Benefícios

Na contramão?

de Caroline Marino em 6 de julho de 2015

Primeira, segunda, ponto morto. Primeira, segunda, ponto morto. Buzina. Essa é a rotina de muitas pessoas no trânsito em algumas cidades brasileiras, como São Paulo, por exemplo. Em alguns casos, dependendo da hora (ou não), entre o semáforo passar da cor verde para vermelha, a distância conquistada – e o verbo se ajusta à guerra nas ruas e avenidas – pode nem chegar a um metro. Exagero? Antes de responder a essa questão, vale pensar em outras reflexões. Por exemplo: quanto tempo é gasto no trânsito? Qual o custo disso?

Segundo um levantamento divulgado em setembro do ano passado feito pelo Ibope a pedido da Rede Nossa São Paulo, o paulistano gasta em média duas horas e 46 minutos para se deslocar pela cidade, seja a pé, de ônibus, de bicicleta ou de carro. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da mesma cidade mostram que o número de paulistanos que usam carro todos os dias cresceu, entre 2013 e 2014, de 27% para 38% e de 52% para 62% a quantidade dos que têm carro em casa, aumento registrado em todas as faixas de renda, escolaridade e regiões da cidade. Há dois anos, circulavam pelas ruas e avenidas da capital paulista 5,4 milhões de carros. Numa relação com a população, chega-se a quase um carro para cada dois habitantes.

Mais dados: os custos com o trânsito na capital paulista podem ultrapassar os 10 bilhões de reais, número levantado em um estudo da Fundação Getulio Vargas realizado há três anos. A esse valor era somada mais uma boa quantidade de reais (30 bilhões, para ser mais exato) de perdas de oportunidades que a cidade deixara de aproveitar… Uma década antes, quando o esudo passou a ser realizado, o total de perdas era de 17 bilhões de reais. Ou seja, ficar parado no trânsito traz perdas para todos.

Mobilidade

Há também outras questões que envolvem qualidade de vida quando o assunto é (a falta de) mobilidade. Do estresse de quem fica preso em um engarrafamento aos gases poluidores que são despejados na atmosfera, o uso do carro para transporte vem sendo (ao menos deveria) ser repensado melhor daqui para a frente. No entanto, ter um carro oferecido pela empresa como benefício é algo muito valorizado por muitos executivos. E não por acaso esse item faz parte de boa parte dos pacotes de benefícios, sobretudo do pessoal C-level.

Uma pesquisa da Mercer com 467 empresas no Brasil mostra que o carro é um item de peso no pacote de benefícios de presidentes, vice-presidentes e diretores. Na quantificação do mix do que é oferecido a esses profissionais, o item automóvel responde por 33% para esses executivos – na sequência  dos três principais itens aparecem previdência privada (com 25%) e assistência médica (23%). Entre os gerentes seniores, o carro representa 24% do mix de benefícios; para os gerentes, o índice é de 15%. Presente em 83% dos pacotes de benefícios oferecidos para presidentes, o carro, nesse grupo, apresenta um valor aproximado de 157 mil reais. Entre os vice-presidentes e diretores, 83% recebem a caranga, com um valor em média de 111 mil. Para os gerentes seniores, esse valor é de 77 mil e 73% deles recebem esse benefício. Os carros são trocados a cada três anos em média e no caso dos que são oferecidos para os presidentes, 40% são blindados.

 

Outros na direção 
O mercado de gestão de frotas corporativas ainda é grande. É o que estima Fernando Ribaldo, diretor de terceirização de frotas da Unidas: “Há uma estimativa de que apenas 6% das frotas corporativas são terceirizadas. Existe um potencial de 5 milhões de veículos”, diz. Segundo ele, mesmo sendo um setor ainda em desenvolvimento, no quesito qualidade dos serviços prestados, a terceirização de frotas avançou muito nos últimos anos, principalmente no diz respeito à qualidade da gestão, profissionalização e nas ofertas de soluções.

Apesar do cenário macroeconômico menos favorável, a Unidas conta com boas perspectivas para o mercado de gestão de frotas no Brasil tanto no segundo semestre de 2015 como para 2016. Esse otimismo é compartilhado por outras duas empresas ouvidas, a Localiza Gestão de Frotas e a LM Frotas, e tem como base a redução de custos que a terceirização pode propiciar. “Isso se apresenta como uma importante medida de redução de custos e liberação de recursos, que porventura estariam alocados em carros, o que pode ser uma alternativa muito interessante em momentos de crise”, diz Gabriel Andrade, gerente de marketing e vendas da Localiza. Na LM, a expectativa para 2015 é de um volume de negócios no mesmo patamar de 2014. Já para 2016, tudo vai depender do resultado dos ajustes propostos pelo governo, diz Marcelo Guerra, diretor de desenvolvimento de negócios.

Entre as vantagens apontadas nesse processo de terceirização estão, além da redução de custos, maior foco na atividade-fim da organização e unificação de dados e serviços relativos à frota (como consumo de combustível e compra e venda de veículos), até a administração de cursos como o de direção defensiva.

 

Trânsito nos céus 
Não bastasse o excesso de veículos pelas ruas e avenidas, a região metropolitana de São Paulo conta com a maior frota de helicópteros civis do mundo. São aproximadamente 420 aeronaves registradas e cerca de 2.000 pousos e decolagens por dia, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero (Abraphe) divulgado em 2013. A pesquisa mostra que a Austrália tem a terceira maior frota nacional de helicópteros, com 2.025 aparelhos. O Japão, por sua vez, tem 778 aeronaves.

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