e benefícios de longo prazo, é preciso ter uma ideia de permanência na empresa, a que o brasileiro não está acostumado.”

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