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Mais espalhados

de Vanderlei Abreu em 26 de julho de 2010

Com o advento da tecnologia, muita coisa mudou no setor de benefício-convênio. Os antigos vouchers de papel foram perdendo terreno para os meios de pagamento eletrônico, como cartões semelhantes aos de débito bancário, e até mesmo para operações via telefone celular. E as principais fornecedoras desse mercado, além dos tradicionais vale refeição e alimentação, oferecem outros tipos e modalidades de benefício, como: o vales-presente, que pode ser utilizado em várias datas especiais; o vale-brinquedo, destinado aos filhos dos funcionários; o vale-combustível, em substituição ao tradicional reembolso de despesas. Outras operadoras do sistema de benefício-convênio aguardam a votação final, no Congresso Nacional, do Projeto de Lei nº 5.798/2009 para lançarem o vale-cultura. Isso sem falar na ampliação dos benefícios oferecidos, como pagamento de táxi, despesas de viagem, cartões em substituição à cesta de alimentação e recompensas de programas de incentivo.

O que, então, ainda podemos esperar desse segmento? Talvez seja cedo para pensar em novas tecnologias, mas as operadoras que atuam nesse mercado estão se valendo de parcerias com processadoras de cartões, como Redecard e Cielo, para ganhar capilaridade – atingir o maior número de estabelecimentos credenciados em todo o país por meio da rede dessas empresas.

Parte desse movimento deve-se à entrada da Visa Vale neste mercado, em 2003, utilizando a base instalada da antiga Visanet, hoje Cielo – o que garante a aceitação dos cartões- refeição em mais de 210 mil estabelecimentos. Outro fator predominante para a presença da operadora em quase todo o território nacional é o modelo de comercialização, feito pelos bancos sócios da empresa – Banco do Brasil e Bradesco, como explica o diretor-executivo de operações e TI, da CBSS, administradora dos cartões Visa Vale, Marcelo Leite. “Como cada gerente de agência bancária pode vender nossos produtos, conseguimos levar o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) a municípios que nunca tinham operado com esse tipo de benefício”, ressalta. “Todos os funcionários desses dois bancos são usuários de nossos produtos e a ampla rede de agências de ambos permite-nos chegar a cidades que até agora não faziam parte do PAT”, esclarece Leite.

A Ticket e a Sapore Benefícios são outras empresas que estão se valendo de parcerias com as processadoras de cartões para poder expandir seus negócios: ambas têm sua base de cartões em tarja magnética. A Sapore Benefícios se valeu do fornecimento inicial dos produtos alimentação e refeição aos funcionários da coligada Gran Sapore para poder ganhar capilaridade. “Como nossa empresa de refeições coletivas está presente em 600 municípios, conseguimos criar uma rede de representantes comerciais ativos que fazem relacionamento e prospecção em todos os estados do país”, destaca Eduardo Guerreiro, presidente da operadora. Mas ele não descarta querer ampliar mais o raio de ação da companhia. Tanto que a Sapore vem investindo na aliança com a Redecard desde o início de sua operação, em junho do ano passado. Segundo Guerreiro, esse é um fator importante desta parceria, pois propicia a agilização dos processos, já que a Redecard também é responsável pelo credenciamento da rede de estabelecimentos. “Isso significa que, se houver a necessidade de uma eventual expansão em algum local mais longínquo, a própria equipe da processadora se disponibiliza a fazer imediatamente esse serviço para nós, o que é inédito no mercado”, completa.

Quem também aposta nessa visão é a Sodexo. Raquel Trindade, diretora de marketing e rede de estabelecimentos da empresa, afirma que a capilaridade é um dos pilares estratégicos da empresa, tanto que mantém uma unidade de negócios específica para o atendimento a sites remotos como, por exemplo, plataformas de petróleo. “Temos toda estrutura para fazer o credenciamento e atender nossos clientes. Faz parte de nosso DNA levar benefícios que gerem movimentação econômica, desenvolvimento das cidades e crescimento dos empregos, principalmente no varejo”, salienta.

Isso, no entanto, não deixa de lado o olhar atento para a implantação e oferecimento ao mercado de outros múltiplos meios de pagamento, sejam cartões magnéticos, smart cards e até mesmo o telefone celular para o pagamento de despesas de táxi. “Não vemos o cartão como um produto estático, mas como uma das modalidades de pagamento possíveis no setor de benefício-convênio”, afirma Raquel Trindade, diretora de marketing e rede de estabelecimentos, que acredita que devem surgir várias outras conforme o mundo eletrônico vá se modernizando.

Cartões alternativos
Apesar de o segmento de benefício-convênio ter poucas empresas, cada uma delas procura oferecer algum produto diferenciado. Para atender os funcionários recém-admitidos, por exemplo, a Ticket lançou há dois anos um cartão provisório com créditos para uso até a chegada do definitivo. “Juntamente com esse produto, oferecemos uma solução 100% web em que o cliente pode pedir um cartão em nome da empresa com a facilidade de entregar ao novo colaborador o benefício desde seu primeiro dia de trabalho”, detalha Gustavo Chicarino, diretor de estratégia, marketing e produtos.

A Visa Vale também oferece um canal de relacionamento totalmente via internet. Uma das ferramentas disponíveis é o kit faturamento, composto de nota fiscal eletrônica, boletos, demonstrativo e, também, reemissão de cartões e cancelamento de pedidos. Assim, os usuários podem ter melhor controle das transações feitas com o cartão, pois acessam o saldo diretamente no site da operadora. O chat on-line funciona no lugar do atendimento telefônico.

A Sodexo inovou ao adotar a tecnologia móvel para o pagamento de despesas de táxi. “O usuário paga a corrida pelo celular e o valor cai direto no centro de custo da pessoa”, destaca Raquel. De acordo com a executiva, a operação ainda é restrita à cidade de São Paulo devido à necessidade de credenciamento de frotistas de táxi para a adaptação do sistema de pagamento da operadora.

E, em junho deste ano, a Sapore Benefícios lançou um cartão destinado ao pagamento de despesas de viagem. Guerreiro conta que este produto foi desenvolvido para atender à necessidade de um cliente do setor de construção pesada para o custeio de viagens dos funcionários para seus domicílios numa frequência de 90 em 90 dias. “Esse cartão pode ser usado para a compra de passagens aéreas, rodoviárias, reservas de hotéis, aluguel de veículos, enfim, toda a demanda que existe em um processo de viagem”, detalha.

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