Inteligência competitiva auxilia empresas em tempos de crises

de Olavo Dias em 10 de outubro de 2017

Segundo especialista, implantar a estratégia de monitoramento auxiliará
o RH no engajamento dos colaboradores

Monitorar os concorrentes para antever tendências e desafios do negócio ainda é uma estratégia pouco usada pelas empresas brasileiras. No entanto, a inteligência competitiva pode ser uma grande aliada das empresas, principalmente, em tempos de crise. Mas, o que exatamente é a Inteligência competitiva? Segundo Alfredo Passos, professor de administração na Faculdade Oswaldo Cruz e especialista em inteligência competitiva, é um programa sistemático de coleta e análise da informação sobre atividades dos concorrentes e tendências gerais dos negócios, visando atingir as metas da empresa.

A Revolução Digital 4.0, movimento que traz inúmeras novidades no ambiente tecnológico, vem transformando não somente o mercado de trabalho. “A revolução tecnológica vem transformando a forma como vivemos (apartamentos menores), trabalhamos (novas leis trabalhistas) e nos relacionamos (casais morando em casas separadas)”, garante Passos, que ainda salienta a importância da implantação da estratégia nas empresas brasileiras, já que muitas vantagens serão agregadas, como poder reagir mais rápido às novidades do setor e se manter a par do que fazem os principais competidores. “Acredito que este é o único caminho para o sucesso”, complementa.

O que faz o profissional de inteligência competitiva?
Engenharia genética, nanotecnologia, robótica, inteligência artificial, além de outras tecnologias, todas somadas, estão afetando países, mercado de trabalho e a desigualdade de renda. O acelerado avanço da tecnologia faz com que profissionais capacitados a entender como coletar, analisar e apresentar informações para tomada de decisão empresarial com menor geração de riscos sejam cada vez mais importantes nas estruturas das organizações, independentemente de qual porte for (pequena, média ou grande) ou setor da economia. Esse é o trabalho do profissional de inteligência competitiva.

Por que esse é o único caminho para o sucesso?
Quem não enxergar o que acontece no ambiente externo – onde estão o mercado, o consumo, os clientes, os consumidores e os concorrentes – coloca a empresa em risco. Isso pode representar menor número de vendas, menos mercado e, em curto prazo, o final de uma empresa que levou anos para ser desenvolvida. Inteligência competitiva é estratégia, é levar alternativas para tomadas de decisão com menores riscos para uma organização. Por isso, classifico como o único caminho para o sucesso.

Essa inteligência tem maior relação com a cultura organizacional ou é mais um método a ser implantado para os colaboradores?
Inteligência competitiva tem toda relação com a direção que os gestores devem apontar para o seu negócio. Se os gestores não conhecem os consumidores, os clientes, a concorrência, pouco vai adiantar ter uma cultura organizacional repleta de valores centenários que não se modificam e não se modernizam. Atualmente, empresas não ficam mais no mercado se não mostrarem soluções para seus clientes e consumidores, sendo responsáveis, éticas e com compromissos com o meio ambiente.

Quanto à gestão de pessoas da empresa, ela é afetada pela inteligência competitiva?
Muito, pois um direcionamento errado pode levar a empresa a perder vendas, em seguida perder mercado e em alguns casos até a falir. Muitos empresários insistem em jogar a culpa no governo ou na economia, mas não fazem as tarefas que devem fazer nas suas empresas. Não adianta buscar soluções mágicas no “Vale do Silício”, nos EUA, se não fizeram o básico na empresa no Brasil. Ou seja, tratam mal os colaboradores e esperam que os funcionários passem a dar sugestões de melhoria na empresa do dia para noite.

Como os gestores de RH podem utilizar esse método para incrementarem a relação com os colaboradores?
A partir do entendimento de como se movimentam clientes, consumidores e se apresentam as tendências dos negócios, os profissionais de RH podem preparar melhor os colaboradores das suas empresas. Agora, por exemplo, é hora, mais do que nunca, de preparar os colaboradores para a “Revolução Tecnológica”, que já está em curso há alguns anos nos países desenvolvidos. A chamada “Quarta Revolução Industrial”, “Indústria 4.0”, a união dos robôs, sensores, transformações de materiais, tecnologia da informação e comunicação estão gerando novas formas de consumir produtos e serviços. Exemplos não faltam. Vide as empresas Uber, Airbnb, Amazon, entre outras.

A vantagem vai além de acompanhar a movimentação dos concorrentes?
Sem dúvida alguma, acompanhar os concorrentes é apenas uma das partes do monitoramento que um profissional de inteligência competitiva costuma realizar em sua rotina. Além disso, acompanha os movimentos das empresas que podem passar a competir vindas do exterior ou de outro estado. Também é estudada a relação entre os compradores e os fornecedores, para se avaliar o poder de barganha, além da avaliação de produtos e serviços que podem substituir o produto ou serviço de sua empresa. Atualmente, a competição não está mais na esquina. Ela pode estar, por exemplo, em uma cidade do interior da China, e esse produto pode levar algumas horas para chegar a um comprador no Brasil, por um preço menor que o mesmo produto fabricado no país. E se alguém tem alguma dúvida ainda sobre o poder dos chineses, basta lembrar que a China já detém 33% do mercado global de produtos têxteis e confecções.

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