Educação

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de Redação em 13 de julho de 2016

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Investir na capacitação dos colaboradores e na liderança em tempos de crise aumenta as chances de sucesso da empresa e ajuda a reter talentos

Divulgado em maio do ano passado, o estudo Educação corporativa no Brasil, elaborado pela Deloitte junto a 126 empresas, revelava uma forte tendência para o desenvolvimento e a implantação de universidades corporativas. Da amostra das empresas que não tinham essas instituições (72%), 28% pretendiam implantá-las dali em até dois anos.

Além das universidades corporativas, a educação a distância também se apresentava como uma das vertentes em ascensão. A pesquisa apontou que, além de ser um item em crescimento dentro das práticas de educação corporativa, o tema exigia o desenvolvimento de plataformas móveis e games, além da necessidade de novas ferramentas para atender à alta demanda. Dos investimentos apontados pelas empresas entrevistadas, 67% eram destinados às iniciativas de educação presencial e 33% a distância.

No caso do Grupo Benner, de soluções em software, serviços e BPO, a atenção esteve focada na implementação, em maio deste ano, e desenvolvimento do projeto EducaBenner, uma universidade corporativa com cursos online e presenciais. Além da qualificação de seus colaboradores, a empresa acredita que esse tipo de iniciativa propicia, também, a retenção de talentos. A expectativa é que 70% dos funcionários sejam beneficiados até o fim de 2016. Depois, em 2017, a companhia deve ampliar a oferta também para clientes.

Hoje, o grupo é composto por sete empresas que somam mais de 1,2 mil colaboradores que atuam nos dois centros de desenvolvimento de tecnologia e em escritórios localizados em São Paulo (SP), Alphaville (SP), Blumenau (SC), Curitiba (PR), Maringá (PR) e Rio de Janeiro (RJ). Para Marcelo Curbete, responsável pelo RH do Grupo Benner, o grande diferencial do projeto é o fato de a companhia ter criado uma equipe interna, que trabalha exclusivamente para a universidade corporativa. “São profissionais dedicados à produção dos cursos e conteúdos específicos”, diz.

Os analistas de treinamento ficam nas unidades de Blumenau e Maringá. “Eles elaboram os cursos pensando na nossa tecnologia, nos negócios e serviços que oferecemos, sempre em conjunto com as lideranças. Almejamos o desenvolvimento de competência dos colaboradores. Os cursos são criados sob medida.”

O conteúdo oferecido é desenvolvido de forma personalizada. São cursos focados, de curta duração. Na modalidade online, os programas ficam disponíveis e podem ser acessados novamente de acordo com a necessidade do funcionário. O EducaBenner contempla formação em diversas frentes: área técnica (tecnologia); negócios, carreira (liderança e comportamental); e cursos livres (essenciais) que visam padronizar toda a capacitação de base.

Para Severino Benner, CEO do grupo, a iniciativa da universidade corporativa é vista como a representação de um pilar estratégico, que é o capital intelectual. “Não medimos esforços em capacitar e treinar nosso colaborador para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Isso se reflete na qualidade dos serviços e no atendimento ao cliente”, afirma.

Quem também está investindo em universidade corporativa é a empresa especializada em segurança de TI Arcon. Ela criou sua universidade corporativa em 2013 e, hoje, oferece mais de 70 cursos online aos seus colaboradores, somando, desde seu início, mais de 600 cursos e cerca de 100 funcionários formados. Nela, parte do conteúdo é desenvolvida pelos próprios colaboradores – depois, esse conteúdo fica à disposição para a formação de outros colaboradores.

Entre os principais benefícios do investimento em capacitação e formação, segundo a companhia, estão a qualificação, retenção, aumento da produtividade, desempenho e satisfação dos colaboradores e até redução de custos.

Rotatividade
Os treinamentos têm desempenhado um papel cada vez mais importante nas empresas que buscam resultados e qualidade garantida. Em meio a tempos de grande crise e altos índices de desemprego, os impactos de um treinamento bem feito dentro de uma corporação podem refletir diretamente em seu lucro, desempenho e atitudes organizacionais, além, também, de criar um grande vínculo do funcionário com a empresa. “Treinar e estimular a equipe é primordial e ponto estratégico para qualquer organização. É muito difícil encontrar um profissional pronto e que ‘aguente’ com firmeza a pressão que temos no mercado atualmente e que se ‘ligue’ rapidamente às necessidades do mercado. Com esse tipo de abordagem há ganhos para todos. O funcionário ganha, por se sentir valorizado e mais engajado, e a empresa ganha por ver o aumento de produtividade, do lucro e da diminuição de rotatividade de seus colaboradores”, aponta o CEO da Triunfo Consultoria e Treinamento, Scher Soares.

