Humanizar a liderança

de Olavo Dias em 17 de abril de 2017
Marcos Roberto Alves, diretor da Thutor

Nos programas de formação de liderança, alguns pontos acabam ficando em segundo plano, como a humanização do líder. Essa é a avaliação de Marcos Roberto Alves, diretor da Thutor, plataforma online de desenvolvimento de pessoas. “Acreditamos que um líder só consegue o engajamento de seus liderados à medida que ele os trata de forma humanizada, ou seja, com interesse genuíno”, diz.

Marcos-Roberto-Alves_ThutorAlves acrescenta, ainda, a importância do autoconhecimento no processo de desenvolvimento profissional e pessoal. Para ele, toda pessoa reconhece seus pontos a serem melhorados, mas também é preciso que ela saiba quais são suas qualidades para aprimorá-las, evitando que seu potencial seja desperdiçado, e garantindo, assim, o surgimento de grandes profissionais. “O autoconhecimento é um processo constante, pois nós mesmos estamos em constante mudança. Quanto mais você se conhece, mais autonomia você tem, não só na sua vida, mas também com relação ao seu trabalho. Quanto mais você tem domínio dos seus sentimentos, mais consegue controlar o seu comportamento”, finaliza o diretor da Thutor.

O que vem a ser a “Filosofia de gestão”?
É uma nova forma de pensar a gestão visando potencializar os resultados da empresa, carreira e/ou vida pessoal por meio de conceitos simples como a felicidade e o respeito, a valorização das pessoas, a coerência entre o discurso e a prática, entre outras características que, juntas, podem trazer a melhor alternativa para você: ser feliz, ter rentabilidade e uma vida equilibrada. Ela possui quatro pilares, que são: acreditar; praticar; melhorar; e compartilhar. É com a aplicação diária desses conceitos que as pessoas ou a empresa conseguem atingir um alto nível de desenvolvimento.

O uso da tecnologia para disseminar conteúdos comportamentais, como a modalidade a distância, por exemplo, é discutido por algumas pessoas que acreditam que o contato face a face ainda é o melhor para essas ocasiões. Essa visão já está superada?
Nós acreditamos que a tecnologia vem ganhando cada vez mais velocidade em questões que até então eram exclusivas dos contatos pessoais, como a educação, por exemplo. É um caminho que não tem volta e embora concordemos que existe sim uma dificuldade muito grande de humanizar o aprendizado, por outro lado, a tecnologia supre de maneira sem igual outras situações dos tempos modernos como a falta de tempo, a dificuldade de locomoção, sem falar nos altos custos que esses contatos presenciais trazem consigo.Portanto, essa visão de que a tecnologia não pode superar o contato presencial tende a ser superada em pouco tempo. Muitas pessoas dizem que a internet é só informação, mas a questão está na forma como a utilizamos. O conhecimento se refere ao nosso modo de aprendizado e de como questionamos e percebemos as informações obtidas. Esse processo pode gerar novas formas de aprendizagem. A Thutoria faz exatamente isso, busca fazer com que a pessoa reflita e tenha não só informações, e sim, conhecimento (de si e dos acontecimentos à sua volta – provocações para o pensar), para que o indivíduo possa agir depois.

Como são escolhidos os tutores que irão ajudar os profissionais?
Os tutores realizam uma rigorosa seleção que começa desde a candidatura, passando pelas entrevistas pessoais e termina com um treinamento, tipo imersão, para compreender como funciona a “Filosofia de gestão”. Somente após passarem por todas essas fases, e mediante a aprovação dos diretores da Thutor, é que os selecionados passam a integrar o time de colaboradores da empresa. Para integrar o time de tutores, a Thutor busca candidatos que gostem de pessoas e que tenham, preferencialmente, formação na área de humanas, como psicólogos(as), gestores(as) de recursos humanos, educadores(as) etc. Além disso, buscamos candidatos que se expressem bem, tanto verbalmente quanto pela escrita e, o mais importante, que tenham o mesmo propósito da empresa que é ajudar pessoas e empresas a se desenvolverem.

Qual a importância do autoconhecimento para o desenvolvimento profissional? Quais os maiores erros quando uma pessoa resolve fazer esse processo?
O autoconhecimento é a base não só para o desenvolvimento profissional como também para o pessoal. Nós entendemos que qualquer pessoa traz consigo diversos pontos fortes e qualidades. Se essa pessoa não souber quais são esses pontos, a tendência é que ela desperdice todo o seu potencial e assim não consiga se desenvolver. O nosso trabalho também está focado em ajudar as pessoas a se conhecerem para que dessa forma possamos ajudá-las a potencializar suas qualidades. Dessa maneira, surgem grandes profissionais. O contrário disso, quando as pessoas se preocupam apenas em melhorar os seus pontos fracos, se concentrando no que têm de pior, acaba sendo um entrave bastante difícil para seus desenvolvimentos. Além disso, a falta de confiança e o autojulgamento completam a lista dos maiores erros cometidos pelas pessoas que buscam o autoconhecimento e, por conseguinte a evolução pessoal e profissional. O autoconhecimento é um processo constante, pois nós mesmos estamos em constante mudança. Quanto mais você se conhece, mais autonomia você tem, não só na sua vida, mas também com relação ao seu trabalho. Quanto mais você tem domínio dos seus sentimentos, mais consegue controlar o seu comportamento. O processo resulta na responsabilização dos seus atos, no conhecimento do poder que você exerce sobre os outros e como pode transformar o seu grupo de trabalho em uma equipe.

