Carreira e Educação

Canal do conhecimento

de Fabíola Tarapanoff em 7 de janeiro de 2010
Cosentino, da Totvs: com advento da TV digital, e da interatividade, as empresas poderão fazer um uso mais inteligente das TVs corporativas

Até 2014, a Unilever pretende realizar uma transformação em sua cultura. A ação, que faz parte do planejamento estratégico da empresa, visa que todos os seus 12 mil colaboradores tenham um conhecimento uniforme sobre a companhia, sabendo exatamente o que devem fazer para o sucesso do negócio. Para atingir essas metas, a empresa conta, entre outras coisas, com a ajuda da telinha… Como explica Luiz Carlos Dutra Jr., vice-presidente de assuntos corporativos da Unilever, a TV corporativa é um dos pilares desse ousado projeto. “Ela é muito mais do que um simples canal de comunicação; tem um papel fundamental, pois, além da produção de conteúdo interno, é utilizada como componente de transformação cultural e de motivação”, explica. Segundo ele, o fato de ser uma TV interna não justifica ter um conteúdo estático e pouco interessante. O desafio é ainda maior. “Precisamos criar um conteúdo diferenciado, que tenha criatividade, relevância e chame a atenção das pessoas”, completa Dutra.

Para dar conta desse recado, a equipe de Aghata Faria, gerente de comunicação interna da Unilever, tem trabalho redobrado para tratar de temas como lançamento de produtos, serviços aos funcionários, notícias da internet, dicas de cultura e até informações sobre a bolsa de valores. “Há, ainda, treinamentos específicos para cada departamento, que são exibidos nas filiais, apresentando diferenças de acordo com cada área da empresa”, acrescenta.

Ela conta que nas áreas comuns, por exemplo, são exibidos vídeos mais genéricos, sobre os produtos, as marcas, a história da organização e ações sobre sustentabilidade. Já nas áreas internas há conteúdos específicos e treinamentos de acordo com cada setor, como vendas, marketing e administração. “Devido à comemoração dos 80 anos da Unilever no Brasil, há também programas especiais, mostrando a história da marca no país e trazendo depoimentos de funcionários e consumidores”, completa Dutra.

Transmitir cultura
A TV corporativa da Unilever foi ao ar em 2008 e atende dois mil funcionários (nível administrativo) e seis mil colaboradores (fábrica) em quatro estados brasileiros. Inicialmente, os departamentos de comunicação interna e de gestão de pessoas definem quais conteúdos devem ser veiculados para os colaboradores de acordo com a área de atuação. E os resultados podem ser sentidos na prática; uma pesquisa realizada em dezembro de 2008 confirma o sucesso do projeto: 98% dos funcionários aprovam a ferramenta.

Fica claro que essa ferramenta é muito mais do que um simples canal de comunicação interna. Trata-se de um recurso mais abrangente, que já está integrado à internet e contribui não só para ações de capacitação, mas para a disseminação da cultura da companhia entre os colaboradores. Atualmente, são utilizadas com mais frequência duas tecnologias nas empresas: a IP (internet protocol) e a transmissão via satélite. A primeira é uma das que mais crescem no mundo, pela capacidade de transmitir dados de forma econômica e eficiente. E com a expansão da banda larga e a queda do valor das conexões na internet, mais companhias estarão utilizando essa tecnologia. Segundo a ABI, consultoria de inteligência em TI para mercados emergentes, os serviços de IPTV (cuja principal aplicação é a TV corporativa) atingiram a marca de 13,5 milhões de usuários em todo o mundo em 2007.  A pesquisa aponta, ainda, que o número de usuários será superior a 90 milhões até o final de 2013.
 