Não muito diferente dos analistas, gerentes e diretores também precisam de capacitação e reciclagem. “Muitas vezes, o funcionário cresce dentro da empresa e acaba tornando-se líder, porém não foi treinado a pensar e trabalhar como um. Esse tipo de experiência, além de desastrosa, é traumática e estressante. A capacitação de um funcionário de alto padrão dentro de uma corporação é de extrema importância”, diz.

Prova de que o investimento na formação dos profissionais (sobretudo as lideranças) é importante está no último benchmark do Top Employers Brasil, que mostrou um aumento de quase 5% em investimentos realizados em 2016, apesar do atual cenário econômico. Esse incremento está relacionado à preocupação das empresas em cada vez mais buscar desenvolver internamente novos líderes e, com isso, não só contribuir com o desenvolvimento profissional de seus colaboradores, mas principalmente, de assegurar níveis adequados de motivação e engajamento, em um momento em que cortes nos investimentos e congelamento de promoções e aumentos têm sido frequentes.

“Ao se reforçar a mensagem de que a empresa está comprometida em dar o suporte necessário aos seus colaboradores para seu desenvolvimento profissional, uma série de mudanças organizacionais começam a ser sentidas de imediato; e essa perspectiva de crescimento estimula, e muito, o comprometimento de toda a empresa”, explica Gustavo Tavares, country manager do Top Employers Brasil.

Dentro das empresas, esse tipo de investimento é bastante valorizado não só pela satisfação gerada nos próprios funcionários, mas também pelo retorno no investimento que é alcançado. “Cerca de 15% das empresas certificadas pelo Top Employers Institute reportaram ter identificado uma diminuição significativa na rotatividade de seus quadros só com a implantação de programas de desenvolvimento, e essa redução impacta não só a manutenção de índices importantes de desempenho, como satisfação de clientes, por exemplo, mas também gera um retorno financeiro muito mais efetivo para toda a organização”, comenta Tavares.

Conhecer a rotina da empresa
Atenta à importância dos gestores, a Ativas Data Center, especializada em infraestrutura e gestão de TI, também considera as pessoas um dos principais pilares para o sucesso nos negócios, e por essa razão instituiu o programa LíderAção, que visa desenvolver e capacitar seus profissionais além de formar diretores, gerentes, coordenadores e supervisores.
“Como o programa desenvolve habilidades que são necessárias para o crescimento do profissional, os líderes ficam seguros para atuarem junto aos times. Além disso, eles reconhecem a preocupação da empresa com sua performance e isso agrega um grande diferencial”, diz a coordenadora de RH da Ativas, Érica Silva.

O programa acontece semestralmente e aborda temas, alinhados à diretoria, compatíveis com a expectativa da empresa em relação às competências dos executivos que coordenam equipes. Entre eles estão: gestão de desempenho; gestão de conflitos; gestão de mudanças; motivação e engajamento; autoconhecimento e competências como foco em resultados; influência e comunicação; cultura de serviços; relacionamento interpessoal; negociação e atitude. Em cada módulo, são promovidos debates e troca de ideias, experiências e expectativas entre os participantes. De acordo com Érica, ninguém melhor do que os líderes que conhecem e vivem a rotina da empresa para entender os desafios e alinharem os objetivos a serem alcançados.

A coordenadora ainda ressalta que o desenvolvimento da liderança deve ser constante em qualquer organização, uma vez que são os líderes que influenciam positiva ou negativamente o comportamento dos profissionais e, consequentemente, o clima organizacional. “Sendo assim, prepará-los em competências essenciais para o bom desempenho da função é importante para se atingir os objetivos do negócio”, sinaliza.

Para mensurar os resultados do programa, após a realização de cada treinamento, a equipe de RH aplica uma avaliação de reação aos participantes, visando buscar os pontos fortes e fracos do programa. Com base nos resultados obtidos, a partir desta ferramenta, é possível aperfeiçoar os próximos módulos que serão aplicados no programa.

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