A leitura de Maquiavel, muitas vezes mal interpretado por análises superficiais de sua obra que a associam ao mal, constitui-se num instrumento valioso para inspirar empresários e executivos a enfrentar os enormes desafios do cotidiano. Os mesmos ensinamentos que por séculos vêm influenciando decisões de príncipes e governantes dos mais variados matizes ideológicos são extremamente importantes para quem pretende entrar e vencer num mercado cada vez mais competitivo e global.

A mim, O Príncipe, de Maquiavel, mostrou os três pilares que sempre nortearam a minha vida profissional: retidão, justiça e princípios. Sobre esses pilares, o mestre florentino assenta valores como firmeza, rapidez, precisão, rigor, eficácia e, acima de tudo, muita obstinação para concretizar os objetivos. São valores sem os quais, independentemente da competência do indivíduo, não se prospera do mundo corporativo. Saber cultivá-los e empregá-los nos momentos certos abre horizontes na carreira e na própria vida.

O fluxo ininterrupto de avanços tecnológicos com os quais deparamos todos os dias, em especial no setor de telecomunicações e internet, é o motor de mudanças frequentes na estrutura das corporações, nos ambientes e nas relações de trabalho. Nesse contexto, as lições de Maquiavel apontam caminhos para que gestores e aprendizes de executivo aliem flexibilidade, reflexão serena e sabedoria para tomar as melhores e mais duradouras decisões.

A essência mais profunda do ser humano é a mesma através dos séculos, seja na Grécia Antiga, na Florença renascentista ou nas megalópoles do século 21. Apreender as peculiaridades da nossa época, assim como fez Maquiavel na sua, sem deixar de lado as lições da História, faz a diferença para a gestão do presente e, principalmente, do futuro – um ensinamento do maquiavelismo que só traz bons resultados àqueles que o aplicam no cotidiano da vida, dos negócios e das relações interpessoais.

*Antonio Carlos Valente é presidente do Grupo Telefônica no Brasil