Além dessas formas de transmissão, deve-se levar em conta, também, o advento da TV digital. Por meio dessa tecnologia, como conta Laércio Cosentino, presidente da Totvs, empresa de software de gestão, será possível ter uma utilização mais inteligente da TV corporativa. Isso porque, com a possibilidade de maior interatividade, será possível, explica o executivo, ter um retorno melhor por parte dos colaboradores. “A troca de informações pode ser maior”, diz Cosentino, cuja empresa já se prepara para atuar no segmento de TV digital desde 2007, quando firmou joint venture com a Quality, criando a TQTVD.

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Programação variada
Outra empresa que aposta na utilização da TV corporativa é a Sabesp. “Por meio dela podemos levar conhecimento a um maior número de funcionários. Temos, como infraestrutura, 33 pontos com antenas para transmissão via satélite distribuídas na Grande São Paulo, no interior e no litoral paulista”, explica Silvana Pingueiro, analista de recursos humanos da organização. Os colaboradores têm acesso, ainda, a um acervo de vídeos por meio da intranet.

O conteúdo da TV é elaborado pela área de comunicação interna da matriz e por uma fornecedora e, depois, é transmitido aos pontos descentralizados. São exibidos programas sobre meio ambiente e eventos da companhia como Qualidade de vida x Anti-tabagismo Sabesp, uma iniciativa da empresa que já beneficiou seis mil funcionários.

Silvana conta que a TV corporativa ajudou a reduzir significativamente os custos com viagens e hospedagem, já que os executivos não precisam mais ir para outras cidades para participar de cursos, por exemplo. Além disso, são feitas pesquisas anuais com os responsáveis pelos pontos descentralizados e abordadas questões como infraestrutura e divulgação. “Até agora, obtivemos retorno satisfatório, pois o empregado pode assistir ao conteúdo na empresa em qualquer horário na sala de treinamento ou em seu computador”, acrescenta José Carlos Aires Filho, analista de informática da organização.

Para 2010, a expectativa da Sabesp é aumentar os pontos de recepção, disponibilizar acervos de vídeos via intranet para um número maior de funcionários e criar um miniestúdio para a geração de conteúdo próprio para transmissões ao vivo, conforme adianta Silvana.

Alinhar informações
Na Petrobras, que implementou sua webTV em 2004, foram necessários dois anos para a definir a programação, como explica Manoel Walter de Gois Filho, coordenador do projeto de conteúdo para a ferramenta. “Primeiro, visitamos várias empresas que trabalhavam com vídeo na internet, mas não havia nenhuma experiência parecida com o que nós pensávamos em ter. Viajamos, então, para unidades levantando demandas de comunicação e conversamos também com a alta administração da companhia sobre a necessidade de alinhamento da informação. Só depois disso fizemos um projeto piloto”, lembra Gois.

Para garantir a transmissão do sinal, foram instalados roteadores e switchers e utilizada banda larga e tecnologia streaming media. “A infraestrutura foi construída pela Petrobras e os fornecedores são os responsáveis pela produção dos programas. Já a manutenção da interface web é feita pela área de TI.”

Hoje, a iniciativa atinge 44 mil computadores e tem audiência média de cinco mil usuários. “Mas, quando o presidente faz o um pronunciamento, a audiência ultrapassa 15 mil usuários em todo o país”, destaca o coordenador. A interface inclui, ainda, um ícone de promoções onde há quizz, chats, enquetes, programas on demand e envio de sugestões de pautas. “O objetivo principal é alinhar a informação de todas as unidades, divulgar o plano estratégico da empresa e apoiar campanhas internas”, completa Góis Filho, que ressalta que a TV é conduzida pelas áreas de comunicação interna e RH, que possuem uma estrutura própria e utilizam o meio para treinamento de colaboradores.

Motivar colaboradores também é um dos objetivos da TV corporativa do HSBC, implantada em 2004. Segundo Desirée Portela, coordenadora de comunicação interna da organização, hoje, o banco possui 1,38 mil pontos de satélites distribuídos no país e 24 mil colaboradores têm acesso à tecnologia tanto em monitores instalados nas agências quanto por meio da intranet. “O objetivo era fomentar a comunicação e os negócios, mas já passamos por cinco modelos editoriais diferentes. Por isso, fizemos pesquisas e analisamos o que era mais atraente para o público”, comenta Desirée.

