Gestão

Terceiro tempo

de Dorival Donadão em 12 de março de 2014
Dorival Donadão
Dorival Donadão é consultor em gestão e desenvolvimento humano

É bastante comum as consul­torias receberem solicita­ções de empresas que estão buscando abordagens inovadoras para seus problemas de formação e motivação de equipes. Quase sem­pre os sintomas comumente apontados são:

As pessoas perderam o sentido coletivo do trabalho e estão cada vez mais atuando em “ilhas”, sub­grupos e áreas isoladas;
Com o tempo, esse isolacionismo acaba prejudicando a correta visão do negócio e da empresa, prevalecendo a percepção en­viesada de um setor ou de uma uni­dade específica de negócios;
Também como uma decorrência desse estado de coisas, as pessoas têm baixo espírito cooperativo, podendo desenvolver até tendências competitivas;
Quando essas questões não são devidamente abordadas, o círculo vicioso “baixa sinergia/pouco com­prometimento compartilhado” toma conta das relações interpessoais. A partir daí, prevalece o “cada um na sua”, com prejuízos para a qualidade de vida no trabalho e para o clima organizacional.

O uso do esporte como uma di­nâmica de tratamento das questões de sinergia e coesão de equipes tem demonstrado ser uma experiência interessante e divertida. Até mesmo o fato de um deter­minado esporte ser pouco conheci­do torna a dinâmica mais efetiva. É o caso do rúgbi, popular esporte inglês cuja prática é ainda incipiente no Brasil. Quais poderiam ser os benefícios da utilização dessa modalidade? Ao colocar um conjunto de pro­fissionais de uma mesma empre­sa para jogar rúgbi, acontecem fenômenos curiosos e sempre muito ricos para análise posterior da experiência:

Em primeiro lugar, não há a cos­tumeira “zona de conforto”, que ocorre quando a atividade esportiva é dominada por parte da equipe, co­mo no futebol. No rúgbi, todos partem do mesmo ponto: o quase completo desconhe­cimento da prática;
Essa igualdade de condições per­mite que surjam lideranças inéditas, gente que, em outros contextos, não teria segurança e impulsos suficientes para comandar o jogo;
Outro aspecto marcante é que, no rúgbi, a bola só pode ser passada para trás. Essa regra quebra todos os clichês habituais porque, na maioria dos jogos, a equipe tem de avançar. O que se exige, ao contrário, é a habilidade de conjunto e de cada jogador recuar para ficar em melhor posição para receber a bola.
#L#
As conclusões da dinâmica serão conhecidas somente durante o chamado “terceiro tempo”. É o período após o jogo e quando todos os competidores se reúnem para a confraternização. É o momento de descontração, regado a muito bom humor, já que o rúgbi não é exatamente um jogo “light”. Pelo contrário, muitas vezes a partida envolve esbarrões e encontrões nada delicados.

Equilibrados os ânimos, é a hora de fazer as pontes e conexões do jogo com a vida real nas empresas. A riqueza de possibilidades de aprendizagem é enorme e todos os participantes acabam extraindo lições e insights importantes para aplicação tanto na dinâmica das interações coletivas como na reflexão e mudança individual de atitudes.

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