Gestão

Administre a incerteza

de Martha Maznevski* em 17 de novembro de 2009

Estamos enfrentando uma nova realidade. Parece que a incerteza estará entre nós por um bom tempo e os efeitos estão começando a aparecer: complexidade, interdependência, variedade e mudança – palavras que iremos ouvir com muita frequência no futuro.

A reação mais comum à atual incerteza é a de simplificar tudo. Isso não é necessariamente a melhor maneira de encarar a realidade.

Se simplificarmos demais, torna-se, na verdade, mais difícil se adaptar a um ambiente complexo.

Junto à simplificação e à otimização, o intuito é também ampliar e criar variedade. Simplifique suas principais mensagens e, ao mesmo tempo, crie variedades e oportunidades. Equilibre aquilo que você simplificou com oportunidades para ampliar. Os melhores líderes fazem isso. Mas como saber onde simplificar e onde ampliar?

Essa é uma responsabilidade dos líderes. Relembre os princípios: “Qual é o nosso negócio? Quais são nossos valores? Nossa visão? Nossa missão?” Essas são as questões mais importantes para simplificar. “Quem é nosso cliente? Qual é a nossa proposta empresarial? Qual é o nosso modelo de negócios?” E, mais importante: “Quais são nossos valores?” – porque os valores direcionam as pessoas em momentos de incerteza.

Esse processo é baseado no fornecimento de uma estrutura e de parâmetros às pessoas envolvidas
e, dessa forma, as capacita. Mas queremos ir além. Não é somente o ato de fornecer uma estrutura e permitir que as pessoas deem prosseguimento à administração: hoje em dia, além de dar a estrutura, é necessário incentivar uma variedade dentro desse enquadramento.

Em seguida, foque a administração dos contatos entre as pessoas para que você possa se aproveitar do aprendizado.

Nesse tipo de situação, qual é o principal foco dos melhores líderes? É um verdadeiro desafio para aqueles gerentes que estão acostumados a ter controle. Você pode muito bem controlar aquilo que você simplifica, mas você precisa abrir mão do controle de outras áreas. E isso é difícil fazer.

O primeiro desafio é descobrir o que você quer simplificar. Em seguida, vem a dura tarefa da implementação e de não deixar a vontade de “controlar” dominá-lo. Há três características de liderança muito importantes, os três “Cs”: clareza; curiosidade; e coragem.

Seja claro
>
A clareza é simples. Resume-se a ser claro a respeito do que simplificou. Repita a instrução inúmeras vezes. Aproveite todas as interações pessoais para reforçar aquilo que foi simplificado, até virar uma obsessão. Chegue a um nível
em que as pessoas se divertirão com você – “Lá vem ele de novo”! Tem de exagerar, e muito, nesse momento.

A curiosidade não matou o gato
> A curiosidade é uma característica de liderança que nos remete ao fato de que nunca saberemos tudo. Um fator de liderança importante para capacitar as pessoas é ter uma verdadeira curiosidade a respeito dos conhecimentos delas. Fale assim: “É apenas uma curiosidade minha: o que está pensando? Quais são as oportunidades que você vê?”

Isso tem dois resultados. O primeiro mostra às pessoas que você valoriza suas opiniões e sugestões. Se você realmente se interessa pelo que estão oferecendo, elas irão compartilhar e criar cada vez mais.

Outro resultado da curiosidade é a criação de uma abertura e de uma humildade que permitem o surgimento de novas ideias, até mesmo na sua própria mente. Você se abre muito mais ao que as pessoas estão dizendo e, consequentemente, aproveita o conhecimento delas.

Na atual situação, o excesso de certeza pode ser perigoso e, assim, limitar sua abertura às oportunidades. Se você é curioso, você também pode ampliar e criar oportunidades. Você não conseguirá se adaptar se não for curioso. Porém, tome cuidado para não deixar a rotina anular a sua curiosidade.    

A coragem de abrir mão do controle
> Finalmente, a coragem está relacionada a querer pôr em prática sua curiosidade. Utilize-a para tomar a frente, para ser disciplinado, para abrir mão do controle de vez em quando, para ser claro a respeito dos seus valores. E utilize a coragem para admitir que você não sabe tudo.

É preciso que os líderes aprendam que é normal ter esses sentimentos – que não é somente saudável, mas também produtivo. É um sinal de que você está fazendo as perguntas certas, mesmo se você não esteja totalmente seguro.

*Martha Maznevski é diretora do programa Master of Business Administration (MBA) e leciona nos programas Strategic Leadership for Women (SL) e Orchestrating Winning Performance (OWP) no IMD

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