Atualmente, a programação é exibida de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h, é produzida pela equipe de comunicação interna e possui tecnologia implementada por uma empresa terceirizada. “Há, ainda, programas de RH como treinamentos específicos e integração de novos funcionários”, conta. A maior vantagem é que os vídeos estão disponíveis na intranet e o colaborador tem acesso a materiais complementares como apostilas. Desirée destaca que, além de programas sobre negócios, os funcionários têm acesso a notícias sobre economia e sobre o que ocorre em outras filiais do banco. Como o caso de um gerente que viu um programa sobre um colega de outra cidade que tinha obtido o desempenho máximo em relação a um produto do banco e, por isso, havia sido premiado pela organização. “Ele ligou para o colega e perguntou qual era o segredo para obter um resultado tão bom. Isso mostra que a TV incentiva também boas práticas.”

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Uma luz em pontos remotos

Para treinar seus mais de seis mil colaboradores e disseminar a cultura da empresa, Eletrobrás investe na TV corporativa. O resultado? Uma economia de 7 milhões de reais

Em 2008, a Eletrobrás, após adquirir seis empresas do setor: CEPISA – Companhia Energética do Piauí (PI); CEAL – Companhia Energética de Alagoas (AL); Manaus Energia (Manaus – AM); Boa Vista Energia (Boa Vista – RR), Eletroacre (AC); e CERON – Companhia Energética de Rondônia (RO), viu-se diante de um dilema: como treinar mais de seis mil colaboradores em pontos distintos do país e, ainda, alinhar a cultura da empresa? Com esse questionamento e a certeza de que sairia caro treinar todos esses profissionais do modo tradicional, a companhia optou pela educação a distância. Assim, surgiu em 2009 a ideia de criar uma TV Corporativa. Segundo o coordenador da TV, Pedro Cardoso Franco, a ferramenta permitiu o treinamento e a transmissão ao vivo de eventos e pronunciamentos a partir de oito salas de transmissão que estão nos pontos e nas matrizes da Eletrobrás (Rio de Janeiro e Brasília). E para atender a essa estrutura, a fornecedora tornou disponíveis instrumentos que integram soluções tecnológicas como transmissão via satélite, vídeo IP (internet protocol – exibição de imagens por meio da internet) e webstreaming (que permite a compressão dessas imagens, facilitando o envio por meio da Web).

A TV atende a três vertentes: treinamento e desenvolvimento de profissionais, gestão e integração, e responsabilidade social. Outra vantagem, na visão de Franco, é que o treinamento é realizado com baixo custo, alta qualidade e ampla freqüência. “Atinge-se um maior número de pessoas, buscando uma cultura única por meio da padronização e de procedimentos que comunguem com as informações dessas empresas”, explica.

A fornecedora disponibiliza os treinamentos por meio de três canais com conteúdo próprio: gestão corporativa, autodesenvolvimento e gestão pública, que funcionam 24 horas por dia, e por meio de um canal exclusivo chamado Setor Energia, que funciona das 8h às 20h, com temas do segmento. Há, ainda, um ambiente virtual de aprendizado, o LMS (Learning Management System) que possibilita que os funcionários complementem os temas aprendidos por meio de material online como apostilas e apresentações. Eles também podem fazer avaliações e recebem certificados de conclusão dos cursos.

De acordo com Franco, o meio é utilizado também para videoconferências, tendo seu sistema concentrado em uma unidade de multiconferência (MCU), que não atrapalha na exibição dos canais de treinamentos, pois podem ser feitas paralelamente. “Dessa forma, pode-se ter a presença da diretoria permanentemente, ou seja, o diretor, pode se comunicar a qualquer momento com as outras unidades: basta entrar em um estúdio da TV Lume e fazer o seu pronunciamento”, explica o coordenador.

