Missionários e migrantes

de Juliana Holanda em 10 de agosto de 2011

Em sua tese de doutorado para a Fundação Getulio Vargas (FGV), intitulada Do formal para o informal: executivos em trabalhos flexíveis, a aluna Ha Na Kim analisou os processos de migração de 30 executivos, residentes no município de São Paulo, ex-empregados de grandes corporações, que tiveram experiências em cargos de gerência média e alta em organizações nacionais e multinacionais e que, atualmente, trabalham no mercado sob regime de contratos flexíveis.

O objetivo era descrever o sentido atribuído por executivos ao processo de migração para formas mais flexíveis de trabalho e à nova realidade vivida. O estudo concluiu que os executivos em trabalhos flexíveis possuem alto nível de autoconfiança, uma visão missionária sobre o seu trabalho e diferentes motivos para a migração. Apesar dos problemas enfrentados para se estabilizar, a maioria demonstra a vontade de permanecer no trabalho flexível, contrariando grande número de estudos que enxergam a flexibilização de contratos de trabalho como uma precarização para os trabalhadores.

Os motivos de permanência são diversos, mas possuem um ponto em comum: a sensação de deter o domínio sobre a própria vida, do tempo, do dinheiro, do conhecimento e do seu futuro. Ha Na Kim avalia que, talvez, o cotidiano apresente muitas situações de submissão à vontade do cliente e de dedicação maior do que na época de empregado formal; mas, na realidade cotidiana, a sensação é de ser o “dono” da própria vida. Lições para as empresas pensarem mais sobre o que motiva as pessoas. 

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