Inovação

HR Tech desconstrói modelo tradicional de R&S

A Intera levou a filosofia hacker para o RH e propõe uma forma disruptiva de fisgar e pré-selecionar os melhores candidatos para o processo seletivo

Quando os especialistas afirmam o quanto será bem-vinda a nova geração de hackers no mundo, há quem se assuste. É fácil confundir significados, e é claro que eles não estão se referindo aos super conhecedores dos sistemas de informação e das falhas de segurança. Os “hackers do bem”, no caso, são as pessoas que conseguem usar seu conhecimento para aperfeiçoar processos, transformar o usual em algo novo e muito melhor.

Hackers são inovadores por natureza. Nessa trilha, Paula Morais, especialista em recrutamento digital e co-fundadora da HR tech Intera, decidiu desatar nós importantes de R&S, que inclui a demora na escolha (nem sempre acertada) de profissionais.  

 “As contratações que não são amparadas por dados, podem custar caro para as empresas”, afirma.

E os números comprovam. Levantamento feito pelo LinkedIn, em parceria com a Price Waterhouse Coopers Auditores, revelou que, em todo o mundo e a cada ano, são desperdiçados US$ 19,8 bilhões em contratações malsucedidas. 

O estudo mostrou também que a falta de produtividade pode refletir em a US$ 130 bilhões para as companhias com contratações imprecisas.

No Brasil, são mais de R$ 57 bilhões gastos, todos os anos, em contratações erradas. Por consequência, é aqui que os processos seletivos são mais morosos e levam, em média, 39,6 dias para serem realizados, segundo pesquisa da Glassdoor.

Inconformada com esses dados que retratam a realidade do RH brasileiro e em todo mundo, Paula desenvolveu, com o sócio Augusto Frazão, o Hunt Hacking  — um método de atração de talentos (hunting) que combina tecnologia, inteligência de dados, automações e estratégias online.

A HR Tech hackeia os métodos tradicionais de recrutamento para tornar o processo de atração mais assertivo e ágil. “É o que fazemos: hackeamos o recrutamento e encontramos as pessoas certas para estarem nas empresas certas”, resume.

Paula explica, a seguir, que forma tudo acontece.

Paula Morais, da Intera: capturar o candidato perfeito para a empresa com eficiência e precisão, graças à cultura hacker.

Como o recrutamento hacker pode abrir os caminhos para o RH?

Tudo é hackeável no sentido mais genuíno e positivo da palavra. Ao entendermos isso, passamos a enxergar cada obstáculo, cada processo e passo da operação como algo a ser otimizado sempre. Ao “hackear” o recrutamento tradicional, a visão do negócio passa a ser pautada no desenvolvimento de uma cultura de olhar para o funcionamento das coisas e se desafiar a fazer melhor. O recrutamento “hacker” veio para desconstruir de forma inovadora o modelo tradicional de R&S. 

É necessário ter em mente que, em todos os níveis do processo, estamos lidando com humanos e suas particularidades. Para além disso, é preciso navegar no mundo tech e pensar: como isso está sendo feito? Está entregando resultados? Se não está, como podemos inovar e hackear o processo?

Essa é a base do recrutamento hacker: entender a situação e todas as suas particularidades e analisá-la como algo hackeável: quais as possibilidades que temos e quais podemos criar? Isso vai desde extensões no Google Chrome que ajudam a otimizar o processo até mesmo à utilização de bots em mensagens. 

Quais são os recursos utilizados?

A filosofia hacker pode ser aplicada em todas as fases do seu processo. Depois de realizar o alinhamento com o cliente para entender qual perfil é o mais assertivo para cada vaga, traçamos todas as estratégias para a atração e triagem dos profissionais, pensando em quais hacks podemos utilizar desde antes da entrada nos talentos no nosso funil. 

Os talent hackers, como são chamados os nossos recrutadores de talentos, têm a responsabilidade de encontrar e atrair perfis para participarem do processo. Para determinar qual estratégia tem o melhor desempenho e melhorar campanhas de aquisição de talentos, é possível fazer testes com ads. Eles permitem alterar variáveis, como elementos da arte do anúncio, público ou posicionamento, a fim de aumentar a proporção de inscritos por pessoas que foram impactadas pelo anúncio. 

É interessante realizar testes para mensurar o impacto de alterações na sua campanha ou para comparar rapidamente duas estratégias de aquisição de talentos.

Outra estratégia interessante é o mapa de calor, que é o resultado do rastreamento dos movimentos do mouse dos usuários do site. Ao fazer esse mapeamento, é possível pode ver o que está de fato atraindo os olhos dos seus visitantes, as regiões do site onde eles passam mais tempo e onde estão clicando mais. Com essas informações, é possível investir em melhorias nas páginas de inscrição que vão consequentemente impulsionar as taxas de conversão. 

O uso de chatbots via WhatsApppara manter um relacionamento mais próximo com os talentos ao longo da jornada também pode ser uma ferramenta interessante, mantendo-os atualizados do status do processo enquanto realiza as ações de triagem.  

Como a cultura hacker impacta no negócio?

Quando você consegue gerar resultados mais assertivos em menos tempo, consequentemente você gera maior lucratividade. Além disso, quando os talentos passam de forma mais rápida pelo seu processo e têm uma boa relação durante todas as etapas, eles acabam se engajando mais e têm maiores chances de se tornar divulgadores da sua empresa. 

Hackear os processos é uma estratégia para diminuir o tempo gasto com fases mais operacionais e sem perder a assertividade, ajudando tanto para a imagem da empresa como para a experiência dos talentos. Sem falar que o time de recrutadores ganhará mais tempo para se dedicar a outras tarefas e projetos. 

Implementar a cultura hacker, e criar tantas soluções para o processo de seleção, é um caminho longo e que demanda um certo esforço do time. No entanto, o tempo gasto para estruturar esses pontos vai economizar muito mais tempo, posteriormente, e garantir um processo muito mais eficiente.

É importante visualizar quais partes do processo da empresa podem ser otimizados e ter sempre em mente: como isso funciona e como fazer melhor? É um exercício a ser praticado aqui e agora. [Inês Pereira]

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