Sentir-se como o dono

de Natalia Gómez em 21 de setembro de 2011

Fundada em 2010 pelos gestores da Chemtech, do Grupo Siemens, a Radix é uma empresa jovem, e não apenas pelo seu tempo de vida. Sua proximidade com as universidades e a cultura de portas abertas também deixa transparecer seu gosto por inovação e jovialidade. Empresa de engenharia e software, a Radix oferece serviços e soluções de tecnologia para indústrias de processo do Brasil e do mundo. Suas operações começaram em abril do ano passado, com 50 funcionários, mas hoje a companhia conta com 200 colaboradores e já tem mais 40 vagas abertas.

Sua filosofia pretende fazer os funcionários sentirem que também são donos da empresa e que fazem a diferença. Para isso, as sugestões e opiniões são bem-vindas. “As pessoas gostam de ir para um lugar de onde se sintam parte, façam diferença, e onde suas propostas sejam levadas a sério”, afirma o presidente da companhia, Luiz Eduardo Rubião. O diálogo é aberto e pode ocorrer a qualquer momento, seja por e-mails, conversas ou bate-papos informais. Tudo que acontece na empresa é amplamente divulgado por meio de redes sociais, e é rapidamente absorvido pela equipe, que em sua maioria tem menos de 30 anos de idade.

Para fortalecer esse vínculo, a empresa planeja, futuramente, direcionar cerca de 30% das suas ações para a compra pelos funcionários. Com isso, a intenção é motivar ainda mais a equipe, que também será dona do negócio. Segundo o executivo, essa iniciativa deve ocorrer apenas no ano que vem. Hoje, a empresa ainda está em fase de investimentos e não dá lucro, e por isso não há distribuição de bônus aos funcionários. Mesmo assim, a companhia garante o reconhecimento por meio de palavras de incentivo e parabenização, além de criar atividades a pedido dos funcionários.

Algumas das iniciativas que surgiram a partir de pedidos dos colaboradores são o coral e o bloco de carnaval da Radix, além de atividades esportivas. Dentre os projetos em esportes estão corridas de rua, caminhadas, natação no mar, ioga e vôlei de praia. Com isso, existe espaço para integrar vida profissional e pessoal nas atividades fora da empresa, inclusive com participação das famílias. A empresa conta até com um gerente de bem-estar, que se encarrega dessas atividades, assim como da área de saúde.

Universidades
O contato com as universidades é outra peça importante porque a empresa sempre está em busca de talentos que estão começando no mercado de trabalho. Para isso, a companhia patrocina oito equipes acadêmicas no país e busca estar presente nas universidades para que os estudantes conheçam seu negócio e a procurem naturalmente. Segundo Rubião, uma das equipes patrocinadas trabalha com robótica de combate na PUC-RJ. Outras trabalham com carro elétrico, barco solar e matemática. “Os estudantes já são nossos amigos no Facebook e nos seguem no Twitter”, conta. O próximo passo será realizar alguma ação com alunos de mestrado e doutorado, a partir do ano que vem. De acordo com o executivo, a empresa precisa de uma equipe técnica muito qualificada para trabalhar com engenharia e software, e por isso esse contato é tão relevante.

Para motivar os membros seniores da equipe, a empresa forma grupos de trabalho liderados pelos profissionais mais experientes, que têm vontade de transmitir seu conhecimento para outras pessoas. “Estimulamos o lado professor deles, e isso funciona muito bem porque a pessoa se realiza”, diz. Segundo Rubião, existe um mito de que a geração Y é mais difícil de lidar, mas ele conta que a relação entre esses mentores e seus discípulos costuma ser muito saudável porque existe uma relação quase paternal.

Outra iniciativa da empresa é a Universidade Radix, para treinamento e desenvolvimento continuado dos funcionários. A universidade já ofereceu 3.324 horas de treinamento divididas entre cursos externos, internos, congressos, palestras, seminários e workshops. Alguns funcionários participaram de congressos internacionais, como é o caso do funcionário Rodrigo Gama, da área de desenvolvimento de software da empresa, que participou do Mobile World Congress em Barcelona. Por enquanto, os treinamentos oferecidos na Universidade Radix acontecem mediante solicitação dos gerentes, sugestão dos funcionários ou necessidades de projetos. No futuro, a universidade deve oferecer MBA ou mestrados in company. “Toda hora aparecem novidades em tecnologia, e é necessário ter a equipe sempre bem informada”, conta.

O desempenho dos funcionários da Radix, chamados internamente de “radixianos”, é avaliado anualmente. Recentemente, foi encerrada a primeira avaliação anual na companhia. O presidente afirma que existe flexibilidade de horário para os profissionais que atuam na área de software. Algumas pessoas, por exemplo, entram após o almoço e saem à noite, desde que o resultado atenda às expectativas. Na área de engenharia, o horário não é flexível, pois precisa acompanhar a jornada dos clientes, que seguem o horário comercial.

Com sede no Rio de Janeiro e escritórios em Belo Horizonte e Salvador, a companhia dá as boas-vindas aos novos funcionários por meio do Twitter da Radix para que todos conheçam os novos integrantes da equipe. Como ainda ocupa uma área relativamente pequena (a sede ocupa meio andar de um prédio, e em Salvador e Belo Horizonte uma sala), a apresentação de todos os departamentos é rápida com um passeio pelo escritório.

Confiança
Rubião conta que um segredo que está por trás do crescimento da Radix e seu grande número de contratações é o fato de as pessoas confiarem no trabalho da empresa e da equipe. “Sabem que podem contar conosco e que nós, seus gestores, e os clientes, também confiamos nelas. Desenvolvemos um elo de confiança entre a empresa e o funcionário.” Isso se traduz em apoio quando ocorrem acidentes, problemas de saúde e falecimentos na família. Ele conta que um funcionário do Rio Grande do Norte foi atropelado no centro do Rio de Janeiro e logo informou um amigo do trabalho, que acionou o coordenador de bem-estar da empresa, Luciano Galvão. Imediatamente, o coordenador foi para o hospital para qual o rapaz foi levado, agilizou o procedimento de transferência para um hospital da rede do plano de saúde que atende a Radix e conseguiu que o rapaz fosse operado rapidamente. Luciano Galvão, o gerente do funcionário, o presidente da empresa e uma colega mais próxima a ele acompanharam a cirurgia e recuperação diariamente.

Quando o problema é emocional, a empresa também busca dar atenção. “Muitas vezes, os gestores, conversando com suas equipes, circulando pelos corredores e em algum evento, percebem que o funcionário não está bem emocionalmente e procuram saber o que está acontecendo e como podem ajudar. Sabemos que se o lado emocional não estiver funcionando muito dificilmente o resto funcionará.” Segundo o executivo, ainda há muito trabalho a fazer na área de recursos humanos para aprimorar esses processos e garantir que os pedidos dos funcionários sejam atendidos com agilidade. Mas o saldo após o primeiro ano de vida é positivo. “Formar um grupo coeso e unido já no primeiro ano é um resultado muito bom”, comemora. (NG)

 

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