E os resultados podem ser vistos na prática, como mostra Franco. Segundo ele, o investimento de 250 mil reais por mês já obteve retorno: foram economizados 7 milhões de reais de agosto a outubro de 2009. “Em três meses, os mais de  2 mil empregados que teriam de viajar e gastar com passagens e hospedagens puderam trocar informações sem sair do lugar”, avalia.

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Ferramenta de gestão

Grupo Ometz utiliza a TV corporativa para informar, motivar e treinar colaboradores

Pelicanos combatem intocáveis enquanto mosqueteiros avançam no campo de batalha. Não se trata de uma guerra, mas sim de uma disputa entre equipes realizada por meio do game Hunting Winners, jogo criado em 2003 para motivar os profissionais da área comercial do Grupo Ometz. A brincadeira deu tão certo que, hoje, o site que hospedava o jogo virou a Hunting Winners TV, plataforma de comunicação que alia interatividade via site, TV e rádio, e traz aos funcionários informações diárias sobre o grupo (holding com 11 empresas atuantes no Brasil e no exterior, como as redes de escolas de inglês Wise Up, Lexical, You Move e Go Getter) e sobre campanhas motivacionais.

Segundo o presidente da empresa, Flávio Augusto, a TV é mais do que um canal de comunicação: trata-se de uma ferramenta de gestão no qual todos podem ser ouvidos. “A ferramenta segue o conceito de corporate reality show e tem como base a divulgação do dia a dia dos nossos funcionários”, explica Augusto. Nesse ambiente, continua o presidente, os profissionais podem trocar informações, além de ser reconhecidos e celebrar as suas vitórias. “A TV também pode ser usada para fazer a cobertura jornalística de uma competição de vendas que, a cada temporada, reconhece os que mais se destacaram. Do início até o fim, os profissionais são os próprios protagonistas desse reality show”, conta.

Além disso, todos os dias são veiculados três programas diferentes, seis notícias e um artigo e os participantes podem postar mensagens que são moderadas pela produção. Utiliza-se, ainda, o rádio para programas de debate. A cada dois meses são transmitidos programas ao vivo com a participação de toda a empresa e de quatro em quatro meses há a veiculação de grandes eventos.

A equipe que produz a TV é formada por 40 pessoas, entre jornalistas, editores de imagem, cinegrafistas, cenógrafos, marceneiros e eletricistas. Os formatos de vídeo são produzidos em HD (high definition, alta definição) e depois armazenados em servidores.
Os vídeos são, então, exportados para uma das três ilhas de edição. No controle mestre ficam 12 colaboradores que trabalham nas transmissões ao vivo.

Na visão do presidente do grupo, a Hunting Winners TV é uma ferramenta de comunicação poderosa capaz de informar, motivar, treinar e consolidar a imagem da instituição internamente. “A velocidade e a implementação de ideias e conceitos é muito eficaz quando se tem um canal como esse – o que pode ser traduzido em resultados significativos nas políticas de RH. Por isso, investimos mais de 1,5 milhão de reais desde 2003”, avalia. “O programa ao vivo, além de muita adrenalina, tem realismo. As pessoas sentem-se participando e em cada escola, todos param para saber os resultados do reality show”, acrescenta Augusto.

Cada funcionário tem, ainda, a possibilidade de convidar seus parentes para assistir e participar. Dessa forma, o presidente acredita que a ação de recursos humanos extrapola as fronteiras do quadro funcional e entra na rede de contatos, como família e amigos. “E todos sabemos que isso influencia na motivação dos funcionários. Os resultados são imediatos e satisfatórios”, completai.

E o treinamento é fundamental para manter a qualidade, o padrão, a motivação dos profissionais e a retenção dos alunos, pois impacta diretamente no faturamento. Por isso, no Centro de Treinamento da Wise Up Franchising (CTW), por exemplo, são desenvolvidos programas de capacitação em todas as áreas que podem ser transmitidos a distância ou serem realizados presencialmente na sede do grupo em Curitiba.

 

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