Carreira e Educação

O que aprender

de L A Costacurta Junqueira em 12 de janeiro de 2012

A partir dessa visão comparativa, vale a pena refletir sobre possíveis benchmarks a considerar. Antes de colocar algumas ideias com possibilidade de aplicação à realidade brasileira, é preciso ressaltar que os EUA ainda são os grandes geradores de conhecimento e tecnologias para T&D. Essa posição de liderança dificilmente será ameaçada pela Europa nos próximos 10 anos. Essa afirmação pode parecer leviana, mas alguns argumentos fundamentam essa opinião:

> As universidades, consultorias, órgãos governamentais possuem orçamentos muito significativos para aplicação em pesquisa para desenvolvimento de novos produtos e tecnologias em T&D.
> A produção americana em T&D é “vendida” para grande parte dos países do mundo, facilitando a amortização rápida de qualquer investimento.
> Os americanos têm, tradicionalmente, uma postura de compartilhamento do conhecimento, o que facilita, sobremaneira, a visibilidade de seus produtos e serviços.
> O lado tecnológico dos americanos torna mais fácil a exploração de inúmeras formas para entrega de seus produtos e serviços de T&D.
> O fato de termos, de um lado, um país e, de outro, um continente facilita a integração das competências e experiências em T&D.

No entanto, as colocações anteriores não indicam que devemos olhar para apenas um lado da moeda. Qual, então, seria esse outro lado? Quando falamos em profundidade das abordagens em T&D, certamente devemos olhar para a Europa. A diversidade econômica e cultural dessa região nos permite descobrir contextos e países mais próximos da realidade brasileira, possibilitando uma “importação” mais customizada de produtos e serviços de treinamento. Confira, a seguir, alguns questionamentos e sugestões para nosso país a partir do que se vivencia nas outras duas regiões:

> Se o treinamento presencial tem, em média, dois dias de duração, não seria o caso de incentivarmos a utilização maior do aprendizado mediado por tecnologia antes e depois do presencial? Fazendo isso, o processo de liberação dos participantes pelas chefias ficará mais fácil. Também a dimensão presencial se tornará mais dinâmica, rica, bem como mais focada na utilização e operacionalização de um conhecimento adquirido previamente.
> Se o calcanhar de aquiles é o orçamento, por que não enfatizar o treinamento informal ou colaborativo? O custo é próximo de zero. T&D só tem a ganhar com o efeito multiplicador dessa estratégia de diversificação.
> Se cada vez mais o conflito de geração pode ser um grande desafio, por que não colocarmos os mais novos ensinando os mais velhos e vice-versa?
> Se o orçamento diminui a cada ano, por que não nos dedicar a convencer os executivos a serem consultores internos? Eles conhecem o negócio mais do que qualquer consultor e têm a vantagem de ter custo zero. Isso sem falar que, para ensinar, eles têm de aprender.
> Se nossos fornecedores de T&D não “se conversam”, ocasionando duplicações entre abordagens de determinadas competências, por que não colocar todos juntos no início de cada ano? Assim, seria possível alinhar os vários programas, eliminar superposições, reduzir custos e garantir o caráter de continuidade dos programas, mesmo quando executados por fornecedores diferentes. 
> Se a mídia de T&D que mais cresce é o mobile learning, por que não pensar em utilizá-la em alguns treinamentos de vendas (área de retorno mais rápido e mais significativo)?
> Se EUA e Europa nos demonstram que a certificação é uma grande ferramenta para avaliação de competências (e não das qualificações), por que não institucionalizar isso nos departamentos de T&D e universidades corporativas? Seria o medo do que vamos encontrar?
> Se nossos “irmãos do norte” são tão bons de marketing, por que nós, de T&D, achamos que isso é pecado?
> Se concordamos que a sobrevivência de T&D depende dos resultados das nossas ações, por que não conseguimos que o cliente final participe do desenho e da avaliação dos programas? 
> Por que nós, de T&D, temos uma visão entrópica de nossa área de atuação e de quais são os nossos clientes? Não seria interessante ultrapassarmos as fronteiras de nossa organização, considerando como público, fornecedores, clientes, comunidade, acionistas? Não seria sensacional termos nosso trabalho elogiado por alguém fora de nossa empresa?

 

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