Gestão

Ponte aérea da qualificação

de Olavo Henrique Furtado* em 19 de novembro de 2010

A redução da taxa de desemprego no Brasil anunciada recentemente possui aspectos importantes, como a expansão do emprego na região metropolitana de São Paulo. A localidade tem uma economia muito diversificada em relação ao resto do País. Além disso, os postos de trabalho na região requerem maior qualificação e oferecem melhor remuneração. Isso é muito positivo em termos de significado da ocupação profissional brasileira.

Porém, em uma outra vertente, a informação de que o número de estrangeiros empregados no Brasil cresceu 18,85% no primeiro semestre deste ano expõe algumas questões nas quais se veem convergências e divergências no crescimento da empregabilidade no país.

Em primeiro lugar, o resultado da alta ocupação profissional em qualquer aspecto revela que o Brasil tem tido um fluxo muito positivo de investimentos daqui e lá d fora, principalmente. As 22,1 mil pessoas que chegaram ao país para trabalhar, mesmo que em condições temporárias, de acordo com o Ministério do Trabalho, mostram essa influência de forma clara, pois, em geral, em um primeiro momento, elas desembarcam aqui para fazer valer esse aporte de recursos da melhor maneira possível para o seu empregador multinacional.

O interessante, no entanto, é que muitos deles são técnicos e não gestores. Isso pode significar em meio a esse cenário um déficit de mão de obra no país, até porque sabemos que formação técnica altamente especializada não se faz da noite para o dia. Por vezes, esse perito em determinada área tem uma escolaridade expressiva além da experiência profissional.

Um trabalhador maduro que vem do exterior tem anos de atuação na área, entre estudos e atividades práticas. Trata-se de um pessoal muito preparado. E o Brasil precisa se enquadrar nessa demanda rapidamente para disputar esses cargos. Cedo ou tarde, o fluxo de mão de obra se intensificará.

Não estamos aqui querendo pôr em xeque esse importante intercâmbio entre profissionais de fora e brasileiros para o desenvolvimento do país. Até porque o Brasil está internacionalizando rapidamente suas empresas, levando brasileiros para todos os cantos do planeta para liderarem seus negócios e atuações em campos diversos. A iniciativa é inquestionavelmente saudável.

Relaciona-se ainda ao fato de os estrangeiros estarem buscando oportunidades no Brasil em virtude da crise financeira, que atingiu de forma mais aguda a Europa e os EUA. Assim, é natural que mais pessoas estejam dispostas a trocar de país por conta da turbulência econômica que achatou alguns mercados importantes.

O problema é que o Brasil sempre demorou muito para tratar a educação como questão estrutural. Porém, a pressão hoje é diferente e se faz necessário mudar com urgência o quadro de qualificação de mão de obra.

Um mapeamento das áreas com provável deficiência de profissionais se faz necessário para a devida implementação de projetos de desenvolvimento educacional. Investir em qualificação técnica e educacional é uma solução de médio e longo prazo. O reflexo não será rápido, mas temos de apostar nisso, pois é o único caminho existente.

*Olavo Henrique Furtado é coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios

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