Gestão

Pessoas em pauta

de André Freire em 29 de novembro de 2013

Interessante verificar o dilema que os gestores de RH enfrentam nos dias de hoje. De um lado, uma forte pressão por parte dos conselhos e dos CEOs para uma visão estratégica de pessoas. Lembrando que isso pode se traduzir em um desalinhamento com o perfil dos profissionais que lideram esses departamentos – isso porque eles dificilmente tiveram acesso, até hoje, às discussões mais estratégicas da companhia; afinal muitos desses profissionais não têm nem mesmo uma cadeira no boardroom. Do outro lado, toda a dificuldade inerente a tarefa operacional de recursos humanos em um país burocrático e complexo como o Brasil. Os gestores acabam gastando seu tempo e energia em atividades que, apesar de gerarem pouco valor, podem trazer consequências destrutivas se não monitoradas de perto.

Quantas vezes nos deparamos com empresas que, ao montar suas diretorias, investem tempo e dinheiro em excelentes diretores comerciais e financeiros e acabam deixando a gestão de pessoas nas mãos de uma gerência? Também verificamos empresas muito focadas em processos, que acabam deixando o lado humano em segundo plano, esquecendo que não existe processo excelente que se sustente com pessoas desqualificadas ou desmotivadas. Apesar dos temas excelência em gestão de pessoas, retenção de talentos e sustentabilidade dos negócios estarem em evidência há algum tempo, pouco se verifica em termos práticos nas interações diárias entre os gestores de RH e os CEOs, com raras e positivas exceções.

É interessante notar o empenho do gestor de RH em lutar por oportunidades de desenvolvimento para a equipe, mas quem está olhando pelas oportunidades de desenvolvimento do RH? Será que esse ponto está na agenda dos CEOs? Timidamente, verificamos uma mudança positiva nesse sentido. Há pouco tempo, um gestor de RH seria um profissional formado em administração, que se desenvolveu nessa área por toda a carreira. Hoje, enxergamos alguns bons exemplos de gestores de RH de áreas financeiras, comerciais, de marketing ou jurídicas, com grande sucesso por possuírem uma visão mais abrangente do negócio.

A verdade é que nenhum esforço por parte do RH será o bastante sem o apoio do CEO e sem seu compromisso com a gestão do capital humano. Isso não pode ficar apenas no discurso, pois culturas se desintegram facilmente e empresas perdem valor quando seu capital humano é deixado de lado. Nenhum gestor de RH, por mais competente e motivado que seja, tem condições de levar adiante o assunto de forma isolada. Esse deve ser um tema abordado por toda a diretoria; precisa estar no topo da agenda do CEO e dos conselhos.Deve tambem ser discutido no boardroom com a mesma energia, com que se debatem os resultados financeiros. Pessoas são responsáveis pelo resultado e perenidade de uma organização. Aqueles que mantêm o CPO tão próximo quanto mantêm o CFO já estão saindo na frente!

André Freire é presidente da Odgers Berndtson Brasil

 

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