Gestão

Professora de Psicologia fala sobre assédio no trabalho

de Redação em 5 de agosto de 2019
Crédito: Shutterstock

De acordo com pesquisa realizada pelo site Vagas.com, 52% da população brasileira afirma ter sido vítima de assédio sexual ou moral em seu local de trabalho. Mais de 4.900 profissionais foram ouvidos e entre quem não passou por alguma situação vexatória, 34% já, ao menos, presenciou algum tipo de assédio ou abuso.

Segundo dados do Ministério Público do Trabalho, foram registradas no Brasil 29.179 denúncias de assédio moral nos últimos 5 anos. Além disso, o MPT ajuizou no mesmo período mais de 800 ações e firmou aproximadamente três mil termos de ajustamento de conduta.

Estes foram os dados que colaboraram para a argumentação do Projeto de Lei aprovado pela Câmara de Deputados, em março deste ano, que qualifica como delito o assédio moral no ambiente de trabalho.

Leia também:

Assédio: tenha voz e denuncie

Crédito: Shutterstock

Ainda de acordo com os dados levantados pela pesquisa do Vagas, entre os 52% assediados, 47,3% foram morais, sendo que 48,1% dos assediados foram homens contra 51,9% mulheres, enquanto que 9,7% assédios sexuais divididos em 20,1% dos assediados eram homens e 79,9% mulheres. Contudo, o dado mais alarmante da pesquisa aponta que apenas 12,5% denunciaram os abusos por medo de perder o emprego, medo de sofrer alguma represália, por vergonha ou mesmo por medo de ser responsabilizado.

De acordo com a professora Pricila Gunutzmann, docente do curso de Psicologia da Universidade Anhembi Morumbi, embora as situações de assédio tenham sido cada vez mais combatidas, infelizmente algumas empresas ainda possuem estes aspectos em sua cultura organizacional: “Em situações de assédio o profissional de psicologia, que atua em ambientes corporativos deve acolher o assediado, além de garantir sigilo. Feito isso, ele deve instruir o mesmo sobre como funciona o processo legal para a denúncia. Na empresa, o psicólogo deve enfatizar à gestão que esses casos precisam ser esclarecidos e punidos, para que qualquer ‘cultura de assédio’ seja eliminada”.

A especialista destaca também que parte importante do processo é que o psicólogo organizacional sugira trabalhos de sensibilização ao tema como rodas de conversa e workshops com o intuito de promover um ambiente mais amistoso. “Para que os assediados denunciem estas situações é importante que a área de gestão de pessoas da empresa seja vista como acolhedora e parceira”. Ela destaca ainda que o investimento em um canal de denúncias anônimas assegura maior confiança no colaborador na hora de buscar auxilio.

Contudo, infelizmente, a pesquisa aponta que cerca de 74,6% dos profissionais que denunciaram abuso disseram que o assediador permaneceu na empresa, um dado que valida o argumento de que essa cultura é uma verdade em algumas organizações. Ainda assim, esta realidade assegura a importância do trabalho do profissional de psicologia dentro de uma corporação, para promover ações essenciais para relações de trabalho sem assédio, além de reforçar a importância da denúncia de casos de abuso como uma forma de inibir novas incidências.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail