Uma das prioridades de Braulio Carvalho, CEO da Orbitall, é fazer com que os colaboradores se sintam parte integrante. Para o executivo, as pessoas só acreditam em um projeto quando ajudam a construí-lo. “O projeto não é ‘meu’, mas ‘nosso’”, diz ele.

Quais são seus principais desafios?

O grande desafio, atualmente, é a humanização das relações versus resultados. Pode parecer simples, porém não é. O mundo dos negócios estará mais competitivo, e o desafio constante das empresas pela busca de eficiência operacional tende a aumentar significativamente.

O que antes era feito com dois ou três colaboradores, as empresas querem fazer com um profissional. É importante entender que isso já é uma realidade em países como os EUA, onde a proporção pode ser de um para cinco.

Para chegar a esse patamar, é importante a empresa entender que a transformação digital é o carro-chefe para alcançar os resultados desejados, ou seja, as pessoas precisam estar atentas à constante evolução para mudar o mindset e promover mudanças.

Nesse cenário, a empresa precisa se manter atrativa para trazer profissionais com ampla capacidade técnica e mantê-los. O sucesso de uma empresa está diretamente relacionado à capacidade de atrair, formar e reter talentos.

Como o RH o ajuda a enfrentá-los?

Não há “fórmula mágica”. É necessário que o RH entenda o processo de transformação digital que será promovido ou que está em curso. A mudança é grande, pois falamos de ambiente de trabalho, nomenclaturas de técnicas que deverão ser reformuladas, cultura, tecnologia, novas informações que precisam ser muito bem digeridas pelo RH para que a área seja um suporte importante nessa jornada.

A partir dessa vivência, o RH deve listar, em parceria com os líderes, os principais pontos que deverão ser trabalhados num primeiro momento:
(1) trabalhar, para replicar o conhecimento a todos;
(2) aprofundar, para tratar a retenção da equipe, ou seja, falamos de manter um profissional por no mínimo quatro anos (pode parecer pouco, mas a média em empresas digitais é de dois anos e meio);
(3) apoiar a empresa na avaliação do resultado não apenas pelo faturamento, mas também pela qualidade de vida;
(4) jornadas de trabalho mais flexíveis;
(5) a maneira que a falha é tratada pode inibir novas ideias, o ponto não é buscar quem errou e, sim, como podemos aprender com o erro.

E quais os desafios em relação ao tema pessoas?

Nesse movimento importante de transformação digital, o tema pessoas é um dos maiores obstáculos, pois as mudanças envolvem tanto processos que estão dando certo quanto aqueles que precisam ser solucionados.

Ao propor mais autonomia, ocorrem os chamados ‘conflitos internos’, que na verdade sempre ocorreram, mas que neste novo modelo lida com vários egos – fato que deve ser administrado com muita inteligência. Precisamos ter em mente que a tecnologia é para todos, embora a transformação digital gere incômodos para colaboradores resistentes à mudança.

Há ainda o trabalho colaborativo, que faz parte da mudança de cultura. Neste contexto, o “eu” cede lugar ao “nós”. Destaco também a formação constante de novos líderes que deverão carregar essa transformação. São pessoas estratégicas para a organização, com pensamento positivo e poder de persuasão.

A equipe de RH precisa estar muito atenta a esses pontos para conseguir minimizar as barreiras e atuar como um facilitador, de forma que as informações possam fluir mais facilmente.

Como você é como gestor de pessoas?

Procuro encontrar o equilíbrio entre a saúde das pessoas e da empresa. Quando você consegue trabalhar os dois em harmonia, a empresa responde muito bem. Poderia eleger várias ações, mas vou ressaltar aquela que tem sido a minha prioridade: fazer com que os colaboradores se sintam parte do todo.

Os colaboradores só acreditam quando eles ajudam a construir. Tomamos decisões conjuntamente. O projeto não é “meu”, mas “nosso”.

Leia também Os inimigos do engajamento e da produtividade