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Liderança colaborativa

de Lucélia Souza Carlos em 27 de março de 2020

É neste momento que os propósitos da humanização são colocados em prática

Muito se fala, se explica, se teoriza sobre liderança. Nos últimos 20 anos, pelo menos, o líder já teve sua posição colocada em xeque, por diversas vezes. E também ganhou pompa e destaque como no início dos 2000, quando tudo começava e terminava pelo líder.

Só que muita coisa mudou, e mudou mesmo. Não é preciso detalhar nos pormenores, afinal está mais do que escancarado: o trabalho mudou, as relações mudaram, profissões deixaram de existir, outras passarão a não existir nos próximos anos, os ambientes de trabalho viraram teletrabalho. Mas e o líder, onde é que fica na miscelânea toda?

Estamos falando ininterruptamente de humanização. Em lideranças humanizadas. Na gestão humanizada. Só que isso de fato irá acontecer, quando as lideranças que estão atuando nas organizações, entenderem que antes de ser humano, eu preciso me colocar à disposição, ser colaborativo. E como se faz isso? Ou melhor, como desenvolver essas características?

  • O líder colaborativo pensa primeiramente no ambiente. Seu primeiro desafio é criar um ambiente participativo, em que as pessoas sintam-se engajadas e desafiadas, pois desta forma, ele descentraliza o poder, as pessoas trabalham em rede e consequentemente conseguem ampliar sua competência de visão sistêmica para com o negócio.
  • É fundamental e de extrema relevância que se conheça todos os liderados, ou melhor, seus colegas. Como o líder vai auxiliar um colaborador, se ele não tem conhecimento sobre aquela pessoa? Um dos princípios da colaboração, é que os líderes tenham atenção plena voltada para as pessoas, e não mais para processos.
  • Outro ponto importante é a escuta ativa. O líder prioriza a comunicação, e ela é uma via de mão dupla. O feedback torna-se uma ferramenta de desenvolvimento usada não apenas em questões esporádicas, como em avaliações de desempenho, por exemplo. Mas sim, nas demandas diárias. Os liderados também o utilizam sem receios, para trazerem suas percepções acerca de tudo que engloba o desenvolvimento daquele líder. Não há entrelinhas, tudo envolve transparência e maturidade de ambas as partes.
  • Ainda na comunicação: o discurso não diverge da prática. Líderes colaborativos tem uma comunicação transparente que infunde confiança, credibilidade, segurança e com isso, auxilia no alcance dos resultados organizacionais.
  • A empatia faz parte da essência da colaboração. Se eu olho para uma pessoa e não enxergo o todo, e sim, apenas o profissional, estou cometendo um erro grotesco, daqueles que fazíamos lá nos anos 2000, quando se dizia: “ao entrar na empresa, deixa a mochila com os problemas na porta, e só volte a pegá-la, quando bater o ponto para ir embora”. Não somos vários personagens, mas um só ser. Isso caiu por terra. E as lideranças que conseguem diferenciar empatia, de paternalismo, estão revolucionando as relações organizacionais. Porquê quando alguém é visto como um ser humano e não um número, ou uma matrícula, a pessoa constata propósito, significado. E a partir daí, ela passa a vestir a camisa. Esse jargão corporativo lá da década de 90, esse sim, ainda cabe bem, se utilizado com perspicácia!
  • Foco no resultado: Exímio estrategista, contudo para elabora-la, precisa ouvir opiniões, fazer brainstormings, desenvolver soluções a muitas mãos. Quantos mais ideias, melhor. Contando que o foco e meta sejam alcançados.  

A gestão humanizada preza pelo cuidado com as subjetividades de cada indivíduo. A ideia é proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável, com maior flexibilidade e em que o colaborador tenha mais suporte emocional. O líder colaborativo nasce desta premissa, deste propósito.

Para desenvolver lideranças com as competências listadas acima, é preciso olhar primeiramente para o cenário de fundo de toda e qualquer organização: a cultura. Se a cultura organizacional não permitir tamanha reconfiguração ou mudanças de paradigmas, não será possível desenvolver líderes que tenham uma mentalidade voltada para a colaboração.

As constantes transformações e incertezas que abalam o mundo necessitam de líderes que atuem em prol de pessoas e para pessoas.

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Lucélia Souza Carlos

Lucélia Souza Carlos é Especialista em Gestão de Pessoas, MBA Executivo Gestão Empresarial, Docente - Coach e Mentora de Carreira - e Consultora da Organizzare Desenvolvimento Integrado de Pessoas.