Gestão

O talento do amanhã

de em 2 de setembro de 2014

Quais são os perfis profissionais do futuro da indústria paranaense? Para responder a essa questão, o Senai-PR realizou uma extensa pesquisa junto a 12 segmentos industriais e identificou 227 perfis profissionais até 2030. Marília Souza, gerente dos Observatórios Sesi Senai IEL, lembra que chegar a esses perfis foi um trabalho de grande perseverança. “Como não tínhamos um modelo a seguir, passamos por um verdadeiro processo de construção de uma abordagem que permitisse chegar à explicitação desses perfis profissionais. Iniciamos com uma cooperação com a Fundação OPTI – Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial, da Espanha. Desenhamos juntos uma metodologia que, durante os testes iniciais, demandou vários ajustes”, diz.

A metodologia foi redesenhada e foi investida muita energia na operacionalização do projeto, como destaca a gerente: “Nós preparamos estudos de tendências de futuro setoriais para instigar os especialistas nas reflexões sobre os desafios futuros em cada segmento industrial. Fizemos prototipagem de perfis para otimizar o uso do tempo dos participantes nos painéis de especialistas, fizemos entrevistas em todo o Paraná com empresários, cientistas, headhunters e responsáveis de RH de empresas de diferentes setores. O conjunto dessas contribuições permitiu a geração de conteúdo que foi então sistematizada nas 12 publicações que estamos lançando.”

Marília ressalta ser importante esclarecer que, quando se fala em perfis profissionais, não se refere, necessariamente, a futuras profissões, cargos nas empresas, postos de trabalho ou a novos cursos. “No âmbito desse grande processo de pesquisa, trabalhamos perfis como conjuntos de capacidades técnicas que os indivíduos deverão possuir para trabalhar nas empresas realizando atividades atualmente inexistentes ou ainda embrionárias”, diz.

Ela explica que o desenvolvimento da indústria paranaense pedirá um grande número de novos perfis e o sucesso está vinculado ao trabalho conjunto desses novos perfis. “Inclusive, em determinados segmentos industriais, um mesmo profissional poderá ou deverá apresentar competências relativas a vários dos perfis identificados”, conta.

Empresas atentas
Atualmente, as maiores demandas estão vinculadas às engenharias de uma forma geral. “O déficit de profissionais em engenharias já havia sido diagnosticado há um bom tempo. Sabíamos que ao primeiro movimento de crescimento da economia brasileira iríamos nos deparar com carência de engenheiros. Então, não é surpresa o que estamos vivendo. O que se passa é que, enquanto sociedade, não fomos capazes de agir proativamente e preparar a força de trabalho de que o país está precisando”, analisa Marília.

#Q#

De acordo com Marco Secco, diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná, “é partindo desse entendimento que precisamos ser proativos, para preparar, no presente, o futuro que desejamos, que temos investido em estudos prospectivos e sólidos projetos de construção de inteligência coletiva sobre fenômenos importantes para a prosperidade da sociedade e da indústria por conseguinte”.
Mas será que as empresas estão atentas a esses novos perfis e se preparando para buscá-los, desenvolvê-los e retê-los? O presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Edson Campagnolo, acredita que sim: elas estão atentas à necessidade de novos perfis profissionais. “Os empresários têm discutido bastante sobre os impasses vivenciados nas empresas. Eles sabem que precisam de colaboradores diferentes do que encontram no mercado atualmente. Muitos se ressentem do descompasso entre a formação acadêmica tradicional e as necessidades presentes das indústrias.

Quando falamos de futuro, aí o assunto se aquece mais ainda. Se no presente estamos com carências, imagine quando pensamos nas mudanças tecnológicas que estão por vir e que, em muitos casos, vão remodelar os modos de atuação de alguns segmentos industriais.”Ainda segundo Campagnolo, as empresas vêm empreendendo esforços na busca por profissionais, já compreendem que, em muitos casos, cabe a elas investir no desenvolvimento e sabem também que a retenção de talentos é um desafio maior.

ÁREAS PESQUISADAS
Setores e áreas contemplados no trabalho

* Agroalimentar
* Tecnologia de informação e comunicação
* Saúde
* Turismo
* Biotecnologia
* Papel e celulose
* Produtos de consumo
* Meio ambiente
* Plástico
* Metal-mecânica
* Energia
* Construção civil

De acordo com Secco, do Senai-PR, a instituição vem atuando firmemente na formação profissional com vistas a suprir as necessidades de desenvolvimento das indústrias paranaenses. “Todavia, o desafio é grande e pede uma ação articulada com as demais instituições de formação do estado. O Senai tem formado um grande contingente de profissionais, nos mais diversos níveis tecnológicos, e sempre com um alto nível de qualidade. Formamos profissionais que são valorizados e temos alcançado uma escala de atuação jamais vista anteriormente”, diz. Mas o desenvolvimento da indústria pede uma ação coordenada de todo o sistema de educação do estado, garante o diretor.

Por essa razão, continua ele, a instituição tem investido esforços na realização desse estudo de Perfis Profissionais para o Futuro. “Nossa intenção é compartilhar essa informação de alto valor agregado com todas as instituições de ensino de forma a induzir mudanças nos currículos escolares para incluirmos elementos dos perfis profissionais do futuro imediatamente nos processos formativos em curso. A indústria não pode esperar de cinco a sete anos – que é o tempo exigido para a aprovação de um curso e ter uma turma formada – para lançar um novo profissional no mercado. Lógico que devemos e iremos criar novas formações, mas, sobretudo, temos de começar a mudar as formações de hoje. É preciso inserir elementos de competências desses novos perfis nas ofertas formativas que temos, de forma a começar a preparar imediatamente os profissionais de que necessitamos e necessitaremos cada vez mais”, finaliza.

 

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