Cada programa terá um período específico de tempo, por exemplo, três meses, ou a pessoa que contrata pode usar a plataforma pelo período que quiser?
Nós temos a pretensão de sermos aquele “amigo inseparável” daqueles(as) que nos contratam por meio da plataforma. E, por isso, não colocamos nenhum tipo de prazo nem tampouco temos algum tipo de contrato de fidelidade. Se os nossos clientes não estiverem satisfeitos, eles podem sair da plataforma a qualquer momento, pois só queremos ajudar as pessoas e não nos tornarmos um fardo para elas. Por acreditarmos no encantamento que buscamos realizar diariamente juntos aos nossos clientes, nós só queremos vê-los bem e felizes.

Existe um público específico, como os jovens?
Nós estamos abertos a qualquer pessoa que busque o desenvolvimento ou uma grande mudança na vida. Temos tutores especializados em atender jovens, líderes, profissionais estagnados, profissionais que buscam recolocação, empreendedores, quem quer apenas ter mais qualidade de vida, quem está saindo da faculdade e assim por diante. A lista é enorme, pois nós focamos no desenvolvimento de pessoas e entendemos que a nossa forma de atuar, com provocações e com base na “Filosofia de gestão”, atende qualquer público.

Muito se fala sobre a formação de líderes, que ainda existe um gap entre a quantidade de que se necessita de bons líderes e o que existe nas empresas. Qual seria o maior entrave nos programas de formação de liderança? Descolamento da estratégia da empresa, por exemplo?
É verdade que temos, atualmente, muitos programas voltados para a formação de líderes. Felizmente, sentimos que existe um movimento para acabar de vez com os chefes, substituindo-os por verdadeiros líderes. No entanto, existem alguns pontos que às vezes são ignorados nesses programas de formação que é a humanização da liderança. Sim, nós acreditamos que um líder só consegue o engajamento de seus liderados à medida que ele os trata de forma humanizada, ou seja, com interesse genuíno. Esse é o ponto mais difícil de desenvolver, pois é algo que o líder já traz consigo, de sua natureza, da sua forma de pensar e agir. Digamos que ele tem um propósito de vida em sintonia com a liderança que exerce. O verdadeiro líder sabe que, para atingir os resultados cobrados pelas organizações, não existe outro caminho a não ser contar com o empenho dos seus colaboradores. E, como se consegue o empenho deles? É somente por meio de uma liderança próxima, na qual o líder vai conhecer os propósitos e sonhos de cada liderado e, assim, ajudá-los em seus próprios desenvolvimentos. O resultado desse cuidado será a entrega de grandes resultados por parte dos colaboradores, que, no final das contas, é o que as empresas querem. Sabemos que isso tudo não é fácil, mas perfeitamente possível. A liderança envolve sensibilidade emocional e é situacional. O líder cria condições para que o resultado seja alcançado em equipe.

Como as empresas estão lidando com os profissionais mais jovens em relação aos anseios deles ao desenvolvimento profissional? As organizações estão conseguindo atender essas demandas da forma e nos meios corretos?
Não podemos generalizar, mas a maioria das empresas não sabe lidar com a ansiedade natural da geração Y e terão as mesmas dificuldades para lidar com as outras gerações que logo chegarão ao mercado de trabalho. Essa juventude já vem muito bem informada e não está disposta a esperar o crescimento profissional, muitas vezes arcaico, que essas empresas estão dispostas a oferecer. Saber identificar os potenciais dessa geração e, principalmente, saber mesclar a energia da juventude com a experiência das gerações mais antigas seria a grande forma de obter excelentes resultados. Achar que os jovens irão aceitar as velhas formas de trabalhar existentes nas empresas é simplesmente remar contra a maré. Então, seria muito mais inteligente contar com eles para mudar essas formas de maneira que não se sintam limitados e possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento não só da empresa, como deles também. Essa geração passou a vida assistindo aos pais sacrificarem o tempo com a família para construir uma carreira de sucesso. A sede de vencer rápido é reflexo do desejo de equilibrar o desenvolvimento profissional com os propósitos pessoais.

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