Inovação: momento certo para investir com criatividade

Não podemos ficar parados ou interromper o que já estamos pesquisando e desenvolvendo para “quando passar a crise”

de em 6 de dezembro de 2017

Jadir Nunes é consultor e sócio da Dex Advisors, especializado em indústrias farmacêuticas e de cosméticos

Acompanhando os noticiários das mais diversas mídias, percebemos, hoje em dia, uma grande apreensão quanto ao futuro, em nossa vida profissional ou pessoal.

Incertezas quanto às questões relacionadas à economia internacional e como o Brasil está se posicionando agora e como será após as eleições de 2018, aliadas às perspectivas para os próximos anos, nos leva a uma reflexão com viés pessimista.

Intuitivamente, em momentos de incertezas, de crises, nossa primeira reação é parar tudo e esperar para ver o que vai acontecer depois, dependendo do novo cenário, tomar as decisões e definições para dar continuidade às atividades.

Olhando especificamente para as áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, a leitura deve ser completamente oposta.

Para inovar, criar um produto ou linha de produtos com novos conceitos e tecnologias, leva-se muito tempo. Na área cosmética, seçãondo muito otimista, para inovações incrementais, no mínimo de um a dois anos para conseguirmos desenvolver todos os protótipos, realizar as avaliações de estabilidade, segurança, eficácia e registro do produto na ANVISA.

Não podemos ficar parados ou interromper o que já estamos pesquisando e desenvolvendo para “quando passar a crise” voltar a reavaliar se iniciamos ou retomamos os projetos.

Alguns de vocês podem estar pensando que para este tipo de projeto mais inovador é necessário investir altas quantias de recursos financeiros, e na crise geralmente as empresas cortam justamente esses tipos de despesas. É aí que entra a criatividade para investir em projetos.

Na minha opinião, essa criatividade tem outra palavra mágica: parceria.

Isso mesmo, parceria! Internamente na empresa, com outras áreas potencializando competências, compartilhando experiências, com fornecedores de insumos, com a academia, com empresas prestadoras de serviços, com consultores ou mentores. Enfim, qualquer forma que você visualize ser adequada à realidade da sua empresa, da sua linha de produtos e do seu mercado.

Fazer parcerias é uma atividade totalmente democrática, porque qualquer tipo e tamanho de empresa pode fazer.

Empresas gigantes globais podem visualizar uma parceria adquirindo uma outra empresa do setor ou comprando uma startup que desenvolveu uma tecnologia interessante para o seu negócio.

Empresas médias podem fazer parcerias com universidades em projetos pontuais, sem necessariamente envolver grandes investimentos financeiros. No acordo, a empresa poderá oferecer os materiais consumíveis, equipamentos e/ou colaboradores interessados em fazer uma pós-graduação. Neste modelo, a empresa poderia até fechar acordo com uma faculdade para oferecer treinamento e capacitação aos profissionais, que levariam vivências de projetos.

Empresas menores podem fazer parcerias com fornecedores de insumos-chaves visando até o próprio desenvolvimento de protótipos, testes de estabilidade, avaliações de segurança e eficácia compartilhadas, sendo positivo para ambos os lados.

Não é necessário criar uma estrutura laboratorial ou contratar vários profissionais especializados em atividades de pesquisa e desenvolvimento para se conseguir avançar nesses projetos. As parcerias podem envolver empresas de diferentes naturezas que possam suprir todas estas carências com a prestação de serviços.

Importante reconhecer que todos esses movimentos políticos, econômicos, sociais e mercadológicos são cíclicos e se hoje estamos em uma situação desfavorável ou de crise, isso irá se reverter daqui a algum tempo. Neste momento, quem não ficou parado e não deixou de conduzir seus projetos inovadores sairá na frente e usufruirá da nova fase que, certamente, será mais positiva e produtiva.

Atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento de produtos devem ser encaradas não só como estratégicas, mas também como um processo que deve ser sempre considerado. Deve-se ter um portfólio de projetos a curto, médio e longo prazo sempre. Quantidade e prioridade de projetos podem e devem variar, dependendo dos cenários socioeconômicos, mas nunca podem ser deixados de lado ou negligenciados.

No futuro, cobrir este “gap” no lançamento de produtos será muito mais oneroso para a empresa e poderá custar, não só a participação no mercado, mas também sua competitividade e, quem sabe, sua sobrevivência.

Pensem nisso! Inovação com criatividade e parceria sempre.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail