Gestão

Home office: o desafio de liderar equipes que trabalham de casa

de Redação em 18 de maio de 2018

As organizações e os profissionais vivem um novo momento, e os departamentos de RH estão, aos poucos, aprendendo a lidar com novos perfis e modelos de trabalho que surgem constantemente. O home office, que permite ao funcionário trabalhado remoto – em casa -, é um exemplo, que está atraindo a atenção não somente das empresas, que conseguem diminuir custos, mas também dos trabalhadores, que encontram na modalidade mais tempo e flexibilidade para outras atividades.

Mas não é só um desafio do RH saber cuidar de carreiras que trabalham em home office, pois os líderes de equipe encontram também desafios, porém, a tecnologia permite uma experiência de proximidade diferente e eficaz.

Para falar do assunto, na visão de quem lidera equipe a distância, a Revista Melhor RH entrevistou Juan Camilo Latorre, supervisor de engenharia de software da ACI Worldwide.

Juan Camilo Latorre, supervisor de engenharia de software da ACI Worldwide / Foto: Divulgação

Juan Camilo Latorre, supervisor de engenharia de software da ACI Worldwide / Foto: Divulgação

Como é liderar a distância? Quais os principais benefícios e desafios?
As tecnologias de comunicação atuais criam um ambiente de proximidade que não poderia ser imaginado há poucas décadas. Trabalho com pessoas na Índia, África do Sul, Brasil e sinto que estão todos muito próximos. Isso realmente torna a colaboração muito mais fácil, mas em particular no caso de gerenciamento de pessoas.

No entanto, é preciso tomar alguns cuidados. Quando você tem o gestor próximo, fisicamente, você só precisa levantar e conversar com ele, seja para ouvir comentários ou conferir quais são suas atividades. O controle é muito mais difícil quando as pessoas estão longe. Tive o privilégio de ter um grupo muito talentoso de teletrabalhadores que conseguem reportar para os EUA, Colômbia e Brasil e atuar de forma muito autônoma e confiável. Sinto-me sortudo por isso. Mas, é possível encontrar baixas performances por trabalhar a distância e as coisas podem ficar bagunçadas, uma vez que pessoas com baixo desempenho precisam de um acompanhamento muito mais próximo. É por isso que nossa empresa desencoraja o teletrabalho em pessoas que obtiveram pontuações baixas em suas avaliações.

Outro desafio que vejo é relacionado à construção da confiança. Quando você está por perto, você aprende facilmente sobre os hábitos, sentimentos e atitudes da outra pessoa. Por telefone ou através de e-mails, isso é muito difícil de alcançar. E quando você não conhece muito sobre os outros, confiar neles não é fácil. Nesse sentido, videoconferências podem ajudar, pois você vê a outra pessoa na tela e pode perceber gestos e expressões que possam fazer com que essa pessoa se aproxime de você. E eu também incentivaria a encontrar o caminho para, pelo menos uma vez por ano, promover reuniões para obter relatórios de teletrabalho. Isso realmente ajuda a criar um relacionamento.

O teletrabalho possui várias vantagens importantes. Em primeiro lugar, as pessoas não ficam estressadas pelo trânsito. Em cidades como Bogotá, São Paulo ou Nova York, este é um fator muito importante. Eles também podem mudar facilmente do trabalho para outras tarefas importantes, como trabalhos domésticos. Vários dos teletrabalhadores que trabalharam comigo ao longo do tempo são pais e eu realmente valorizo que eles tomem algumas decisões para proporcionar um tempo de qualidade aos seus filhos.

E algo muito interessante é a oportunidade de conseguir selecionar colaboradores talentosos de diferentes lugares para construir uma “equipe dos sonhos”, o que pode ser difícil de acontecer, se você for limitado pela geografia.

Como são tratadas as questões de participação dos colaboradores, no que tange o engajamento com a cultura da empresa?
Este é um aspecto delicado, porque é fácil para os teletrabalhadores perderem a conexão com a cultura da empresa. Afinal, você não está vivendo em suas atividades do dia a dia. Nessa questão, a ACI se propõe a transmitir todas as reuniões trimestrais de todos os funcionários e todos os teletrabalhadores têm a oportunidade de participar – apresentamos os últimos resultados, falamos sobre as atualizações de estratégia e divulgamos as iniciativas globais da empresa. Alguns locais que têm um certo número de funcionários também têm reuniões centrais em que os teletrabalhadores podem estar presentes.

No entanto, não devemos nos prender apenas a essas iniciativas. Também é necessária uma proximidade real e é quando insisto em fazer o meu melhor para conhecer os colaboradores pessoalmente. Existem algumas ocasiões que permitem isso. Por exemplo, quando as sessões de treinamento estão acontecendo. É verdade que treinamentos online são uma opção (e rentável), mas a experiência para os teletrabalhadores de realmente interagir e aprender junto com seus colegas de equipe não tem preço. Outra boa ocasião é um evento social. Fazer eventos sociais com sua equipe local já é uma boa ideia (eles se sentem motivados e recompensados por isso) e se você pode envolver as pessoas trabalhando remotamente, isso se torna ainda melhor. É possível, também, avaliar se, você, como gerente, consegue investir em uma visita presencial. Claro, que os custos devem ser considerados para avaliar se é viável.

O fundamental é fazer com que todos os colaboradores se sintam parte de uma equipe. Se sentirem que estão dentro também se conectarão com a empresa como um todo e com sua cultura.

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