Um para lá, um para cá

de em 26 de julho de 2010

A liderança se mantém estável: por mais um ano, Viena mantém a primeira posição e é considerada a melhor cidade para se viver no mundo na pesquisa de qualidade de vida 2010 feita pela Mercer. De acordo com o pesquisador sênior da consultoria Slagin Parakatil, o que vem mudando numa economia mundial, e cada vez mais globalizada, é o fato de que cidades fora dos centros financeiros tradicionais estão emergindo como pontos atraentes para expandir ou estabelecer um negócio. “Lugares em mercados emergentes, como o Oriente Médio ou a Ásia, têm visto recentemente um fluxo significativo de empresas estrangeiras e seus empregados expatriados entrando nesses países”, afirma Parakatil.

Ele explica que, para assegurar que seus expatriados sejam remunerados de forma apropriada e para que um auxílio que compense diferenças de qualidade de vida seja incluído em seus pacotes de benefícios, as empresas devem buscar um retrato claro sobre qualidade de vida nessas cidades. “Por isso, revisamos nosso índice para refletir esses desenvolvimentos e agora ele representa melhor as cidades que mais interessam aos nossos clientes”, comenta.

A qualidade de vida permaneceu razoavelmente estável em nível global ao longo de 2009 e na primeira metade de 2010, porém, em certas regiões e países, a recessão econômica teve um impacto perceptível no ambiente de negócios, afirma o estudo. De acordo com o consultor da Mercer, apesar do declínio econômico e do esforço das empresas em conter custos, os prêmios de qualidade de vida permanecem como importantes meios de remunerar expatriados por diferenças nas condições de vida. “Entretanto, as empresas estão mais propensas a rever as medições de tais auxílios para assegurar sua eficácia em termos de custo”, completa.

As cidades europeias continuam a dominar entre as 25 cidades no topo do índice. Londres se classifica em 39ª posição, enquanto Birmingham está na 55ª e Glasgow na 57ª. Nos EUA, a cidade com a classificação mais alta é Honolulu, na 31ª posição, seguida por São Francisco (em 32º lugar). Cingapura, na 28ª poisção, é a cidade asiática com a maior pontuação, seguida por Tóquio, na 40ª. Bagdá permanece no final da lista. A classificação baseia-se em um índice por pontuação, no qual Viena tem 108,6 pontos e Bagdá 14,7 . As cidades são classificadas em relação a Nova York, que é a cidade-base, com 100 pontos.

Sustentabilidade em foco
Uma novidade da pesquisa deste ano é a identificação das cidades ecologicamente corretas, com base na disponibilidade de água e de sua portabilidade, coleta de lixo, qualidade do sistema de tratamento de esgoto, poluição do ar e congestionamentos de trânsito. São as chamadas, no estudo da Mercer, de “eco-cidades”. De acordo com o estudo, uma cidade bem colocada nessa classificação otimiza o uso de fontes de energia renováveis e gera a menor quantidade possível de poluentes. “O ´eco-status´, ou atitude em relação à sustentabilidade de uma cidade, pode ter importante impacto na qualidade de vida de seus habitantes. Assim, essas são questões pertinentes para companhias que enviam empregados e suas famílias em transferências de longa duração para o exterior, especialmente considerando que a maioria dos expatriados é transferida para áreas urbanas”, ressalta.

No topo das ecocidades está Calgary, a terceira cidade mais populosa do Canadá, seguida de Honolulu. Otawa e Helsinque aparecem empatadas na sequência. Port-au-Prince, no Haiti, está classificada no final dessa relação, com uma pontuação. “Um determinado padrão de sustentabilidade é essencial para a vida urbana e representa uma parte muito importante do bem-estar dos habitantes de uma cidade. Embora uma alta qualidade de vida possa ser assumida como existente em determinadas cidades, a ausência dela é muito mais percebida e pode, inclusive, gerar auxílios de qualidade de vida consideráveis”, afirma Parakatil.

Américas
Na região das Américas, as cidades canadenses ainda dominam o topo da classificação, com Vancouver mantendo a melhor posição, seguida por Ottawa, Toronto e Montreal. Nos EUA, Honolulu (31ª posição) é a cidade com a qualidade de vida mais elevada, seguida por São Francisco e Boston. Nas Américas Central e do Sul, Point-à-Pitre, capital de Guadalupe, uma novata na classificação este ano, tem a classificação mais alta em qualidade de vida. Ela é seguida por San Juan, em Porto Rico, e a argentina Buenos Aires. Brasília (104ª posição na lista geral) ocupa o 8º lugar na região, enquanto Rio de Janeiro (116ª) e São Paulo (117ª) estão nas posições de número 11 e 12 regionalmente, com diferença mínima na pontuação. As três cidades brasileiras incluídas na pesquisa têm pontuação similar no índice de qualidade de vida, abaixo de Nova York, a cidade- base, principalmente nos itens relacionados a ambiente político e social, considerações médicas e de saúde e educação.

