Gestão

Os desafios de uma gestão multicultural<br />

de Victor Baez* em 12 de agosto de 2010

É cada vez mais comum vermos executivos brasileiros conquistando espaço em altos cargos no exterior – seja graças ao pleno desenvolvimento econômico, seja também pelo trabalho exemplar que demonstram. O fato é que o país tornou-se uma vitrine para o mundo e esses profissionais são escalados para direcionar e impulsionar negócios em outros países. Mas, ao aceitar a missão, o executivo deve se preparar para desafios que vão além de novos projetos. Esse profissional deve estar pronto para lidar com as diferenças culturais. As principais delas são, certamente, os hábitos sociais e os processos, como ciclo de negócios, ritmo de trabalho e expectativas em relação a acordos.

Liderar equipes é sempre um grande desafio, ainda mais quando envolve diferentes nacionalidades. Ao sair do Brasil, para o sucesso da integração com uma nova cultura, a estratégia fundamental é a observação. Para ser bem-vindo, o executivo estrangeiro deve empenhar-se em entender questões culturais e saber como conduzir diferentes situações do dia a dia, atentando-se ao que pode parecer apenas um detalhe. Na China, por exemplo, o estrangeiro que se esforça em aprender o idioma é muito valorizado, pois demonstra respeito aos costumes locais. Prova disso é que, geralmente, quando a saudação inicial é feita em chinês, a reunião de negócios tende a ter mais fluidez. Já na Índia, é costume conversar sobre a família antes de dar início aos assuntos de negócios. Inclusive, existe uma grande expectativa em relação à participação do executivo estrangeiro em eventos não necessariamente ligados ao trabalho, como casamentos de familiares.

Se pudéssemos elencar – de maneira concisa – as principais características necessárias a um gestor brasileiro atuando no exterior, certamente três estariam na lista. Em primeiro lugar, vem o equilíbrio cultural, com atenção constante ao perfil de cada nacionalidade, incluindo colaboradores e clientes. A segunda característica é saber ouvir, pois dessa maneira o líder garante compreensão mútua com sua equipe e informações valiosas sobre o novo mercado de trabalho. Já a última, porém não menos importante, é a necessidade vital de constante comunicação, principalmente para os gestores que dividem seu tempo entre mais países. Assumir negócios em outras nações requer cautela e confiança. Em sua missão, não se esqueça de ser humilde, comunicativo, consistente, e procure aprender e ensinar simultaneamente. Crie, sobretudo, um ambiente colaborativo. Com isso, além de aumentar sua probabilidade de sucesso, poderá desfrutar de uma nova cultura e ser bem-vindo sempre.

Como comentei, os brasileiros têm se destacado nessa missão, o que não é surpresa para o mercado internacional. Além de investirem cada vez mais em seu preparo, nossos executivos levam vantagem por ter, em seu DNA, uma mistura cultural que lhes garante flexibilidade e sensibilidade. Por isso, comemore as diferenças e bom trabalho a todos!

*Victor Baez é diretor-geral da Netgear para América Latina, Índia, Ásia-Pacífico e China

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