Gestão

O índice do valor humano

de Anderson Cavalcante* em 27 de setembro de 2010

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou, mês passado, um indicador inédito no mundo: o Índice de Valores Humanos (IVH), que retrata as vivências dos brasileiros nas áreas de educação, saúde e trabalho, e busca tornar a discussão sobre a importância dos valores para o desenvolvimento humano mais palpável. Assim como o Índice de Desenvolvimento Humano, o IVH também varia de 0 a 1. Mas qual a importância dos valores para o desenvolvimento do ser humano?

O conceito de valor é parte do estudo de inúmeras ciências. Existem aqueles que são universais, como igualdade, liberdade e fraternidade, mas que, infelizmente, nem sempre são praticados e respeitados em sua plenitude. Há, também, os que construímos a partir das nossas experiências e vivências; esses são responsáveis, segundo a psicologia, por cerca de 50% do nosso caráter e nos ajudam a nortear nossos caminhos. São valores como amor, honestidade, respeito, justiça, e outros que dão relevância para nossas atitudes no dia a dia. É a partir deles que definimos os caminhos a seguir em busca do nosso desejado destino e, especialmente, da realização de nossa missão de vida.

O Pnud destaca a importância dessa medição classificando o trabalho como “problema da sociedade moderna”. Para o órgão, o trabalho é um elemento de inclusão social e de ampliação da cidadania no âmbito das políticas públicas. Por isso, “o conflito aparece quando o sujeito confronta o que deseja ser e fazer com aquilo que ele, por razões muitas vezes ignoradas, efetivamente escolheu realizar como opção profissional”.

O maior subíndice registrado é o ligado ao trabalho, calculado em 0,79, o que significa que, nesse ambiente, os brasileiros experimentam mais situações positivas do que negativas. Em seguida está o referente à educação (0,54), e, em último lugar, o da saúde (0,45).  A questão trabalho, ligada principalmente à liberdade e à reciprocidade, é uma demonstração absolutamente positiva da busca saudável pela realização profissional. Quando os valores de colaboradores e empresas são contrários, as visões e, consequentemente, missões das partes tendem a se opor também. Passamos grande parte dos nossos dias em nosso emprego e é de extrema importância poder ser quem somos e trocar ideias e experiências com nossas principais companhias diárias.

A dimensão da educação demonstra que a maioria dos brasileiros (35,7%) considera que o objetivo dos conhecimentos adquiridos nas escolas deve ser, prioritariamente, a formação de bons cidadãos. Entretanto, essa percentagem é seguida de perto pelos que pensam que a conquista de um emprego deve ser o objetivo da educação (30,5%). Somente 23,3% da população prioriza a formação de uma boa pessoa por meio da educação, e uma mínima parcela (10,5%) pensa na educação como um caminho para uma boa vida. Ou seja, os valores medidos pelo Pnud são uma tentativa de materializar a relevância de certos valores na vida dos brasileiros para auxiliar, baseados nesses parâmetros, na construção e melhorias de uma nova realidade a qual desejamos. Podemos começar agora com cada pequena atitude, no trabalho e fora dele, e contribuir com essa grande obra para que o país possa formar cidadãos com valores dignos de orgulho. 

* Anderson Cavalcante é empresário, palestrante e autor de O que realmente importa? (Editora Gente), entre outros

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