Gestão

O professor e a empresa

de Eugenio Mussak em 4 de fevereiro de 2015
Eugênio Mussak / Crédito: Divulgação
Eugenio Mussak é professor da FIA, consultor e autor / Crédito: Divulgação

Sou professor há bastante tempo. Tanto tempo que nem é bom lembrar… Ou melhor, é bom lembrar sim, pois há boas lembranças, uma vez que, quando você é professor, você lida com duas grandezas espetaculares: o conhecimento e as pessoas. A missão de um professor é ensinar, construir conhecimento, estimular pensamentos, provocar reflexões, e isso só acontece na interação, na troca, na relação afetiva entre o mestre e seus alunos, ou melhor, entre pessoas que, naquele momento, cumprem esses papéis. Às vezes as posições se invertem e mestres viram aprendizes enquanto alunos se transformam em mestres. Já vivi isso.

Mas o que eu queria mesmo comentar é que, com o tempo, fui mudando (o que era esperado) minha relação com a tal profissão de professor. Explico. É que, no começo, minha preocupação era só uma: passar conhecimento para meus alunos, fazer com que eles aprendessem conceitos, soubessem de fatos, de relações entre fenômenos físicos e históricos. Com o tempo, fui me dando conta de que isso não estava errado, mas era insuficiente.

Foi quando mudei meu propósito. Em vez de ensinar a matéria, comecei a estimular meu aluno a aprender. “Eles precisam aprender a aprender”, dizia eu para meus colegas professores. “Assim eles vão ganhar autonomia e levar pela vida o gosto e a capacidade de aprender.” Foi uma evolução, penso eu. Mas não parei de questionar o verdadeiro papel de um professor. Novas fases vieram.

A próxima foi a do pensamento crítico. Eu desejava fortemente que meus alunos usassem aqueles temas sobre os quais falávamos em sala de aula para melhorar sua capacidade de pensar, de fazer julgamentos, de entender os fatos ao seu redor, de se responsabilizar pelas escolhas e pela construção de seu próprio futuro. Foi bacana essa evolução. Ainda tenho uma forte conexão com essa ideia.

Só que atualmente tenho procurado trabalhar em uma nova dimensão da educação. A dimensão do ser. A dimensão do humano em seu estado mais inteiro, com respeito verdadeiro à sua completude. Principalmente depois que comecei a trabalhar com educação corporativa, em que meus alunos passaram a ser pessoas que já estão exercendo uma atividade profissional, inseridos no mundo produtivo e ávidos por melhorias, produzir com qualidade, crescer na carreira e ter mais sucesso.

Foi quando percebi que a educação, em todas as suas formas, tem um objetivo maior, e, às vezes esquecido, que é o comportamento, as relações, as atitudes humanas. E, nesse caso, só o conhecimento não é suficiente. É preciso falar sobre valores humanos, principalmente aqueles que mais impactam nas relações entre as pessoas. Por isso, ética jamais será um tema ultrapassado, e deve, sim, frequentar as salas de aula, os escritórios, os locais públicos, a política e, claro, os noticiários.

 

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