“A qualidade de vida se manteve estável nas cidades norte-americanas. Entretanto, nas Américas Central e do Sul, observa-se um declínio generalizado, principalmente em consequência de instabilidade política, preocupações econômicas e deficiência no fornecimento de energia em certos países”, diz Parakatil, da Mercer. Ele conta que elevados níveis de criminalidade também continuam sendo um grande problema em muitas das cidades da região. Cidades canadenses e norte-americanas estão fortemente representadas no topo da classificação de ecocidades, tanto em relação a essa região quanto globalmente. A canadense Calgary registra a posição de topo global com 145,7 pontos, seguida por Honolulu. Ottawa está na terceira posição com 139,9 pontos. “A classificação de Calgary no topo deve-se ao excelente nível de seus serviços de coleta de lixo, sistema de tratamento de esgoto e disponibilidade de água potável, aliados a uma relativamente baixa poluição do ar”, diz Parakatil.

Europa
A Europa tem 16 cidades entre as 25 primeiras em qualidade de vida. Viena mantém a classificação mais alta para a região e globalmente, sendo novamente seguida por Zurique (2º), Genebra (3º) e Düsseldorf (6º). As cidades da Europa Ocidental com classificação mais baixa são Leipzig (64º) e Atenas (75º). Os níveis de qualidade de vida continuam a evoluir na Europa Oriental, com a maioria das pontuações melhorando ligeiramente. Praga é a mais bem classificada, ocupando a 70ª posição.

No índice de ecocidades, as nórdicas apresentam-se particularmente bem, com Helsinque ostentando a classificação mais alta na região, seguida por Copenhague e Oslo, empatada em 9º lugar com Estocolmo. “Essas cidades estão bem posicionadas por terem sido modernamente projetadas, levando em consideração os potenciais impactos ambientais”, conta Parakatil. Aberdeen é a ecocidade mais bem classificada no Reino Unido, seguida por Belfast, Glasgow, Londres e Birmingham.

Oriente Médio e África
Dubai (na 75ª posição no ranking geral), nos Emirados Árabes Unidos, e Port Louis (na 82ª), em Mauritius, são as cidades com melhor qualidade de vida na região. Abu Dabi, Cidade do Cabo e Túnis vêm em seguida e, juntamente com Vitória, nas Seychelles, Johanesburgo, na África do Sul, e Muscat, em Omã, são as únicas outras cidades na região entre as primeiras 100.

Bagdá permanece no final da tabela, embora sua pontuação no índice tenha subido ligeiramente (de 14,4 para 14,7 pontos) em 2010. A falta de segurança e estabilidade continua a ter um impacto negativo na qualidade de vida naquela localidade e sua pontuação permanece muito atrás da de Bangui (27,4 pontos), na República Centro- Africana, que é a penúltima na classificação. No índice de ecocidades, a maioria das cidades da região classifica-se abaixo da 100ª posição, graças à falta de uma adequada infraestrutura moderna em algumas das cidades africanas, combinada com poluição do ar relativamente elevada.

As mais bem classificadas são a Cidade do Cabo, Vitória, Muscat, Johanesburgo e Abu Dabi e Dubai. Antananarivo, em Madagascar, está no final dessa lista, com uma pontuação de ecocidade de 39,7, enquanto Bagdá está em 214, com pontuação 40,5.

Ásia-Pacífico
Na quarta posição do ranking geral da Mercer, Auckland mantém sua posição de cidade mais bem classificada em qualidade de vida na região. É seguida por Sidney, Wellington, Melbourne e Perth. Em 26º lugar na lista está Canberra, novata no índice.

Cingapura permanece como a cidade asiática mais bem classificada, em 28º, seguida pelas japonesas Tóquio, Kobe e Yokohama. As cidades com classificação mais baixa na região são Dhaka, em Bangladesh, e outras duas cidades novas na lista: Bishkek, no Quirguistão, e Dushanbe, no Tadjiquistão. Parakatil conta que a qualidade de vida declinou em alguns países na Ásia entre o início de 2009 e 2010. Ameaças crescentes de violência e terrorismo, aliadas a desastres naturais como terremotos, tufões e ciclones, têm tido um impacto negativo na qualidade de vida em cidades asiáticas. “Isso pode resultar em auxílios de qualidade de vida mais elevados para expatriados nesses países.”

Com 138,9 pontos, Wellington é a ecocidade com classificação mais alta na região, seguida por Adelaide, Kobe, Perth e Auckland. Dhaka, em Bangladesh, tem a classificação mais baixa com uma pontuação de 30,9.

Top 10

Confira as dez cidades mais bem colocadas no ranking elaborado a partir da pesquisa da Mercer

1º – Viena (Áustria)
2º – Zurique (Suíça)
3º – Genebra (Suíça)
4º – Vancouver (Canadá)
5º – Auckland (Nova Zelândia)
6º – Düsseldorf (Alemanha)
7º – Munique (Alemanha)
8º – Frankfurt (Alemanha)
9º – Berna (Suíça)
10 º – Sidnei (Austrália)

Já na lanterna da lista estão:

213º – Puerto Príncipe (Haiti)
219º – N´djamena (Chade)
220º – Bangui (Rep. Centro-Africana)
221º – Bagdá (Iraque)

As três mais

As cidades brasileiras mais bem colocadas foram:

104º Brasília
116º Rio de Janeiro
117º São Paulo

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